EFEITO DO CONTEÚDO DE VAPOR NO DESEMPENHO DE CATALISADORES DE HTS CONTENDO TÓRIO
João Luís Rangel (PG), Marly Fernandes Carvalho de Araújo (PQ) e
Maria do Carmo Rangel (PQ)
palavras-chave: magnetita, tório, catalisadores de HTS
As amostras foram preparadas por precipitação dos nitratos de ferro e de tório, seguida da lavagem do gel com solução 5% de acetato de amônio. Após secagem a 120oC, moagem e peneiramento em 100 mesh, os sólidos foram calcinados a 500oC, por 2h, sob fluxo de nitrogênio. Foi obtida uma amostra contendo tório na razão molar Fe/Th= 10 (Amostras MT) e outra isenta de dopante (Amostra M). Na caracterização dos materiais, foram utilizadas as técnicas de difração de raios X (DRX), medidas de área específica (pelo método de BET), espectrometria de emissão atômica em plasma indutivamente acoplado (ICP-AES), espectrometira de absorção no infravermelho com transformadas de Fourier (FTIR), análise termogravimétrica (TG) e calorimetria diferencial de varredura (DSC). O desempenho dos catalisadores foi medido em teste microcatalítico operando a 350oC e 1 atm, usando uma razão vapor/gás de processo (V/G)= 0,6, que é o valor usado industrialmente. Simulou-se condições mais severas de operação, reduzindo a quantidade de vapor adicionada à reação (V/G= 0,2 e 0,4).
Através dos difratogramas de raios-X, constatou-se a presença apenas da magnetita no material isento de dopante, e torionita (ThO2) e magnetita na outra amostra. Observou-se que o tório retarda a cristalização dos sólidos e a sinterização, favorecendo a formação de materiais de elevadas áreas. Este efeito pode ser atribuído à maior inércia dos compostos de tório, em relação aos de ferro.
Os catalisadores obtidos foram ativos, em relação à reação de HTS, como mostra a Tabela 1. Sob condições de razão V/G= 0,6, o tório aumentou a atividade específica e diminuiu a atividade intrínseca dos óxidos de ferro, estando a melhoria do seu desempenho relacionada ao efeito textural do tório. Pode-se concluir que esse metal atua como promotor textural em catalisadores à base de magnetita. Diminuindo o conteúdo de vapor (V/G= 0,4), observou-se a mesma tendência, mas a atividade específica e intrínseca da magnetita sofreram um ligeiro decréscimo. A posterior redução da quantidade de vapor (V/G= 0,2) intensificou essa diminuição. A perda de atividade catalítica dos materiais, num meio reacional com baixo conteúdo de vapor, se deve provavelmente à adsorção de hidrogênio pelos sítios ativos3. Esses resultados mostram que a amostra dopada com tório pode ser convenientemente usada em condições de V/G= 0,4. A atividade desse catalisador, medida em condições de V/G= 0,6, é mais alta que a de uma amostra comercial contendo cromo (a= 9,2 x 10-4 mol. g-1.h-1), indicando que o sólido obtido é promissor para substituir os catalisadores de HTS à base de cromo.
Tabela 1. Atividade catalítica específica (a) e intrínseca (a/Sg) dos catalisadores, a diversas razões vapor/gás de processo (V/G).
Amostra |
V/G=0,6 |
V/G=0,4 |
V/G=0,2 |
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a x 103 (mol.g.-1.h-1) |
a/Sg x104 (mol.m.-2.h-1)
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a x 103 (mol.g.-1.h-1) |
a/Sg x 104 (mol.m.-2.h-1)
|
a x 103 (mol.g.-1.h-1) |
a/Sg x 104 (mol.m.-2.h-1)
|
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M |
4,8 |
4,8 |
4,0 |
4,0 |
3,3 |
3,0 |
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MT |
7,0 |
2,5 |
5,9 |
2,2 |
4,3 |
1,3 |
Através deste trabalho, pode-se concluir o tório é um dopante promissor para substituir o cromo em catalisadores de HTS. Embora ele cause uma diminuição na atividade intrínseca, esse metal aumenta a atividade específica, além de operar em condições de baixo conteúdo de vapor d'água (V/G=0,4), sem reduzir significativamente a atividade catalítica.
(PADCT, CNPq, FINEP)
1 Newsome, D. S.; Catal. Rev.- Sci. Eng., 21, 275 (1980).
2 Santos, T.S.M e col.. Livro de Resumo da 20a RA da SBQ, vol.1, (1997).
3 Salmit, D. et al. J. Catal., 112, 345 (1983)