ESTUDOS in vitro DE CÁPSULAS DE QUITOSANA-ALGINATO-CÁLCIO PARA ADMINISTRAÇÃO DE INSULINA VIA ORAL
Núcleo de Investigações Químico-Farmacêuticas (NIQFAR), Curso de Farmácia (CCS), UNIVALI, Itajaí, SC
Palavras-chaves: Cápsula de quitosana-alginato-cálcio, insulina, diabetes mellitus.
Há muito tempo, o diabetes mellitus tem sido uma doença que afeta muitas pessoas de diferentes idades e sexo. É uma doença incurável, e o controle da glicemia é complexo. O tratamento baseia-se principalmente na administração de insulina, hipoglicemiantes orais e dieta controlada. Desde sua descoberta, a insulina permanece no auge do diabetes mellitus, porém as múltiplas injeções (2-4 injeções diárias de insulina para um controle mais eficaz da glicemia) são extremamente desgastantes ao paciente (CARINO et al., 1999). Assim sendo, a administração da insulina por via oral seria viável, mas por se tratar de um peptídeo, esta seria degradada pelo meio fortemente ácido do estômago e pelas enzimas proteolíticas no trato gastrointestinal superior, prejudicando sua absorção. Vários sistemas para administração via oral de insulina têm sido estudados, tais como o encapsulamento com polímeros que formam um filme para a proteção da droga, lipossomos preparados com fosfatidilcolina e colesterol, adesivos bucais com insulina, etc (TREHAN, et al. 1998).
Tendo em vista os dados relatados, foi desenvolvido um sistema de cápsulas de quitosana-alginato-cálcio com insulina para a administração do peptídeo via oral e avaliada a eficiência deste sistema na liberação de insulina em ratos normoglicêmicos
A insulina foi adicionada ao alginato de sódio (20 ou 40 UI) antes da preparação das cápsulas de quitosana e estas foram preparadas de acordo com o método de coacervação de Hwang et al. (1985). Um ensaio de liberação de insulina cristalina das cápsulas foi realizado utilizando-se como meios reacionais: HCl pH 1,5; tampão fosfato de sódio monobásico pH 6,8; onde as cápsulas foram adicionadas. Foram feitos dois sistemas: um com cápsulas de quitosana com insulina 20 UI úmidas e outro com cápsulas com insulina 40 UI previamente secas em dessecador e também úmidas. Os sistemas foram submetidos a um banho termostatizado a 37°C com agitação e foram colhidas alíquotas do meio em intervalos de tempo: 0 min., 15 min., 30 min., 60 min. A determinação da liberação de insulina foi feita por espectrofotometria em 276 nm. Posteriormente, as cápsulas contendo insulina foram testadas em animais normoglicêmicos (ratos Wistar machos de 2 meses de idade) e comparados com um padrão de insulina (0,5 UI/kg, i.p.).
As cápsulas mais eficientes foram preparadas em ácido acético, resultando no encapsulamento de 97% da insulina inicialmente presente no alginato. Quando submetida ao teste de desintegração, as cápsulas mantiveram-se intactas ao meio ácido e desintegraram-se em tampão fosfato. A quantidade de insulina liberada meio ácido ficou em torno de 20% da insulina encapsulada para as cápsulas contendo 20 UI, 50% da insulina encapsulada para cápsulas úmidas (40 UI) e 20% para cápsulas secas (40 UI) durante os 60 min de experimento. Quando as cápsulas forma transferidas para o tampão fosfato, o restante da insulina foi liberada em 15 min para as cápsulas úmidas (20 e 40 UI) e 90 min para as cápsulas secas (40 UI). A partir destes dados, as cápsulas secas (20 e 40 UI) foram escolhidas para verificar sua eficiência na diminuição da glicemia de animais normoglicêmicos. Quando a insulina foi administrada oralmente (20 UI) em cápsulas de quitosana, houve uma diminuição de 13,8% da glicemia após 2 horas da administração em relação ao nível basal e quando a concentração de insulina foi dobrada (40 UI), observou-se que o efeito na diminuição da glicemia foi acentuado (35,25% após 2 horas da administração) em comparação com os resultados obtidos com as cápsulas contendo 20 UI de insulina. Os resultados dos experimentos mostraram que as cápsulas apresentam características gastro-resistentes, que permitem a sua utilização como sistema para liberação oral de insulina.
CARINO, G.P. et al. Advanced drug delivery reviews, 35, 249-257, 1999.
TREHAN, A. et al. Drug development and industrial pharmacy, 24 (7), 589-597, 1998.
HWANG, C. et al. In: MUZZARELLI, R. et al. Chitin in nature and technology, : New York: Plenum Press, p.389-396, 1985.