TRIAGEM E CONFIRMAÇÃO DE ANABOLIZANTES: b2 -AGONISTAS E ESTERÓIDES, POR CROMATOGRAFIA GASOSA ACOPLADA A ESPECTROMETRIA DE MASSAS ÍON TRAP
Luciana Rego Monteiro dos Santos (IC)1, Marlice A. Sípole Marques (PQ)2 & Jarí Nóbrega Cardoso (PQ)1,2
1-Ladetec-Departamento de Química Orgânica (DQO)-Instituto de Química-Universidade Federal do Rio de Janeiro
2- Departamento de Química Analítica (DQA)- Instituto de Química Universidade Federal do Rio de Janeiro
ladetec@iq.ufrj.br
palavras-chave: Anabolizantes, dopagem e CG-EM-IT
Os esteróides androgênicos, e os b2 agonistas com efeitos anabólicos, são os agentes farmacológicos mais freqüentemente usados em dopagem no esporte. O Comitê Olímpico Internacional (COI), e outras organizações responsáveis pelo controle de dopagem no esporte proibiram o uso dessas substâncias, devido ao efeito no desempenho atlético, e conseqüentemente no resultado das competições; e também pelos efeitos adversos que essas drogas podem ocasionar à saúde dos atletas [1].
Diferentes metodologias analíticas, têm sido publicadas, para a detecção dos anabolizantes, e seus metabólitos [16,2,3]. Muitas delas são baseadas na detecção por espectrometria de massas. Atualmente, a cromatografia gasosa, acoplada a espectrometria de massas (GC-EM), é a mais freqüente técnica usada para confirmar e quantificar esses compostos. [2-3]
O fluido biológico, comumente usado no controle de doping, é a urina. Essa matriz contém uma grande variedade de componentes, muitos, desconhecidos, em diferentes concentrações, os quais são co-extraídos, em alguma extensão, durante o preparo das amostras, e introduzidos com os anabolizantes no sistema GC-EM. Como resultado da co-eluição dos interferentes com o analito, , obtém-se sinais (picos espúrios), no espectro de massas, e com isso errôneas interpretações [4]. Por isso, logo após a etapa de extração do analito da matriz, é necessário que se faça uma etapa de clean-up da amostra, onde o analito é purificado e concentrado. As técnicas de clean-up utilizadas neste trabalho são: extração líquido-líquido (ELL), extração por fase sólida (EFS), cromatografia por imunoafinidade (CIA) e cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE).
Atualmente, técnicas de detecção mais refinadas como espectrometria de massas acoplada a espectrometria de massas (EM-EM), cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas de alta resolução (CG-EMAR), e cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas-íon trap (CG-EM-IT), vem sendo avaliadas a fim de se obter uma melhor razão sinal/ruído, possibilitando a detecção de anabolizantes em nível traço (ppb-ppt).
No presente trabalho foi realizado um estudo comparativo das seguintes técnicas de clean-up; ELL, CIA e EFS. Verificou-se a eficiência dessas técnicas quanto: a precisão, a recuperação, o limite de detecção e a qualidade do extrato final durante a avaliação da metodologia analítica. O analito foi então, detectado, identificado, e quantificado por CG-EM e CG-EM-IT.
Durante a etapa de clean-up da amostra, verificou-se que a técnica de ELL seguida por CIA, possibilitou a obtenção de um extrato mais puro, como pode ser observado na figura 1. O limite de detecção da metodologia analítica para alguns esteróides como: metiltestosterona, estanozolol e metandienona, foi menor que 2 ppb. Em relação aos b2-agonistas, a ELL, empregando como solvente orgânico (TBME: t-butanol) 5:1, v/v, possibilitou uma recuperação para os analitos superior a 85%, e um limite de detecção da metodologia analítica de 1 ppb.
Figura 1: Espectro de massas (a) e fragmentograma (b) obtido da análise de uma urina positiva de metiltestosterona, após clean-up por CIA e detecção por CG-EM-IT
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J. Muñoz-Guerra, D. Carreras, C. Soriano, C. Rodríguez, A.F. Rodriguéz. Use of íon trap gas chromatography-tandem mass spectrometry for detection and confirmation of anabolic substances at trace levels in doping analysis. Journal of Chromatography B,704 (1997) 129-141.
Agência Financiadora do trabalho: FAPERJ