AVALIAÇÃO DA PERCOLAÇÃO DO FUNGICIDA TRIADIMENOL EM LATOSSOLOS POR CROMATOGRAFIA GASOSA


Paulo Fernando Rodrigues Matrangolo (PG)1; Maria Eliana Lopes Ribeiro de Queiroz (PQ)1, Antônio Augusto Neves (PQ)1 e José Humberto de Queiroz (PQ)2


1Departamento de Química - Universidade Federal de Viçosa

2Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular - Universidade Federal de Viçosa


“palavras chave": triadimenol, análise de resíduos, percolação


Introdução

O café é um dos principais produtos de exportação do Brasil, sendo que o país participa com cerca de 28% da produção mundial. O Estado de Minas Gerais contribui com 38% de todo café em coco, sendo 13% desse montante produzido na Zona da Mata Mineira (TAGLIALEGNA, 1996).

Dentre as principais doenças que atingem a cafeicultura destaca-se a “ferrugem do cafeeiro” (Hemileia vastatrix), que vem causando enormes prejuízos à lavoura. Na cultura do café, assim como em tantas outras culturas, o controle de pragas e de outras doenças prejudiciais à cultura tem sido realizado principalmente pelo uso intensivo de agrotóxicos.

Um produto bastante empregado na cultura do café, para o controle da “ferrugem do cafeeiro”, apresenta como princípio ativo o triadimenol, “1-(4-clorofenoxi)-3,3-dimetil-1-(1H-1,2,4-triazol-1-il)butan-2-ol”, fungicida sistêmico do grupo dos triazóis. Por ser um fungicida sistêmico granulado, é incorporado diretamente ao solo. Uma vez no solo os agrotóxicos se movimentam juntamente com a água, e essa movimentação pode se dar pela superfície, juntamente com a água de enxurrada e através do perfil do solo, onde os compostos são arrastados pela água que percola. Uma movimentação mais expressiva desses compostos pode acarretar a contaminação de solos e consequentemente dos rios, açudes e lençóis freáticos. A quantidade de resíduos que atinge certa profundidade em determinado solo depende da taxa de movimentação da água, da taxa de degradação dos resíduos (RIGITANO e BARBOSA, 1994) e das características do solo e do resíduo.


Objetivo

Avaliar a possibilidade de percolação do Triadimenol no solo.

Metodologia

Para avaliar essa possibilidade, um experimento foi montado, em triplicatas, simulando a situação de campo. Nesse experimento várias colunas, de 10 cm de diâmetro e 5 e 10 cm de altura, foram preenchidas com duas amostras de solos empregados na cultura de café, procurando-se manter a mesma densidade do solo no campo. Essas amostras de latossolos foram coletadas nas profundidades de 0 a 5 e 5 a 20 cm.

Considerando as dosagens mínimas e máximas recomendadas pelos fabri-

cantes, quantidades conhecidas do princípio ativo (500 e 1000 mg) foram colocadas


no topo da coluna. Sobre essa montagem foi simulada uma de chuva equivalente à quantidade média de precipitação pluviométrica da região no período de aplicação do produto (60 mm). Paralelamente, um grupo de colunas de solo, em que o triadimenol não foi aplicado, foi montado, para atuar como branco do experimento. As águas que percolaram as colunas foram coletadas, seu volume aferido e o princípio ativo extraído com diclorometano.

O princípio ativo foi extraído das águas que percolaram as colunas (100 mL) por extração líquido-líquido com diclorometano (3 x 50 mL). As frações orgânicas foram reunidas e o excesso de água eliminado com sulfato de sódio anidro. Os extratos obtidos tiveram seus volumes reduzidos e recuperados em hexano. O extrato hexânico foi passado por uma coluna de Florisil para eliminar possíveis interferentes. Após o “clean up” os extratos foram recuperados em acetato de etila e analisados por cromatografia gasosa. Empregou-se nessas análises uma coluna capilar de 30 m x 0,25 mm d.i. recheada com 95% de dimetilpolisiloxano e 5% de fenilmetilsiloxano e detector específico para nitrogênio-fósforo. A quantificação do princípio ativo foi feita utilizando-se calibração externa.


Resultados e Conclusões

Quantidades de Triadimenol aplicadas e % do princípio ativo (p.a.) percoladas através de colunas de 5,0 e 10 cm de solo, após simulação de chuva

Amostra

Dosagem aplicada

% p.a. (5 cm)

% p.a. (10 cm)

Amostra1

1000 mg

0,52

0,059

Amostra 1

500 mg

0,29

ND

Amostra 2

1000 mg

0,69

ND

Amostra 2

500 mg

0,13

ND

Amostra 1 - Latossolo da Estação Experimental de produção de café da UFV.

Amostra 2 - Latossolo de um sítio produtor de café da região de Viçosa - MG


Os resultados obtidos mostram uma baixa mobilidade do princípio ativo, principalmente, para as colunas de 10 cm. Vários fatores podem afetar a mobilidade de pesticidas no solo, sendo as principais, o teor de argila e de matéria orgânica dos solos (TAVARES et al., 1996).

Os resultados indicam uma baixa movimentação vertical do Triadimenol no solo, mostrando que o produto é grandemente adsorvido, visto que apenas uma pequena parte foi detectada nas amostras de água coletadas no sistema de percolação. Isso mostra que dificilmente os lençóis freáticos das regiões em que se emprega esse produto na cultura de café, serão contaminados pelo Triadimenol.


Bibliografia

TAGLIALEGNA, G.H.F. - Estudo sobre o comportamento do mercado internacional de café nos últimos 50 anos: 1946 - 1995, Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, 1996.

RIGITANO, R.L.O.; BARBOSA, T.M.L.- Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. (100 mL 29, no 6, p 995 - 960, 1994.

TAVARES, M.C.H. et al. - Química Nova, v. 19, no 6, p.605-608, 1996.

FAPEMIG