Caracterização da substituição OH- - F- em minerais da série Ambligonita-Montebrasita e sua correlação com processos de alteração por fluidos tardios


Ricardo Scholz(PG)1, João Addad(PQ)1, João Cura D'Ars Figueiredo Junior(IC)2,3, Eder Severino Xavier (C)3, Joachim Karfunkel(PQ)1, Joel Quéméneur(PQ)1, Eduardo Luciano Melo(IC)1


1Departamento de Geologia, Instituto de Geociências

2Centro de Conservação e Restauração, Escola de Belas Artes

3Departamento de Química, Instituto de Ciências Exatas

Universidade Federal de Minas Gerais


Palavras-chave: infravermelho, ambligonita, montebrasita


Introdução: Os minerais da série ambligonita-montebrasita, (Li,Na)Al(PO4)(F,OH), ocorrem com freqüência nas rochas pegmatíticas, e são formados a partir da cristalização de um magma pegmatítico ou como produto da alteração da mineralogia primaria por fluidos tardios, formando os corpos de substituição. Estes fluidos são o produto da cristalização fracionada de um magma pegmatítico. Diversas ocorrências destes minerais foram registradas na região do distrito de Linópolis, município de Divino das Laranjeiras, Minas Gerais. Possuem importância econômica como minério de lítio e mineral gemológico, além de poder relacionar sua gênese com o teor em F- e sua substituição por OH-.


Objetivos: Estudar as relações de substituição do ânion F- por OH- por espectroscopia no infravermelho, relacionadas com a presença de fluidos tardios.


Métodos: Através da espectroscopia no infravermelho (FTIR), foi utilizado um aparelho Bomem MB100C23, célula de diamante para micro-feixe SPG46G, com espectros coletados no intervalo de 4000-400 cm-1, por um total de 200 scans e resolução de 4 cm-1, foi feita análise da estrutura da ambligonita-montebrasita e medida da frequência das bandas de OH-, que possibilita a medida indireta do teor de F nestes minerais. A partir de estudos por FTIR e RMN, Fransolet & Tarte (1977) montaram uma curva de correlação entre as freqüências relativas ao ânion OH (nOH e nOH) e a porcentagem de F em ambligonita-montebrasitas. As curvas de correlação são dadas pelas equações:

nOH = (2,74x + 804,6)cm-1 (1)

nOH = (-4,06x + 3396,5)cm-1 (2) onde x = % de flúor.


Resultados: A partir dos espectros de FTIR coletados em amostras de ambligonita-montebrasitas, foram calculados os teores de F utilizando-se as equações (1) e (2), com nOH no intervalo 816cm-1 - 809cm-1 e nOH no intervalo 3393cm-1 - 3389cm-1. Os cálculos de porcentagem de F mostram teores entre 0,6% e 4,03%, indicando que as amostras estudadas correspondem a minerais mais ricos em OH- e pobres em F-, tratando-se de montebrasita-ambligonita. Os valores de nOH e nOH foram plotados junto aos dados da literatura nas figuras 1 e 2, respectivamente.


Figura 1 – Relação entre a transmitância relativa à banda dOH e a porcentagem de F .





Figura 2 - Relação entre a transmitância relativa à banda n OH e a porcentagem de F.


Conclusões: O mecanismo de alteração da série ambligonita-montebrasita envolve a troca OH- Þ F- . Observa-se o empobrecimento em flúor nas amostras coletadas em corpos de substituição em relação às de origem primária.


Referências Bibliográficas:

Cipriano, R. A. S. Trabalho Geológico de Graduação, IGC-UFMG, 1999, 37-46.

Fransolet, A. M. and Tarte, P. American Mineralogist, 1977, 62, 559-564



CNPq, FAPEMIG