CARACTERIZAÇÃO DE ELETROCATALISADORES DISPERSOS DE Pt POR ESPECTROSCOPIA DE ABSORÇÃO DE RAIOS-X
Giuseppe A. Camara (PG), Valdecir A. Paganin (PQ), M. Janete Giz (PQ) e
Edson A. Ticianelli (PQ)
Instituto de Química de São Carlos - USP, Cx. P. 780, CEP: 13560 - 970,
São Carlos (SP), Brasil. E-mail: camara@iqsc.sc.usp.br
Palavras-chave: célula a combustível, catalisador disperso, absorção de raios X
As células a combustível são formadas por eletrodos de difusão de gás de alta área ativa, em que a oxidação do combustível se dá na superfície de um catalisador, normalmente Pt finamente dispersa sobre carbono (Pt/C) de alta área superficial. O envenenamento da superfície do catalisador, através da adsorção do CO (um contaminante do hidrogênio reformado) nos sítios de Pt diminui o rendimento da célula a níveis intoleráveis. Assim, a busca por materiais que sejam tolerantes à presença de CO é uma das áreas de pesquisa mais ativas da eletrocatálise neste sistema [1], sendo um dos procedimentos mais amplamente adotados a inclusão de um outro metal associado à platina na forma de liga ou co-depósito.
Neste trabalho, foi efetuado um estudo de caracterização física e morfológica, por técnica de espectroscopia de absorção de raios-X utilizando radiação Síncrotron, de eletrocatalisadores de Pt/C e de PtRu/C. Os materiais foram preparados através de diversos métodos, tendo em vista o uso como catalisadores anódicos em células a combustível.
Os catalisadores de Pt/ C e de PtRu/C foram preparados através de métodos amplamente discutidos na literatura [2]. As amostras foram analisadas ex-situ, a partir de pastilhas contendo cerca de 10 mg/cm2 de metal. As análises por espectroscopia de absorção de raios-X foram efetuadas na linha de luz XRF do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS). Os dados foram coletados no modo de transmissão na borda LIII da platina, explorando tanto a região XANES (x-ray absorption near edge structure) como a região EXAFS (extended x-ray absorption fine structure) do espectro do metal. Os espectros EXAFS foram extraídos e analisados utilizando o programa WinXAS [3].
Trabalhos prévios conduzidos neste laboratório [2] mostraram que a maioria dos eletrocatalisadores de PtRu/C apresentaram bons desempenhos para a oxidação de hidrogênio na presença de CO, especialmente após serem submetidos a um tratamento térmico a 300 0C sob fluxo de hidrogênio. A Figura 1 mostra um conjunto de espectros XANES obtido na borda da platina para eletrocatalisadores de PtRu/C preparados através de diversos métodos. Resultados semelhantes foram obtidos para os eletrocatalisadores de Pt/C. Comparados com a platina metálica, todos os espectros XANES dos materiais de Pt/C apresentaram uma acentuação da linha branca, o que é um indicativo da presença de óxidos superficiais. A magnitude do fenômeno mostrou-se dependente do método usado na preparação do material,
Figura 1. Espectros XANES na borda LIII da Pt para os catalisadores de PtRu/C. |
sendo isto provavelmente decorrente da produção de diferentes tamanhos de partículas de Pt. A magnitude do degrau de absorção resultou semelhante para todos os materiais, indicando que os rendimentos dos diferentes métodos de preparação são semelhantes. Situação semelhante no que se refere à linha branca foi observada para os eletrocatalisadores de PtRu/C, conforme ilustram os resultados da Figura 1. Entretanto, neste caso, as magnitudes dos degraus de absorção resultaram ligeiramente distintas, indicando que a eficiência de deposição dos materiais é diferente para os diversos métodos |
de preparação. As transformadas de Fourier dos espectros EXAFS para os catalisadores de Pt/C e PtRu/C mostraram claramente a presença da coordenação Pt-O, com magnitudes dependentes do método de preparação e, portanto, consistentes com os espectros XANES. No caso dos compósitos Pt-Ru os espectros EXAFS forneceram evidências da formação de liga metálica em todos os casos, exceto em um deles, onde a formação de uma mistura de partículas de Pt e Ru ficou evidenciada.
1 - S. J. Lee, S. Mukerjee, E. A. Ticianelli e J. McBreen, Electrochim. Acta, 44(1999)3283.
2 - A. M. Castro Luna, G. A. Camara, V. A. Paganin, E. A. Ticianelli e E. R. Gonzalez, Electrochem. Commun., no prelo.
3 - T. Ressler, J. Phys. IV, 7(1997)C2-269.
LNLS, FAPESP, CNPq, CAPES e FINEP/PRONEX