QUÍMICA NA CABEÇA: DIVULGANDO A QUÍMICA

ATRAVÉS DO TEATRO


Alfredo L. M. L. Mateus (PQ)1, Wanderson de S. Moreira (IC)2, Sílvio F. V. Bento(IC)2, Maurício C. R. de Castro(IC)2, Arlesiene C. Gonzaga(IC)2, Rose-Marie Belardi(IC)2, Erúzia A. Evangelista(IC)2, Rachel V. R. A. Rios (IC)2, Humberto J. do V. Barros(IC)2, Patrícia M. de Oliveira(IC)2


1Colégio Técnico da Universidade Federal de Minas Gerais

2Departamento de Química do Instituto de Ciências Exatas da Universidade Federal de Minas Gerais


Palavras-chave: demonstrações, ensino de química, métodos alternativos


Uma análise dos materiais didáticos mais utilizados nos cursos de química revela que, em sua maioria, tais materiais ainda não incluem nos livros que orientam os professores opções para a proposição de atividades experimentais para seus alunos. O material didático disponível no Brasil que descreve experimentos, em boa parte derivado de pesquisas na área de ensino de química, enfoca atividades de maneira integrada ao currículo1,2 e representa um grande avanço em relação aos livros tradicionais. Entretanto, a grande maioria dos experimentos descritos nestes materiais alternativos ainda não reserva espaço para a proposição de atividades mais abertas, que possibilitem aos estudantes o exercício da criatividade. Dentre este tipo de atividade, a apresentação de demonstrações de experimentos inseridos no contexto de pequenas peças representa uma alternativa interessante para que os alunos possam desenvolver e fixar os conceitos abordados.

Com o objetivo de desenvolver atividades deste tipo, foi criado no segundo semestre de 1999 o Projeto Química na Cabeça. Formado por alunos de graduação do Departamento de Química da UFMG, o grupo vem realizando a apresentação de shows de demonstrações químicas de 45 a 60 minutos de duração. Durante estas apresentações são realizados experimentos de alto impacto visual inseridos em cenas de uma pequena peça teatral. Estas demonstrações contam com o auxílio de projeções, iluminação e trilha sonora. Outros recursos teatrais são utilizados para atrair a atenção do público tais como a dramatização de situações, com cenários, figurinos e a participação da platéia, sempre com muito humor. As explicações para os fenômenos são fornecidas de maneira a evitar a associação com simples “magia química” e elaboradas de maneira a utilizar uma linguagem adequada à platéia. Estas situações nas quais a química está presente servem de pano de fundo para as demonstrações, colocando-as dentro de um contexto. Desta maneira o público é levado a perceber como a química se encontra no cotidiano das pessoas.

Ao relacionar aspectos lúdicos com o aprendizado da Química, o show busca alterar a imagem negativa da química na sociedade, responsável em parte pelos problemas enfrentados por muitos alunos. Outros objetivos do grupo são mostrar a importância da Química enquanto ciência básica e aplicada na tecnologia, aumentar o interesse de jovens por esta ciência e finalmente, divulgar o uso de demonstrações e experimentos como parte fundamental do ensino de Química em todos os níveis.

O show foi apresentado com bastante sucesso em eventos no campus da UFMG, além de percorrer diversas escolas de ensino médio em Belo Horizonte. O projeto contempla a apresentação semanal do show para alunos do ensino médio de escolas de Belo Horizonte visitando o campus da UFMG no ano 2000.

O show é dividido em quatro partes principais, cada uma buscando atingir um dos objetivos do grupo mais diretamente. A primeira cena se passa em uma cozinha e demonstra a presença da Química no cotidiano.

A primeira cena se passa em uma cozinha e visa apresentar transformações químicas utilizando materiais presentes no nosso dia a dia. Fenômenos como as mudanças de cor apresentadas pelo extrato de repolho roxo (preparado na hora) e a cor amarela de uma chama ao se espalhar sal de cozinha são demonstradas.

A segunda cena discute a importância do conhecimento químico na produção industrial de vários materiais e as consequências de sua ausência. Dois personagens enumeram materiais produzidos através de transformações químicas, tais como plásticos, vidro e metais, ao mesmo tempo que objetos correspondentes do cenário da cozinha são removidos de cena, modificando procedimento utilizado previamente.3

A próxima cena se passa em um programa de auditório e envolve intensa participação da audiência. O objetivo pricipal das várias demonstrações apresentadas é explorar a dimensão lúdica da Química e permitir a interação com o público. Após cada demonstração a cena é congelada e os fenômenos explicados pela mãe e o filho, desmistificando o fenômeno ocorrido.

A última cena traz de volta o filho, agora contracenando com seu avô. Na conversa entre os dois surge o que o avô ainda se lembra de Química, mesmo após muitos anos. O avô se recorda de experiências realizadas pelo seu professor e cada demonstração lembrada é realizada, mostrando que seu grande apelo visual realmente as torna memoráveis. As demonstrações usadas nesta parte são a reação entre pequenos pedaços de sódio e água, projetada com o auxílio de um retroprojetor e a explosão de balões com gás hidrogênio. Esta parte do show é especialmente voltada para os professores assistindo ao espetáculo, objetivando mostrar o impacto que presenciar os fenômenos químicos causa em seus alunos, estimulando desta maneira que eles adotem procedimentos semelhantes em suas salas de aula.

A experiência de apresentar o espetáculo vem sendo extremamente positiva para os alunos envolvidos, que podem perceber a Química em uma situação não-acadêmica e aprender a divulgar a ciência para uma audiência diversa.


Referências Bibliográficas:

1) Romanelli, L. I., Justi, R.S., “Aprendendo Química”, Editora Unijuí, Ijuí, 1998.

2) GEPEQ, “Interações e Transformações”, Editora Edusp, São Paulo, 4a. ed., 1996.

3) The Brazilian Chemistry in Action Group, José Atílio Vanin (coord.) Alfredo L.M.L. Mateus et al., Journal of Chemical Education, 1991, 68, 652.

CNPq, FAPEMIG, PADCT

1 Romanelli, L. I., Justi, R.S., “Aprendendo Química”, Editora Unijuí, Ijuí, 1998.

2 GEPEQ, “Interações e Transformações”, Editora Edusp, São Paulo, 4a. ed., 1996.

3 The Brazilian Chemistry in Action Group, José Atílio Vanin (coord.) Alfredo L.M.L. Mateus et al., Journal of Chemical Education, 1991, 68, 652.