DETERMINAÇÃO DE PARACETAMOL (ACETAMINOFENO) EM PRODUTOS FARMACÊTICOS EMPREGANDO UM BIOSSENSOR DE EXTRATO BRUTO DE ABOBRINHA (Cucurbita pepo)
Departamento de Química, Universidade Federal de São Carlos,
Luiz Antonio Ramos (IC)
Universidade Estadual Paulista Instituto de Química de Araraquara
palavras-chave: paracetamol, biossensor, peroxidase
Introdução. A peroxidase1 é uma enzima encontrada em plantas e animais superiores. Entretanto a forma mais conhecida pelos enzimologistas é a peroxidase de raiz forte (horseradish), devido a seu amplo emprego como enzima indicadora em espectrofotometria e imunoanálises. Todas as peroxidases reagem com o peróxido de hidrogênio como aceptores de elétrons, oxidando um grande número de compostos doadores de prótons.
Analgésicos2 são fármacos que mediante ação sobre o sistema nervoso central, aliviam a dor sem causar perda de consciência, sendo classificados em fortes (narcóticos e não narcóticos) e suaves (hipnoanalgésicos).
Paracetamol (acetaminofeno) é um analgésico-antipirético derivado do p-aminofenol, destinado a substituir a acetanilida.
Objetivo. Construção de um biossensor de pasta de carbono modificado com extrato bruto de abobrinha (Cucurbita pepo) como fonte de peroxidase para determinação de paracetamol em amostras farmacêuticas.
Metodologia. Para construção do biossensor contendo grafite/Nujol/extrato bruto, inicialmente homogeneizou-se em um almofariz com pistilo 0,225 g de pó de grafite e 154 mL de extrato bruto de abobrinha (1297,7 U/mg) durante 20 min. Em seguida foram adicionados 0,075 g de Nujol e a mistura foi homogeneizada por mais 20 min. O biossensor (eletrodo de trabalho) foi construído utilizando-se uma seringa para insulina de 1 mL. Todas as medidas ciclovoltamétricas foram realizadas a 25o C utilizando-se um Potenciostato/Galvanostato da EG&G-PAR modelo 173 e um registrador universal modelo 175, com um eletrodo de Ag/AgCl como eletrodo de referência e um eletrodo de platina como contra-eletrodo
Resultados. O biossensor proposto foi construído a partir de 75/25 % (m/m) de grafite:Nujol e 200 U mg-1 de peroxidase. A escolha da melhor composição do biossensor foi baseada em estudos realizados anteriormente pelo nosso grupo3,4.
Inicialmente, investigou-se o efeito do pH no intervalo de 5,0 a 7,5, da concentração de peróxido de hidrogênio de 2,0 x 10-4 a 4,0 x 10-3 mol L-1 e da velocidade de varredura de 20 a 200 mV s-1 sobre o sinal analítico. O melhor desempenho (maior relação sinal/ruído) foi observado utilizando-se tampão fosfato pH 6,0, peróxido de hidrogênio 1,0 x 10-3 mol L-1 e velocidade de varredura de 200 mV s-1. A curva analítica apresentou uma linearidade no intervalo de concentração de paracetamol de 1,88 x 10-2 a 3,39 x 10-1 mg mL-1, limite de detecção de 8,0 x 10-3 mg mL-1 e Epc de 0,10 V (redução eletroquímica do N-acetil-p-benzoquinonaimina a paracetamol). O estudo de adição e recuperação em amostras contendo paracetamol em produtos farmacêuticos variou de 97,4 a 104,2 % e o tempo de vida do biossensor foi superior a 4 meses (mais de 500 determinações). A Tabela 1 apresenta os resultados obtidos utilizando o procedimento proposto e o procedimento padrão recomendado pela Farmacopéia Brasileira5.
Tabela 1. Determinação de paracetamol em preparações farmacêuticas usando o método espectrofotométrico padrão e o biossensor contendo grafite/Nujol/extrato bruto de abobrinha.
|
Paracetamol (mg mL-1) |
Erro Relativo(%) |
CV (%) |
|||
Amostra |
Rotulado |
Espectrofot. |
Biossensor |
E1 |
E2 |
|
Resfenol |
100,0 |
100,1±0,5 |
108,5±1,2 |
+8,5 |
+8,4 |
1,1 |
Resprin |
200,0 |
201,1±0,8 |
208,4±0,3 |
+4,0 |
+3,5 |
0,2 |
Tylenol |
200,0 |
199,7±0,1 |
204,1±1,6 |
+2,0 |
+2,2 |
3,5 |
Vick Pyrena |
500,0 |
500,1±0,3 |
505,5±0,4 |
+1,1 |
+1,1 |
2,5 |
n = 5, nível de confiança 95 %; E1 = erro relativo entre o biossensor e o valor rotulado; E2 = erro relativo entre o biossensor e espectrofotométrico.
Conclusões. Os estudos realizados neste trabalho evidenciaram a viabilidade do emprego do biossensor desenvolvido para determinação de paracetamol em formulações farmacêuticas, pois mostrou-se ser prático, exato, preciso, estável e de baixo custo podendo ser empregado em análises de rotina desse analito.
Bibliografia
1. Hammer, F.E.; Enzymes in food processing, 3rd ed., Academic Press, Inc. 1993, p. 221-230.
2. Korolkovas, A.; Burckhalter, J.H.; Química Farmacêutica; 1a ed.; Guanabara Dois, Rio de Janeiro, R.J. 1982, p. 191-193.
3. Vieira, I.C.; Fatibello Filho, O. ; Angnes, L., Anal. Chim. Acta, 1999, 398, 145.
4. Lupetti, K. O.; Vieira, I.C.; Fatibello Filho, O., 10o ENQA, Santa Maria/RS 31/08 a 03/09/99.
5. Farmacopéia Brasileira, 3a ed., Organizações Andrei Editora S. A., São Paulo, 1977, p. 694-696.
Agradecimentos: FAPESP; CNPq e CAPES.