COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA PRÓPOLIS BRASILEIRA DAS REGIÕES SUL E SUDESTE



Fernando R. Mathias da S. Seixas (IC)1, Alberto dos Santos Pereira (IC)1, Mônica Freiman de Souza Ramos (PQ)2, Francisco Radler de Aquino Neto (PQ) 1


1LADETEC - Instituto de Química – Departamento de Química Orgânica – UFRJ,

Ilha do Fundão. ladetec@iq.ufrj.br

2Faculdade de Farmácia – Centro de Ciências da Saúde – UFRJ


palavras-chave: própolis, CGAR-AT-EM, compostos bioativos



A própolis, utilizada pelo homem desde a antiguidade devido as suas propriedades biológicas, como atividade antiviral e anticâncer, atualmente é fortemente estudada, principalmente pelo leste europeu, pioneiro nas pesquisas por causa de sua grande popularidade na região.

Sua composição varia de acordo com a flora, espécie de abelha e época do ano, podendo assim apresentar variações em algumas de suas características, como odor, principais constituintes e coloração. Mais de 160 substâncias já foram identificadas, entre elas compostos fenólicos e flavonóides.

Na própolis européia os compostos bioativos são em sua maioria flavonóides contrastando com a própolis brasileira, pobre em flavonóides. Devido a grande biodiversidade dos países tropicais, estão presentes outros compostos bioativos, como os ácidos fenólicos e seus derivados e os ácidos diterpênicos.

O objetivo do presente trabalho é estabelecer um perfil qualitativo e semi-quantitativo das própolis das regiões sul-sudeste através da Cromatografia Gasosa de Alta Resolução e Alta Temperatura acoplada a Espectrometria de Massas (CGAR-AT-EM)

As análises por CGAR-AT foram realizadas em uma coluna de borossilicato, de 20 metros de comprimento e 0,2 mm de diâmetro interno, recoberta com a fase PS-086 (15% fenil – 85% metilpolissiloxana) com 0,2 mm de espessura de filme de fase estacionária. Utilizou-se um cromatógrafo HP-5890-II, com detector por ionização em chama (FID) e injetor tipo na coluna a frio “on column” (para que não haja discriminação da amostra no injetor) a 400 °C e temperatura ambiente, respectivamente. As seguintes condições de análise foram aplicadas: temperatura inicial 40 °C, taxa de aquecimento de 8 °C/min, temperatura final 390 °C, velocidade linear do gás carreador (He) 38 cm/s e volume de injeção 0,5 ml.

As análises por CGAR-AT acoplada a espectrometria de massas foram realizadas em HP-5972-MSD acoplado a um cromatógrafo HP-5890-II, com temperaturas de interface e da fonte 370 °C e 300 °C, respectivamente, utilizando-se uma faixa de varredura de 50 a 700 daltons e a 70 eV (modo impacto de elétrons).

Podemos caracterizar várias classes de substâncias como hidrocarbonetos, ésteres graxos, terpenos, ácidos aromáticos e graxos, cetonas, álcoois e poliálcoois, etc.

Apesar de apresentarem composição similar, suas quantidades variam bastante em cada região. A amostra que apresentou maior quantidade de ésteres graxos foi a de Visconde de Mauá, com 39% p/p, em oposição à amostra coletada no Rio de Janeiro, com apenas 3% p/p.

Entre os compostos bioativos sempre presentes podemos destacar o ácido cinâmico e o ácido cafeico. O ácido ferúlico somente foi caracterizado nas amostras de Tunas do Paraná, Bonfim (MG) e da Freguesia (RJ).

Nas amostras estudadas, os flavonóides, quando encontrados, apresentavam-se em concentrações traço e insignificantes quando comparadas à própolis européia.

Exemplos de compostos encontrados em todas as amostras de própolis analisadas.

n = 2 a 30


A CGAR-AT e a CGAR-AT-EM mostraram-se ferramentas poderosas para o estudo sistemático da própolis, propiciando informações rápidas sobre a sua composição química, sem a necessidade de processos de isolamento e purificação. A metodologia pode, portanto, ser aplicada ao controle da qualidade de própolis.


Referências:

1-Pereira, A. S.; Poças, E. S. C.; Ramos, M. F. S.; Cardoso, J. N.; Aquino Neto, F. R. (1999) Aplicação da Cromatografia Gasosa de Alta Resolução e de Alta Temperatura no Estudo da Composição química de Própolis Brasileira. Livro de Resumos do I Simpósio Brasileiro Sobre Própolis e Apiterápicos. p 38.

2-Pereira, A. S.; Ramos, M. F. S.; Poças, E. S. C.; Dias, P. C. M.; Santos, E. P.; Silva, J. F. M.; Cardoso, J. N.; Aquino Neto, F. R.; Z. Naturforsch. 1999, 54C, 395.

3-Pereira, A. S.; Pinto, A. C.; Cardoso, J. N.; Aquino Neto, F. R.; Ramos, M. F. S.; Dellamora-Ortiz, G. M.; Santos, E. P. J. High Resolut. Chromatogr. 1998, 21 396.


(CNPq, UFRJ/SR-2, FAPERJ, FUJB, FINEP)