ESTUDO DE CATALISADORES Co/SiO2 POR TERMODESSORÇÃO PROGRAMADA DE H2: EFEITO DA INTERAÇÃO Co/SiO2
Edson. L. Rodrigues (PG), José M. C. Bueno (PQ)
DEQ - Universidade Federal de São Carlos
Palavras-Chave: catalisadores de cobalto, termodessorção programada de H2
Catalisadores à base de cobalto encontram larga aplicação industrial nos processos de hidrogenação seletiva, de hidrotratamento, e nas sínteses de Fischer-Tropsch. Devido a sua grande utilização, vários estudos têm sido direcionados para compreensão da interação entre o metal e o suporte em catalisadores de cobalto suportados em sílica e alumina.
Têm-se mostrado que o método de preparação bem como o precursor afetam a dispersão e a redutibilidade do cobalto suportado [1]. A interação metal-suporte pode também influenciar as propriedades do material catalítico ativo. O suporte pode influenciar na atividade intrínseca da hidrogenação do CO [1] e nas propriedades de adsorção de hidrogênio [2] de catalisadores de cobalto. Os estudos Bartholomew et al. [2] sugeriram que o aumento do grau de interação metal-suporte e o decréscimo do teor metálico diminuem a energia de ativação para a adsorção dissociativa de H2 sobre Co. Em oposição a estes resultados, Backman et al. [3] sugerem que o aumento da capacidade de adsorção de H2 em catalisadores de cobalto esta correlacionada com o aumento da dispersão.
Com o objetivo de estudar a influência da interação metal-suporte na estrutura superficial dos catalisadores de cobalto, duas séries de catalisadores foram preparadas por impregnação, empregando a sílica Aerosil-200 como suporte. Uma série de catalisadores de Co foi preparada com solução aquosa de Co(NO3)2 e seca a 100 °C por 48 h. Esta série de catalisador foi chamada XCoSi-BI, onde X é o teor de Co em % peso. A outra série de catalisadores de Co foi obtida a partir de solução de Co(NO3)2 em etanol e seca a temperatura ambiente. Esta série foi denominada XCoSi-AI. Os precursores das amostras da série XCoSI-BI foram aquecidos em ar a 200 °C por 4h e as amostras XCoSi-AI a 440 °C por 1h. As amostras foram caracterizadas por difração de raios-X (DRX), redução à temperatura programada (TPR) e por termodessorção programada de H2 (TPD-H2).
Antes das análises de TPD-H2, as amostras oxidas foram reduzidas a 480 °C por 2h em fluxo de H2 e, resfriadas em H2 a -30°C. Este procedimento para adsorção de hidrogênio sobre o cobalto, proposto por Amelse e colaboradores [em 3], tem a vantagem de assegurar a máxima adsorção sem prévios estudos de medidas de adorsão de hidrogênio versus temperatura. Todas as análises de dessorção foram conduzidas a 10 °C/min, usando um fluxo de 30 ml/min de argônio.
Os perfis de TPR mostraram diferentes espécies de CoOx presentes dependendo do teor de Co e das condições de preparo das amostras. Estas espécies podem ser diferenciadas em duas regiões de acordo com a sua temperatura de redução: região (a) para T <500°C; região (b) para T >550°C.
Para as amostras XCoSi-BI, as espécies predominantes correspondem a região (a). Observou-se dois picos com máximos a 300 °C e 360 °C, característicos da redução da fase Co3O4 [4] e, um ombro a 430 °C, atribuído a espécies Co3+ tendo uma intermediária interação com a sílica [5]. A razão entre a área deste pico e a área dos picos a 300 °C e 360 °C aumentou com o decréscimo do teor de Co (tabela 1). Pequenos picos, observados na região (b), foram característicos de espécies fortemente interagidas com a sílica e podem ser atribuídas a redução de espécies tipo hidroxilicatos de cobalto [2]. As amostras XCOSi-AI com baixo teor de Co foram constituídas principalmente por espécies CoOx pertencentes à região (b). Por outro lado, as espécies presentes na amostra 35CoSi-AI foram reduzidas a T<550 °C.
Os perfis de TPD-H2 mostraram picos a 50 °C, 95 °C, 120-160°C e 160-300°C. Estas diferentes espécies de H-Co foram denominadas a, b, g e s, respectivamente. Este resultado sugere que pelo menos quatro diferentes tipos de sítios estão presentes na superfície do Co. As áreas relativa destes picos foram determinadas por de-convolução Gaussiana (tabela 1).
A espécie de hidrogênio chamada s não foi observada na amostra 13CoSi-AI e 8CoSi-BI. Entretanto, a concentração dos sítios s aumentou com o aumento do teor de Co e, consequentemente, com o decréscimo da interação CoOx/SiO2 no precursor oxidado (tabela 1).
Tabela 1. Resultados das análises de TPR e TPD-H2
Amostra |
Co3+/ |
H/Co*102 |
Espécies de hidrogênio (%) |
|||||
|
Co3O4 |
|
a |
b |
g |
s |
a/(g+s) |
b/(g+s) |
8CoSi-BI |
0,70 |
8.8 |
56.4 |
34.2 |
9.4 |
0 |
6.00 |
3.64 |
14CoSi-BI |
0,84 |
8.2 |
31.0 |
41.3 |
10.8 |
16.9 |
1.12 |
1.49 |
25CoSi-BI |
0,47 |
8.9 |
38.8 |
22.7 |
18.4 |
20.1 |
1.01 |
0.59 |
13CoSi-AI |
1,68 |
4.0 |
29.3 |
60.6 |
10.1 |
0 |
2.90 |
6.00 |
35CoSi-AI |
0,24 |
4.6 |
55.7 |
19.7 |
10.3 |
14.3 |
2.26 |
0.80 |
Aceitável correlação linear foi encontrada entre b/(g+s) e o teor de Co, considerando cada série de amostras independentemente. A partir desta correlação, encontrou-se um domínio da geração dos sítios b opondo-se a geração dos sítios g e s com o decréscimo do teor de cobalto e com o aumento da interação entre as espécies de cobalto e a sílica. Nenhuma correlação foi encontrada entre a concentração dos sítios a e o teor de Co ou com as diferentes espécies CoOx.
É válido notar que a razão b/(g+s) variou, para cada série de amostras, com o teor de cobalto de maneira similar ao encontrado para a razão das espécies Co3+/Co3O4 (tabela 1). Assim, as espécies Co3+ tendo uma intermediária interação com a sílica poderiam ser responsáveis pela geração de superfícies de Co na qual sítios b são favorecidos em relação aos sítios g e s.
Referências
Reuel, C.R. and Bartholomew, C.H., J. Catal., 85 (1984) 78.
Zowtiak, J.M. and Bartholomew, C.H., J. Catal., 83 (1983) 107.
Backman, L.B.; Lindblad, M.; Krause, A.O.I., Appl.Catal., 191 (2000) 55.
Sexton, A.; Hughes; A. E.; Turney, T. W., J. Catal., 97 (1986) 390.
(FAPESP)