APLICAÇÃO DE 2,3-DI-O-METIL-6-O-t-BUTILDIMETILSILIL-

-b-CICLODEXTRINA NA CGAR-QUIRAL DE DERIVADOS

g-BUTIROLACTÔNICOS

Maria da Conceição K. V. Ramosa(PQ), Lis H. P. Teixeirab(PG), Francisco R. de Aquino Netoa(PQ), Eliezer J. Barreirob(PQ) & Carlos A. M. Fragab(PQ).

ªLADETEC- Departamento de Química Orgânica, Instituto de Química, UFRJ. ladetec@iq.ufrj.br

bLASSBIO- Faculdade de Farmácia, UFRJ.

palavras –chave: cgar-quiral, ciclodextrina, g-butirolactonas

O anel g-butirolactônico substituído é um importante núcleo na síntese de produtos naturais quirais e constitui um sínton atrativo na obtenção de novas substâncias bioativas, como anticonvulsivantes, agentes antitumorais e antagonistas muscarínicos. A importância dessas substâncias justifica o estudo de novos processos de síntese quirais de intermediários assim como a necessidade de desenvolvimento de métodos analíticos quirais para os mesmos.

Trabalhos anteriores descreveram a redução quimio- e diasterosseletiva dos derivados 2-acetil-2-alquil-g-butirolactonas explorando agentes redutores usuais, i.e. boroidreto de sódio e L-Selectride, na presença e na ausência de ácidos de Lewis, como CaCl2, CeCl3, MgCl2 e MnCl21. A composição diastereoisomérica da mistura de álcoois foi elucidada por RMN e a razão diastereoisomérica relativa foi determinada por CGAR, em uma coluna quiral contendo (2,3-di-O-metil-6-O-tbutildimetilsilil)-b-ciclodextrina (DIMETBCD)2, como fase estacionária. A escolha de uma coluna quiral, para a análise de diasteroisômeros, resultou do fato das colunas aquirais usuais não apresentarem eficiência de separação adequada para a maioria dos produtos analisados.

No presente trabalho o seletor quiral (DIMETBCD) foi empregado na separação enantiomérica de 2-acetil-2-alquil-g-butirolactonas e dos álcoois correspondentes. O comportamento cromatográfico dos analitos será avaliado com base nas suas respectivas diferenças estruturais e nas possíveis interações com a fase estacionária. Portanto, pretende-se contribuir para o aperfeiçoamento da técnica de CGAR-quiral, com derivados de ciclodextrina, visando a sua aplicação na análise de compostos contendo a unidade g-butirolactonas em suas estruturas.

Empregado cromatógrafo HP-5890 série II com detectores por ionização em chama (280 oC) e injetor (260 oC) com taxa de divisão de fluxo entre 1/20 e 1/50, H2 (50cm/seg), e integrador HP 3396. Coluna de vidro3 Duran 50 (20mx0,3mmx0,3mm) recoberta com uma solução de 10% DIMETBCD em SE-54, (100 oC //2 oC /min//130 oC). Os resultados listados na Tabela 1 demonstram a separação enantiomérica para 10 dos 12 álcoois analisados (2, 3, 5, 6, 8, 9, 11, 12, 17, 18) e para 4 das 6 cetonas em questão (1, 4, 7 e 13) o que demonstra a excelente enantiosseletividade do seletor quiral DIMETBCD. A ordem de eluição para os álcoois é anti®syn, que parece ser orientada pela possibilidade dos álcoois com configuração relativa anti formarem ligação hidrogênio intramolecular resultando em menor interação com a fase estacionária. Por outro lado, essa ligação hidrogênio não impede, na maioria dos casos, a separação enantiomérica dos álcoois. Os enantiômeros dos derivados benzílicos e cinâmicos dos álcoois apresentaram maior tempo de retenção e dificuldade de separação nas condições usuais de temperatura; a separação dos enantiômeros do derivado cinâmico foram obtidas em condições especiais de programação iniciando a uma temperatura mais alta (155 oC) e mesmo assim o tempo de retenção foi bastante alto e a resolução dos picos não foi completa. A separação das cetonas correspondentes também parecem ser afetadas pela presença do grupo fenila e cinamila. Suspeita-se que durante a análise o resíduo alquila penetre na cavidade, sendo que no caso de substituintes mais volumosos as moléculas dos enantiômeros percam a mobilidade reduzindo o reconhecimento quiral, resultando inclusive em dificuldades de resolução diastereoisomérica. A fim de entender melhor o comportamento desses compostos em relação ao seletor quiral outros experimentos cromatográficos, estudos de modelagem por dinâmica molecular desses sistemas, bem com de possíveis interações CD-substrato estão sendo efetuados.


TABELA 1- Resultados das Análises por CGAR-quiral.

Composto

tR

Composto

tR

Composto

tR

(1)

1,810a

1,850

(7)

4,201c

4,490

(13)

18,565d

18,876

(2)

4,575a

4,840

(8)

9,154c

14,476

(14)

16,071e

26,342d

(3)

2,780a

2,859

(9)

8,770c

9,462

(15)

15,138e

25,090d

(4)

8,510b

8,840

(10)

7,509c


(16)

25,540f


(5)

12,209c

15,765

(11)

16,385c

18,816

(17)

39,145f

41,391

(6)

10,742c

11,460

(12)

14,490c

14,965

(18)

38,286f

38,799

a125°C; b95°C//1,5°C/min//130°C; c100°C//2°C/min//130°C; d120°C//1,5°C/min//150°C; e(150°C/isoterma)

f155°C//0,5°C /min//170°C.


Referências

1-Teixeira, L.H.P. et.al., 22ªRASBQ, 1999, QO-05; 2- Dietrich, A.; et. al. J. High Resol. Chromatogr. 1992, 15, 590-593. 3- Grob, K. Making and Manipulating Capillary Columns for Gas Chromatography. Huethig: Heidelberg, 1986;1-232.

(FUJB, CNPq, CAPES)