DETERMINAÇÃO DE Hg EM MATERIAIS BIOLÓGICOS POR
FI-USN-ICP-MS APÓS SOLUBILIZAÇÃO COM TMAH.
Márcia Andreia Mesquita da Silva (PG), Adilson José Curtius (PQ)
Departamento de Química, Universidade Federal de Santa Catarina, 88040-900 Florianópolis, SC.
Sandra Maria Maia (PG)
Instituto de Química, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 91501-970
Porto Alegre, RS.
Palavras-chave: mercúrio, hidróxido de tetrametilamônio, FI-USN-ICP-MS.
Mercúrio é um elemento reconhecidamente tóxico e sua determinação ainda é uma questão crítica no campo da química clínica. A contaminação por mercúrio é causada principalmente pelo consumo de peixe contaminado através da acumulação de Hg na cadeia alimentar (1). O desenvolvimento de métodos analíticos para a determinação de baixos níveis de mercúrio em várias matrizes complexas ainda é um desafio. A qualidade dos resultados está principalmente associada com os estágios de pré-tratamento da amostra, a despeito dos avanços na instrumentação analítica. Geralmente, a digestão das amostras se procede por intermédio de ácidos, entretanto, uma amina terciária, hidróxido de tetrametilamônio (TMAH), tem sido usada com sucesso na solubilização de amostras biológicas (2). Por tratar-se de uma forte base orgânica, a introdução por espectrometria de massa com fonte de plasma indutivamente acoplado (ICP-MS) das amostras solubilizadas requer condições especiais. O nebulizador ultra-sônico (USN) possui um sistema de dessolvatação, onde a maior parte dos orgânicos são removidos nos estágios de dessolvatação (120 a 160°C) e condensação (10 a 20°C). Em conjunto com um sistema de injeção em fluxo (FI), quando apenas 100 mL da amostra são nebulizados e dessolvatados, uma boa eficiência de remoção é atingida, sem depósito de carbono nos cones e na lente iônica do ICP-MS (3).
Neste trabalho, a determinação de Hg é investigada usando TMAH na solubilização das amostras (músculo de peixe e sangue bovino) seguido da análise direta usando FI-USN-ICP-MS com calibração externa. O espectrômetro usado neste trabalho foi um ELAN 6000 da Perkin Elmer em conjunto com um nebulizador ultra-sônico (5000AT+, CETAC) e um sistema em fluxo (FIAS 400, Perkin Elmer). Como solução carreadora no sistema em fluxo usou-se água Milli-Q. O TMAH consistiu de uma solução 25 % m/v (Riedel-de Haën) que foi adicionada (4 mL) às amostras biológicas (~ 250 mg), avolumadas para 50 mL com água e mantidas em um banho térmico a 60°C por 1 h. Na amostra de sangue foi adicionado 1 mg/L de Hg já que este elemento não está certificado. A curva de calibração (0,25 5,0 mg/L) foi preparada tendo como concentração final de TMAH aproximadamente 1% m/v, pois as amostras após a solubilização foram diluídas 1 + 1 com água. As soluções de calibração para mercúrio foram preparadas a partir de uma solução de 10 mg/mL da Spex com alto grau de pureza. Os seguintes materiais de referência foram analisados: DORM-1 (Dogfish Muscle National Research Council of Canada) e A-13 (Freeze Dried Animal Blood International Atomic Energy Agency)
Na otimização instrumental, variou-se a vazão do gás carreador de 0,4 a 0,9 L/min, a potência de radiofreqüência de 900 a 1300 W e a temperatura de dessolvatação do USN de 120 a 160°C; sendo a temperatura de condensação fixada em 10°C. As condições otimizadas foram de 0,8 L/min para a vazão, 1100 W para a potência e 130°C na dessolvatação. Todas as condições otimizadas foram selecionadas tendo como base o perfil do sinal transiente obtido em conjunto com a linha de fundo, para assegurar que nenhum efeito de memória estivesse presente. O limite de detecção (0,4 mg/L) foi obtido pela razão entre três vezes o desvio padrão de dez leituras do branco e a inclinação da curva analítica. A tabela abaixo mostra os valores obtidos na determinação de mercúrio nas amostras.
|
DORM-1 (mg/g) |
A-13 (mg/L) |
Certificado |
0,798 ± 0,074 |
- |
Medido |
0,869 (0,021) |
- |
Adicionado |
- |
1,0 |
Recuperado |
- |
1,10 (0,09) |
Valores entre parêntese são os desvios padrão.
O procedimento usado neste trabalho diminui o tempo de preparação da amostra e o número de passos de manuseio, reduzindo por conseqüência as prováveis fontes de contaminação. Após a solubilização alcalina, usando o sistema FI-USN-ICP-MS a solução pode ser introduzida sem problemas no plasma, permitindo uma análise rápida e de alta sensibilidade instrumental. A recuperação da concentração adicionada foi satisfatória, e outros materiais de referência certificados estão sendo avaliados usando esta metodologia simples e rápida.
Bibliografia.
(1) C.M. Tseng, A. de Diego, F.M. Martin, D. Amouroux and O.F.X. Donard, J. Anal. At. Spectrom., 1997, 12, 743-750.
(2) D.Pozebon, V.L. Dressler and A.J. Curtius, J. Anal. At. Spectrom., 1998, 13, 1101-1105.
(3) M.A. Mesquita da Silva, V.L.A. Frescura and A.J. Curtius, Spectrochim. Acta Part B, in press.
[CAPES, CNPq, FINEP, PADCT]