ESTUDO DE EXCREÇÃO DA OXANDROLONA EM URINA HUMANA POR CG-EM E CG-EM-EM-IT
Carla Rodrigues Cardoso(PG)1, Carlos Henrique Brasil Bizarri(PG)1, Marlice A. Sípoli Marques(PQ),2 & Francisco Radler de Aquino Neto(PQ)1
1LADETEC-Departamento de Química Orgânica-Instituto de Química-UFRJ.
2LADETEC-Departamento de Química Analítica-Instituto de Química-UFRJ.
ladetec@iq.ufrj.br
palavras-chave: oxandrolona; CG-EM; CG-EM-EM-IT
A oxandrolona (17a-metil-17b-hidroxi-2-oxa-5a-androsteno-3-ona) (1) é um esteróide androgênico com efeito anabolizante, sintetizado pela primeira vez por Pappo & Jung em 1962 (Schänzer, 1996). A Comissão Médica do Comitê Olímpico Internacional, bem como, Federações Esportiva Nacionais e Internacionais proibiram o uso de esteróides androgênicos anabolizantes no esporte (Bowers, 1997). Os esteróides anabolizantes apresentam grande incidência entre as drogas de abuso, pois estimulam a síntese protêica aumentando a massa muscular, melhorando assim o desempenho esportivo. Entretanto estas drogas apresentam efeitos colaterais severos, pondo em risco a saúde do atleta (Segura, 1996; Wu, 1997).
Em 1989 Massé e col. analisaram por CG-EM a oxandrolona seus metabólitos no homem. Este esteróide é excretado na urina na forma livre (não conjugada), assim como todos os seus metabólitos (Schänzer, 1996). A oxandrolona (1) é metabolizada ao seu epímero 17b (4), o qual é formado a partir do composto oxandrolona 17b-sulfato (3) (Schänzer & Donike, 1993; Massé et al., 1989). Outros metabólitos da oxandrolona tem sido descritos como a 18-nor-17,17-dimetiloxandrolona (5) e a 16-hidroxi-oxandrolona (2), porém em baixas concentrações (Schänzer, 1996).
Com o interesse de otimizarmos condições analíticas para uma detecção confiável da oxandrolona (1) e seu principal metabólito 17-epi-oxandrolona (4) assim como avaliar, pela primeira vez, o perfil de excreção de oxandrolona em brasileiros, objetivou-se no presente trabalho, investigar a excreção urinária destes compostos por Cromatografia Gasosa de Alta Resolução acoplada à Espectrometria de Massas (HP MSD 5973) e CG -EM-EM-IT.
Para a obtenção das amostras de urina para o estudo de excreção da oxandrolona e seus metabólitos, indivíduo sádio, 36 anos, pesando 65 Kg administrou 15mg da droga oxandrolona. As amostras de urina foram coletadas segundo protocolo de coleta de excreção urinária.
No presente trabalho utilizamos uma metodologia de extração líquido-líquido (ELL) para a oxandrolona e seus metabólitos em matriz urina, segundo metodologia proposta por Shänzer (1996) para a extração de esteróides endógenos, fração livre, em urina humana. A metodologia consiste de uma etapa de ELL empregando TBME como solvente de extração. Para tanto, alíquotas de 5mL das urinas coletadas contendo 40ng/mL de metiltestosterona são tamponadas com 1g de NaHCO3:Na2CO3 (3:1) e extraídas com 5 mL de TBME. As amostras são homogeneizadas em vortex por 10 segundos, shaker por 20 minutos e centrifugadas durante 5 minutos. Separa-se a fase orgânica e o solvente é evaporado em banho termostatizado a 40oC sob fluxo de nitrogênio. As amostras permanecem em dessecador a vácuo por 40 minutos. Finalmente são derivatizadas com MSTFA:NH4I:2-mercaptoetanol (1000:2:6 v:w:v) durante 20 minutos em banho termostatizado à 60oC.
A análise e quantificação das amostras de urina foram realizadas por CG-EM utilizando coluna capilar de metilsilicone (17m, 200mm, 0,11mm), modo de injeção split (razão 1:10).
Observou-se a excreção da oxandrolona (1) e do seu principal metabólito, 17-epi-oxandrolona (4), 4 e 7 horas, respectivamente, após a administração do medicamento, sendo possível detectá-los por um período de 96 horas. Tais substâncias, mesmo em seus picos máximos de excreção, foram observadas em nível de ppb. Paralelamente, empregou-se CG -EM-EM-IT como técnica alternativa na detecção de (1) e (4). Contudo, esta técnica apresentou a mesma limitação que a CG-EM. Isso corrobora a necessidade de técnicas com detecção mais seletivas, como a CG-EM-AR, conforme proposto por Shänzer (1996).
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FINEP, FUJB, CAPES, CNPq, FAPERJ.