IDENTIFICAÇÃO E SÍNTESE DOS FEROMÔNIOS DE ALARME DE Piezodorus guildinii (HETEROPTERA: PENTATOMIDAE)


Paulo Henrique Gorgatti Zarbin* (PQ)1, Alcindo Aparecido dos Santos (PG)1, Miguel Borges (PQ) 2, Alfredo Ricardo Marques de Oliveira (PQ)1, Fábio Simonelli (PQ)1 e Francisco de Assis Marques (PQ)1


1 Departamento de Química - UFPR, Cx.P. 19081 - CEP 81531-990, Curitiba - PR email: pzarbin@quimica.ufpr.br 2 Embrapa, Cenargen, ACB, Cx.P. 02372 - CEP 70849-970, Brasília - DF


Palavras-chave: feromônio, Piezodorus guildinii, (E)-4-oxo-2-hexenal



Introdução: Piezodorus guildinii é um dos membros do complexo de percevejos considerados pragas da soja de grande importância econômica para o Brasil. Em nossos estudos relacionados à Ecologia Química destes pentatomídeos, nós descrevemos recentemente a identificação1, síntese2,3 e atratividade em olfatômetro2 e campo4 dos feromônios sexuais desta espécie. Experimentos de campo estão sendo atualmente realizados para se determinar a viabilidade de emprego destes compostos para um manejo integrado desta praga.

Uma característica bastante importante desta família de insetos é o fato de que quando molestados, usualmente emitem feromônios de alarme / defensivos químicos através de suas glândulas metatorácicas. Este comportamento intrigante tem levado a identificação de vários destes compostos de defesa emitidos por diferentes espécies de heteropteras.

Objetivos: O principal objetivo do presente trabalho foi determinar a composição química da glândula metatorácica (MTG) de P. guildinii e identificar quais compostos são responsáveis pelo comportamento de dispersão entre os membros da espécie.


Fig.1 : Perfil cromatográfico do extrato obtido em hexano da MTG dos machos de P. guildinii.

Resultados e Discussão: O cromatograma obtido pela análise do extrato hexânico das MTG de machos e fêmeas de P. guildinii revelou sete picos cujas estruturas puderam ser identificadas, três deles em maior proporção (figura 1).

Através de comparação do espectro de massas destes produtos naturais com aqueles listados pela biblioteca do espectômetro, tentamos identificar os picos 1, 3-7 como sendo; (E)-2-hexenal, (E)-2-octenal, n-undecano, n-dodecano, n-tridec-1-ene e n-tridecano, respectivamente . Esta identificação foi confirmada através de co-injeções empregando-se padrões comerciais. O EM-IE do compostos 2 apresentou um pico base m/z 83 e íon molecular M+ 112 (11%). Esta mesmas características espectrais foram descritas para o (E)-4-oxo-2-hexenal, um composto emitido pelas ninfas de Euschistus heros5, um percevejo pertencente a mesma família. Com isso, a síntese deste composto foi realizada, de acordo com o esquema 1, para empregá-lo como padrão sintético.



Esq.1: Síntese do (E)-4-oxo-2-hexenal (2)



Partindo-se do 1,4-butenodiol (8), o composto (2) foi obtido em cinco etapas e bom rendimento e se mostrou idêntico no que se refere a tempo de retenção e fragmentações no espectro de massas, ao produto natural. Com isso, a composição química da MTG de P. guidinii foi determinada como sendo uma mistura dos compostos abaixo (figura 2).


Fig. 2: Composição química das MTG de machos e fêmeas de P. guidinii


Conclusões: Os compostos 4-7 são típicos hidrocarbonetos cuticulares e não devem apresentar atividades. O composto 3 está presente em pequena quantidade para ser um componente importante em um sistema defensivo. Desta forma, os compostos 1 e 2, já descritos previamente5, estão provavelmente envolvidos na atividade biológica. Estudos em campo estão sendo atualmente desenvolvidos para verificar a exata função destes compostos na ecologia química desta espécie.


  1. Borges, M.; Zarbin, P.H.G.; Ferreira, J.T.B.; da Costa, M.L.M. J.Chem.Ecol., 25, 629, 1999

  2. Zarbin, P.H.G.; Reckziegel, A.; Borges, M.; Francke, W. J.Chem.Ecol., submetido para publicação

  3. Zarbin, P.H.G.; Reckziegel, A. Experientia, submetido para publicação

  4. Borges, M.; Mori, K.; Zarbin, P.H.G.; Ferreira, J.T.B. Physiol.Entomol., 23, 202, 1998.

  5. Borges, M.; Aldrich, J.R. Experientia, 48, 893, 1992.


IFS (grant to PHGZ), CNPq, Plantações E. Michelin, UFPR