AVALIAÇÃO DO EFEITO ANTI-HIPERGLICEMIANTE DAS FRAÇÕES SEMI-PURIFICADAS DE DUAS PLANTAS MEDICINAIS DA FLORA CATARINENSE: Marrubium vulgare E Wedelia paludosa


Douglas Dutra (IC)*, Michele R. S. Soares (IC)*, César Ordoñez Pascua (PG)** Cristiani Bürger (PQ)* e Valdir Cechinel Filho (PQ)*


* Núcleo de Investigações Químico-Farmacêuticas (NIQFAR), Curso de Farmácia, CCS, UNIVALI, Itajaí, SC


** Faculdade de Veterinária, Universidade de León, León, Espanha

Palavras-chave: diabetes mellitus, Marrubium vulgare, Wedelia paludosa.


INTRODUÇÃO:


Diabetes mellitus é uma síndrome de alterações metabólicas caracterizada por hiperglicemia, devido a deficiência absoluta ou relativa da secreção de insulina e/ou redução em sua eficácia biológica. A hiperglicemia crônica do diabetes é associada a uma grande destruição, disfunção e falhas de vários órgãos, como os olhos, rins, nervos, coração e vasos sangüíneos1. Tendo em vista a alta prevalência do diabetes mellitus, estudos sobre novas drogas hipoglicemiantes orais vêm sendo realizados, com enfoque especial para as plantas medicinais.


OBJETIVOS:


Em decorrência do efeito hipoglicemiante bastante pronunciado demonstrado pelos extratos hidroalcoólicos de Marrubium vulagare e Wedelia paludosa em estudos preliminares, realizou-se o presente estudo afim de avaliar o efeito de frações semi-purificadas das plantas sobre a glicemia de animais hiperglicêmicos.


METODOLOGIA:


Para a preparação das frações semi-purificadas, foram utilizadas partes aéreas de M. vulgare e W. paludosa. O material vegetal foi seco e macerado durante cerca de uma semana com os solventes acetato de etila, diclorometano e metanol. A W. paludosa ainda foi macerada com hexano. Após a maceração, os solventes foram removidos em evaporador rotatório sob pressão reduzida, afim de obter as frações semi-purificadas para serem testadas. O diabetes foi induzido pela administração de aloxano monohidratado (150 mg/kg, i.p.)2 e posteriormente as frações semi-purificadas das plantas foram administradas (50 mg/kg, v.o.)3. Paralelamente foram analisados os níveis de colesterol total.


RESULTADOS E DISCUSSÃO:


Os resultados demonstraram que as frações semi-purificadas de M. vulgare não apresentaram efeito anti-hiperglicemiante no modelo testado. Provavelmente o efeito encontrado no extrato hidroalcoólico da planta possa ser devido ao sinergismo de alguns compostos presentes no extrato. Entretanto, a fração hexânica de W. paludosa apresentou significante efeito anti-hiperglicemiante, promovendo uma redução de 26,47% da glicemia. Este resultado sugere que o(s) composto(s) presente(s) nesta fração, que não foi extraído nas demais frações, parece(m) ser o(s) responsável pelo efeito antidiabético apresentado pelo extrato. O composto majoritário presente na fração hexânica que poderia estar exercendo o efeito anti-hiperglicemiante, seria o ácido caurenóico, um diterpeno cujos efeitos analgésicos foram anteriormente determinados em nossos laboratórios4,5,6. Os animais que foram submetidos ao tratamento com as frações semi-purificadas de M. vulgare não apresentaram alteração na colesterolemia quando comparados com o grupo controle (salina). No entanto, dentre os animais que foram submetidos ao tratamento com as frações semi-purificadas de W. paludosa os grupos que receberam as frações hexano e diclorometano apresentaram um aumento significativo da colesterolemia quando comparados com o grupo controle (salina), indicando que, que embora a fração hexânica possa ter compostos que atuem reduzindo a hiperglicemia, estes podem estar, ao mesmo tempo, alterando o metabolismo de lipídios, principalmente aumentando a síntese de colesterol. Este aumento da colesterolemia pode estar diretamente relacionado a redução da hiperglicemia, pois a glicose pode estar sendo mobilizada para a síntese do colesterol, resultando no efeito anti-hiperglicemiante.


REFERÊNCIAS:


1-AMERICAN DIABETES ASSOCIATION. Clinical Pratice Recommendation 1998. <http://www.diabetes.org/DiabetesCare/Suplement198/S5.htm

2- RAMOS, R. R. et al. Archives of Medical Research, v. 23, n. 1, p. 59-64, 1992.

3- WADOO, N. Planta Medica, v. 58, 1992, p.131-36.

4- BLOCK, L. et al. Journal of Ethnopharmacology. v. 61, 1998a, p. 85-89.

5- BLOCK, L. et al. Pharmazie. v. 53, n. 10, 1998b, p. 716-718.

6- SCHEIDT, C. Itajaí, 1998. Monografia (Graduação em Farmácia) – CCS, UNIVALI.

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