COMPLEXO DE MERCÚRIO COM UM NOVO LIGANTE ASSIMÉTRICO DE HIDRAZONAS: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO
Manfredo Hörner (PQ), Antonio G. Pedroso (PQ), Jeferson A. Naue (PG)
Departamento de Química, Universidade Federal de Santa Maria.
Palavras-chave: hidrazona, complexo de mercúrio, estrutura cristalina.
INTRODUÇÃO
As hidrazonas são iminas derivadas da hidrazina. O nitrogênio iminíco possui hidbidização sp2 e pode ocorrer isomeria em torno da ligação dupla carbono-nitrogênio. Esses compostos têm recebido um crescente interesse por suas diversas aplicações. Em síntese orgânica, são empregados na análise qualitativa de grupamentos carbonila, em química analítica podem ser usados na elaboração de padrões para espectrofotometria. Na indústria são empregadas como plastificantes, estabilizadores de polímeros e iniciadores de polimerização1. Biologicamente atuam como herbicidas, inseticidas e estimulantes de crescimento de plantas2. Ácidos isonicotinícos-hidrazônicos estão sendo pesquisados em termos de atividade biológica no tratamento da tuberculose3,4. Coordenadas a metais as hidrazonas são pesquisadas como agentes bacteriológicos e bacteriostáticos5.
Este trabalho envolve a cristaloquímica do ligante multidentado e assimétrico N-phtalazina-N-di(2-piridil)hidrazona (pdph) coordenado a mercúrio (II).
OBJETIVOS
Considerando-se a simetria C1 do ligante multidentado pdph, estudou-se a complexação do mesmo com Hg(II) para avaliar-se a nuclearidade do complexo e a geometria de coordenação do centro metálico.
MÉTODOS
Monocristais prismáticos vemelho-alaranjados adequados para a difração de raios-X foram obtidos a partir da reação de HgCl2 com pdph em metanol sob agitação e temperatura ambiente. O complexo foi complementarmente caracterizado por ponto de fusão, espectrometria de infravermelho e microanálise.
RESULTADOS
O cloreto de N-phtalazina-N-di(2-piridil)hidrazona-mercúrio(II) apresentou ponto de fusão de 237-238 oC. Dados cristalográficos selecionados: fórmula empírica, [HgC19H14N6Cl2], Mr = 597,85g, T = 293(2) K, l (MoKa) = 0,70930 Å, triclínico, grupo espacial P(-1), a = 9,1446(10) Å, b = 10,2464(10) Å, c = 10,9652 Å, a = 75,708(6)o, b = 87,454(5)o, g = 72,974o, V = 951,57(16) Å3, Z = 2, R1 = 0.0256, wR2 = 0.0587 (refinamento baseado em F2) (Shelxl97)7, incluindo 3563 reflexões independentes. Distâncias de ligação: [Hg(1)-N(11): 2.351(4) Å], [Hg(1)-Cl(2): 2.3974 (15) Å], [Hg(1)-N(2): 2.454(4) Å], [Hg(1)-Cl(1): 2.4682(17) Å], [Hg(1)-N(42): 2.492(4)Å]. Ãngulos de ligação: [N(11)-Hg(1)-Cl(2):112.16(12)o], [N(11)-Hg(1)-N(2): 66.51(14)o], [Cl(2)-Hg(1)-N(2): 144.79(12)o], [N(11)-Hg(1)-Cl(1): 105.58(12)o] [Cl(2),-Hg(1)-Cl(1): 113.82(6)o], [N(2)-Hg(1)-Cl(1): 99.53(11)o ], [N(11)-Hg(1)-N(42): 127.33(15)o], [Cl(2)-Hg(1)-N(42): 97.37(11)o], [N(2)-Hg(1)-N(42): 64.47(13)o], [Cl(1)-Hg(1)-N(42): 100.31(13)o]. Todos os hidrogênios foram localizados no mapa de Fourier-diferença.
CONCLUSÕES
A
figura abaixo apresenta a projeção ORTEP da estrutura
molecular do complexo [HgCl2(pdph)]. Com base nos dados
cristalográficos concluímos que:O ligante quelato
neutro pdph coordenou-se ao Hg(II) pelos nitrogênios N42
piridínico, N2 hidrazônico e N11 phtalazínico,
favorecidos pela formação de anéis pentagonais
com o centro metálico;
2- O Hg(II) encontra-se numa geometria piramidal de base quadrada distorcida;
3- O composto é de baixa simetria, cristalizando no sistema triclínico, grupo espacial P(-1) e simetria molecular C1 .
4- As curtas distâncias de ligação Hg-N indicam que o ligante pdph é um forte agente complexante.
BIBLIOGRAFIA
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