DETECÇÃO DE ALCALÓIDES EM CELASTRACEAS POR ESPECTROMETRIA DE MASSAS


Fabio A. P. Barros (IC)1; Edson Rodrigues Filho (PQ*)1 e Julio Antônio

Lombardi (PQ)2

1Departamento de Química - Universidade Federal de São Carlos, CP 676, São Carlos, S.P. - Brazil. edson@dq.ufscar.br, fbarros@lig.dq.ufcar.br

2Instituto de Ciências Biológicas - Universidade Federal de Minas Gerais


Palavras-chave: Celastraceae, Hippocrateaceae; Alcalóides Sequiterpenos Piridinicos; Espectrometria de Massas.


Introdução:

Os Alcalóides Sesquiterpeno Piridínicos (ASPs) são macrolactonas derivadas do esqueleto sesquiterpeno dihidro-ß-agarofurano esterificadas pelos ácidos dicarboxílicos wilfórdico e evonínico nas hidroxilas localizadas nos carbonos C-3 e C-151. Estes compostos têm apresentado muitas atividades biológicas, incluindo atividades citotóxica e inseticida. Embora os ASPs tenham sido isolados de plantas pertencentes a família das Celastraceas, recentemente estes alcalóides também foram isolados de três plantas da família das Hippocrateacea, Hippocratea excelsa2 , Peritassa campestris1 e Peritassa compta3. Estes aspectos químicos reforçam a recente classificação botânica destas duas famílias em uma única família, que recebeu o nome de Celastraceas4.

Os ASPs são difíceis de serem isolados e identificados dos extratos das plantas devido a similaridade de suas estruturas. Freqüentemente ocorrem isômeros com variações d posição dos grupos benzoil e acetil; e dependo se a macrolactona é formado pelo ácido wifórdico ou o evonínico. Estas substâncias têm sido isoladas por extensivos procedimentos fitoquímicos envolvendo colunas cromatográficas, HPLC, DCCC e identificados por RMN e Raio-X. Recentemente nós desenvolvemos uma metodologia para a identificação desses alcalóides por espectrometria de massas, sem a necessidade de isolamento4. No presente trabalho, estamos comunicando uma aplicação dessa metodologia na investigação de espécies de Celastraceae.

  1. Objetivos:

Esse trabalho visa a aplicação de técnicas de espectrometria de massas (ESI-MSMS) para a detecção e identificação dos Alcalóides Sesquiterpenos Piridínicos em extratos pré-fracionados de Anthodon decussatum, Hippocratea volubilis, Tontelea miersii, Tontelea ovalifolia e Pristimera nervosa.

  1. Métodos:

As raízes das plantas foram utilizadas como material de estudo. Estas foram secas em estufa, por 24 Hs a uma temperatura de 400 , e trituradas.

Ao material triturado foi adicionado uma mistura de solventes (CH2Cl2 + MeOH [85:15]) e submetidos a agitação por ultrassom por 20 min. Os extratos foram filtrados e concentrados em rota-evaporador. Uma pequena parte do extrato foi fracionado em coluna cromatográfica, utilizando Florisil como fase estacionária e solventes orgânicos com um gradiente crescente de polaridade como fase móvel.

As frações eluidas com CH2Cl2 + MeOH [9:1] foram analisadas por ESI–MS/MS utilizando equipamento triplo quadrupolo QuattroLC equipado com fonte “Z–Spray” da Micromass.

  1. Resultados:

Os espectros obtidos para os ASPs são muito informativos. Foram detectados os íons de massas m/z 178 e m/z 206 que são característicos dos ácidos wilfórdico e evonínico e, estes podem ser diferenciados pela intensidade do íon de massa m/z 93. O espectro mostrado na Figura 1 representa a análise de íons país ("parent ions") dos ions detectados a m/z 206.


B










A









Figura 1. Espectro de "íons pais" do íon m/z 206 obtidos para A. Decussatum (A) e H. Volubilis (B). O alcaloóide principal detectado (m/z 868) foi identificado como wilforina.

  1. Conclusões:

O método de análise mostrou-se bastante eficaz para a detecção e identificação dos ASPs. Como os espectros se apresentam bastante informativos e com boa reprodutíbilidade, esta metodologia mostrou-se útil na quimiossistemática ajudando os botânicos na classificação das espécies de Hippocrateacea e, também do ponto de vista químico já que estes alcalóides apresentam alta atividade biológica.

  1. Bibliografia:

  1. Lião, Luciano M.; Caracelli, I.; Zukerman-Schpector, Julio; da Silva, M.F.G.F., Rodrigues Fo, E., Fernandes, J.B. and Vieira, P.C. Anais Assoc. Bras. Quím.,. 1996, 46(3), 184-188.

  2. Mata, R., Calzada, F., Díaz, E. and Toscanao, R.. J. Nat. Prod.,1990, 53(5), 1212-1219.

  3. Heywood, V.H. – Flowering Plants of the World. New York: Oxford University Press, 1993.

  4. Rodrigues-Fo, E., Barros, F. A. P.; Fernandes, J. B.; Silva, M. F. das G. F.; Vieira, P. C.. Submetido para publicação em Phytochemical Analysis –000-, 2000.

CNPq/FAPESP/FINEP

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