ESTUDO CONFORMACIONAL DE ALGUNS ALFA-SULFONIL MALONATOS UTILIZANDO MÉTODO EMPÍRICO E SEMI-EMPÍRICO
Elaine Henriques Teixeira Pereira (PG), Claudio Luis Donnici (PQ) e
Júlio César Dias Lopes (PQ)
Departamento de Química - Instituto de Ciências Exatas
Universidade Federal de Minas Gerais
Palavras-Chaves: sulfonil-malonatos, isomeria conformacional, MONTE CARLO
I - Introdução
Estudos da reatividade de alguns alfa-sulfonil malonatos de dietila RC(CO2Et)2SO2Me (R=Me, I; R=C6H5 , II; R=C6H5CH2, III) frente à DABCO (1,4-diaza-biciclo [2.2.2] octano) mostram que o derivado metílico I sofre descarbetoxilação usual (h=69%), o fenílico II leva à inédita dessulfonilação (h=79%) e o derivado benzílico III conduz à mistura dos produtos descarbetoxilado (h=44%) e dessulfonilado (h=41%) correspondentes.
Estudou-se também o equilíbrio conformacional destes compostos, por mecânica molecular, utilizando o programa MM2UEC e também foram realizados cálculos semi-empíricos utilizando-se o programa MOPAC 7.0
Estes dados sugerem que o fator estérico é realmente um fator importante na reatividade de alfa-metil-sulfonil-malonatos a frente à DABCO.
II - OBJETIVOS E METODOLOGIA
Com o intuito de aprofundar este estudo, estamos realizando o estudo do equilíbrio conformacional utilizando o programa MACROMODEL utilizando a metodologia MONTE CARLO para os derivados I, II, III e também para outros derivados alfa-sulfonil malonatos RC(CO2R1)2SO2R2 (R= R2=Me, R1=C6H5, IV; R= R2=C6H5 , R1= Me, V; R=t-Bu, R1= Et, R2=Me VI). A utilização do programa MACROMODEL deve-se à possibilidade de podermos analisar todos os ângulos diedros de interesse ao mesmo tempo e não de dois a dois como era realizado com o programa MM2UEC.
Cálculos semi-empíricos foram também realizados para sabermos se efeitos eletrônicos também exercem alguma influência sobre a reatividade dos malonatos estudados frente à DABCO. Neste estudo utilizou-se o programa MOPAC 7.0 (método PM3) para o cálculo populações relativas dos confôrmeros, bem como do potencial eletrostático molecular dos compostos estudados.
Os cálculos foram efetuados a partir das estruturas obtidas anteriormente com o programa MACROMODEL. O cálculo foi realizado com otimização de todos os parâmetros.
III - rESULTADOS E CONCLUSÕES
A comparação entre o programa MACROMODEL e MM2UEC mostra que o número de conformações (com população relativa maior que 1% e à 383K) obtidas pelo MACROMODEL é menor que pelo MM2UEC. No entanto o programa MACROMODEL obtém uma conformação diferente para o derivado I, quatro para o derivado II e três para o derivado III.
O estudo do equilíbrio conformacional destes compostos, por mecânica molecular, utilizando o programa MACROMODEL, levou às seguintes conformações preferenciais (com população relativa maior que 1% e à 383K). O derivado metílico I apresentou quatro conformações, o derivado fenílico II seis, o derivado benzílico III sete, o derivado malonato de difenila IV doze, o derivado fenil fenil sulfonil V treze e o derivado terc-butil VI apresentou cinco conformações preferenciais.
A análise destas conformações leva às seguintes generalizações: Para os derivados I, IV e V têm-se os grupos carbetóxi bastante disponíveis, ocorrendo então a descarbetoxilação, o caminho usual deste tipo de reação. Para os derivados II e VI os grupos carbetoxila estão estericamente impedidos, uma vez que os grupos fenila e t-Bu posicionam-se perpendicular ou sobre estes (respectivamente), favorecendo a dessulfonilação. Cabe ressaltar que a reatividade do derivado VI encontra-se sob investigação. Já no caso do derivado III o substituinte benzila posiciona-se ora sobre o grupo metil-sulfonila e sobre uma das carbonilas do grupo carbetóxi, ora ocorre uma aproximação entre o substituinte benzila e os dois grupos carbetóxi. Desta forma tem-se ou uma das carbonilas disponível para o ataque nucleofílico da DABCO, ocorrendo descarbetoxilação parcial, ou têm-se o grupo metil-sulfonila disponível ao ataque nucleofílico da DABCO ocorrendo parcial dessulfonilação.
A análise das conformações obtidas, através do programa MACROMODEL e do programa MOPAC, para os derivados I, II e III, IV, V e VI mostra que ocorreram algumas alterações na estabilidade relativa das conformações. Ao mesmo tempo observou-se alterações nos valores dos ângulos diedros o que em alguns casos levou a uma nova conformação. Porém esta nova conformação é igual a uma outra já existente.
A comparação do potencial eletrostático molecular sobre os dois grupos CO2Et e o grupo -SO2Me, mostra que o último apresenta uma maior densidade de carga positiva. Apesar do ataque nucleofílico da DABCO ocorrer preferencialmente no grupo carbetoxila. Isto decorre do fato do carbono carbonílico possuir uma geometria sp2, enquanto o enxofre do grupo metil-sulfonila possui uma geometria sp3, dificultando o ataque da DABCO. Este comportamento pode ser observado na reatividade usual do composto I, IV e V. No derivado II e VI o impedimento estérico sobre os grupos carbetoxila pela proximidade do grupo R, aliado a uma maior densidade de carga positiva no grupo -SO2Me favorece o ataque nucleofílico sobre este grupo. Finalmente, no derivado benzílico III, o substituinte posiciona-se sobre o grupo metil-sulfonil e sobre uma das carbonilas do grupo carbetoxila, ou sobre os dois grupos carbetoxila. Assim a maior densidade de carga positiva no grupo metil-sulfonil, somada a um relativo impedimento estérico nas carbonilas, leva à concomitante dessulfonilação e descarbetoxilação.
Estes resultados sugerem que o fator estérico é determinante na regiosseletividade do ataque nucleofílico da DABCO.
APOIO: CNPq, FAPEMIG, FINEP