SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL DO
di-m-cianato-bis[{cianato(1,3-propanodiamina)}cobre(II)]
Fabiana Cristina Andrade (PG)(a), Antonio Eduardo Mauro (PQ)(a), Regina Helena de Almeida Santos (PQ)(b) e Fabiane Ribeiro Martins (PG)(b).
Departamento de Química Geral e Inorgânica Instituto de Química, Universidade Estadual Paulista Unesp Câmpus de Araraquara.
Departamento de Química Teórica Instituto de Química, Universidade de São Paulo USP São Carlos.
palavras-chave: cobre, pseudohaletos, estrutura cristalina.
Sínteses e investigações de complexos de cobre (II) com pseudohaletos e aminas bidentadas são importantes, pois dados novos comparados com resultados já disponíveis, podem proporcionar bases teóricas para um melhor entendimento dos modos e particularidades de coordenação desses ligantes. Além disso, a investigação desses compostos pode gerar modelos para a interpretação de metalocentros de enzimas contendo cobre. Estes estão diretamente ligados com o amplo campo da biocatálise e com a respiração das células, como por exemplo as ceruloplasminas. Os pseudohaletos tais como os íons azida (N3-) e cianato (NCO-, constituem uma classe interessante de ligantes devido a possibilidade de se coordenarem a um centro metálico terminalmente ou em ponte [1]. Aminas bidentadas, como por exemplo a etilenodiamina, são utilizadas como aditivos para combustíveis por complexarem com metais formando quelatos. A amina utilizada neste trabalho, 1,3 propanodiamina, além complexar formando quelatos, pode também atuar em ponte originando compostos polinucleares [2]. Os complexos de cobre (II) são paramagnéticos apresentando assim propriedades que podem ser investigadas para uma possível aplicação destes compostos na obtenção de dispositivos magnéticos a nível molecular.
O presente trabalho teve como objetivo sintetizar e caracterizar novos compostos de cobre (II), dentre os quais destaca-se o di-m-cianato-bis[{cianato(1,3-propanodiamina)}cobre(II)]. Para tanto, partiu-se de uma solução etanólica de CuSO4.3H2O. A esta solução foram adicionados lentamente a amina e o cianato (solução aquosa de cianato de potássio), na proporção molar de 1:1:2, respectivamente. A solução foi mantida sob agitação constante, à temperatura ambiente por quinze minutos, obtendo-se um sólido de cor azul.
O espectro no infravermelho do composto apresenta bandas de absorção atribuídas aos modos vibracionais da amina e do cianato. A presença de duas bandas na região de nas NCO, 2205 e 2148 cm-1, sugere a coordenação do cianato por dois modos: em ponte e terminal. A banda em 2205 cm-1 é referente ao nas do cianato em ponte, e aquela em 2148 cm-1 ao nas cianato coordenado terminalmente ao metal.
Tais características de coordenação do NCO foram confirmadas pela resolução da estrutura obtida por difração de raios X de monocristal ilustrada na figura.
Neste
composto a amina coordena-se de forma quelante ao centro metálico,
um cianato coordena-se terminalmente através do nitrogênio
enquanto o outro atua em ponte, coordenando-se aos dois átomos
de cobre também pelo nitrogênio. A espécie
formada é dimérica, com um centro de simetria; cada
átomo de cobre apresenta número de coordenação
igual a cinco conferindo ao metal uma geometria de bipirâmide
trigonal, como mostram os ângulos e distâncias de
ligações interatômicas tabelados a seguir.
O espectro eletrônico de absorção na região do UV-Vis do composto apresenta bandas de absorção na região de 200-300 nm atribuídas as transições internas do cianato.
A partir da curva TG obtida, foi definida a temperatura inicial de decomposição do composto, 131,890C. Essa decomposição ocorre em três etapas consecutivas e o resíduo final da decomposição foi determinado por difração de raios X, método do pó, como sendo óxido de cobre (II).
Referências Bibliográficas
[1] KUANG S. M.; ZHANG Z. Z., WANG Q. G.; MAK T. C. W.; Journal of Chemical Society, 1997, 4477-4478.
[2] BAZZICALUPI, C.; BENCINI, A.; BIANCHI, A.; FUSI, V.; PAOLETTI, P.; VATANCOLI, B.; Inorganica Chimica Acta, 1996, 244, 255.
FAPESP/CAPES/CNPq