ESTUDOS in vivo DA UTILIZAÇÃO DO POLÍMERO QUITOSANA - FERRO (III)-R COMO ADSORVENTE ORAL NO TRATAMENTO DE HIPERFOSFATEMIA


Silvana Sandri (IC), Daniela Valcarenghi (IC), Cristiani Bürger (PQ), e Clóvis Antonio Rodrigues (PQ)


Núcleo de Investigações Químico-Farmacêuticas (NIQFAR), Curso de Farmácia, CCS, Itajaí, SC


Palavras-chave: quitosana-ferro (III)-R, hiperfosfatemia e tratamento in vivo


INTRODUÇÃO:

A hiperfosfatemia é uma condição que resulta da diminuição da excreção urinária em insuficiência renal ou da adição excessiva de fosfato do fluido extracelular de fontes endógenas/exógenas. Pode ser resultado da diminuição da excreção renal de íons fosfato e é uma condição encontrada na falência renal crônica, particularmente quando a taxa de filtração glomerular é reduzida para menos de 25% do normal (KAPLAN et al., 1996). A terapia atual inclui a eliminação de fosfato pelo uso de adsorventes de fosfato contendo íons metálicos como Mg, Ca e Al e um dos efeitos dessas drogas é o acúmulo dos íons metálicos no organismo com efeitos colaterais indesejados. JING et al. (1992), demonstraram que o complexo Quitosana-Fe (II) tem uma perda considerável do ferro no pH do estômago (estudos in vitro). A diminuição da quantidade de ferro do polímero teve como conseqüência uma diminuição na capacidade de adsorção de fosfato. Outra conseqüência seria a possibilidade de elevar os níveis de ferro no soro, caso este polímero fosse utilizado como adsorvente oral no tratamento de hiperfosfatemia, podendo causar hemossiderose. Recentemente foi mostrado que o complexo Quitosana-Fe(III)-R apresenta vantagens quando comparado com a Quitosana-Fe-(II), estudos in vitro (VALCARENGHI et al., 1999).

OBJETIVOS:

Nesse trabalho foi testado o adsorvente oral, QTS-Fe(III)-R, pois estudos in vitro realizados anteriormente, indicaram que a capacidade de adsorção do fosfato praticamente não é alterada quando ele fica em pH ácido (suco gástrico) e posteriormente em pH menos ácido (fluido intestinal).

METODOLOGIA:

Os animais (ratos Wistar machos com aproximadamente 2 meses de idade) foram tratados com água contendo 1,2 % de fosfato durante 30 dias para induzir a hiperfosfatemia (exceto os animais controle que receberam água normal). Após este período, foi avaliado o nível sérico de fosfato dos animais. Aqueles que estavam hiperfosfatêmicos, continuaram recebendo a água contendo fosfato e receberam o tratamento com as seguintes substâncias durante 15 dias: QTS-Fe(III)-R, sendo que a dosagem de ferro administrada diariamente foi de 4,0 mg; quitosana (50 mg) e sulfato ferroso (4 mg de Fe(III)). Após o período de tratamento, foram avaliados os parâmetros de ferro, cálcio e fosfato sérico.

RESULTADOS:

Os resultados obtidos demonstraram que in vivo, a QTS-Fe(III)-R diminuiu os níveis séricos de fosfato (38,4 %). Este resultado está muito próximo daqueles encontrados por KURODA et al. (1995). Por outro lado, não foram detectadas alterações nos níveis de cálcio, diferente do que foi observado por Kuroda et al e os níveis séricos de ferro mantiveram-se praticamente inalterados, diferente do que foi encontrado por JING et al. (1992). De acordo com esses dados, o tratamento proposto com a QTS-Fe(III)-R seria uma alternativa efetiva para o tratamento da hiperfosfatemia, pois além de diminuir os níveis de fosfato no modelo testado, não causa hipercalcemia como a maioria das drogas utilizadas para esse fim.


REFERÊNCIAS:


  1. KAPLAN, L., et al. Clinical Chemistry. Theory, Analisis Correlation. 3 ed, Mosby-year Book, 1996, p.547-548.

  2. JING, S.B., et al. The Chemical Society of Japan. p. 1866-1870, 1992.

  3. VALCARENGHI, D. et al. 22º Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, QB-026.

4- KURODA, et al. Japanese Journal of Nephrology, v. 37, n. 8, 1995.