Antonio Carneiro Barbosa (PQ)1, Jurandir R. de Souza (PQ)1, Íris Ferrari (PQ)1, Jorge Alex Taquita Melo (IC)1, Eduardo Ferreira (IC)1, Fátima Barretto (TC)1 e Patrícia Rodrigues (PQ)2
1 - Laboratório de Química Analítica Ambiental, Instituto de Química, Universidade de Brasília, CP 4394, 70.919-970, Brasília-DF.
2 PPTAL-GTZ Prédio da FUNAI - 702 Sul CEP 70.000 - Brasília D.F.
Palavras-Chaves: mercúrio, peixe, Rio das Tropas
INTRODUÇÃO
Um ponto de consenso nas publicações sobre contaminação por mercúrio nas populações ribeirinhas da Amazônia é a estreita relação com maior ou menor consumo de peixes, principalmente os de nível trófico elevado, como os piscívoros. Este trabalho discute a situação dos peixes na reserva indígena Munduruku de 2,3 milhões de hectares, localizada no Sul do Pará divisa com o estado do Mato Grosso, que está próxima de ser demarcada. Os peixes foram coletados no rio das Tropas que limita a reserva e possui atividade garimpeira e o rio Cabitutu, dentro da reserva indígena, sem a presença de garimpeiros, mas com intenso uso do timbó que elimina o oxigênio da água, facilitando a captura dos peixes. O estudo foi concentrado principalmente em tucunaré e piranha. Além das concentrações médias de mercúrio, foram determinadas também as correlações da concentração com o peso e o comprimento do peixe.
Materiais e Métodos
As amostras de peixe foram digeridas utilizando-se 0,4g da amostra e 4,0mL de HNO3 concentrado, no sistema de microondas DGT-100 Provecto Sistemas Analíticos com potências variando de 0 a 800W durante 20 minutos. Após a digestão adicionam-se 1,50mL de KMnO4 6% e 0,800mL de hidroxilamina 1% e em seguida as amostras são transferidas para balões volumétricos de 25mL. As análises foram realizadas por espectrometria de absorção atômica de vapor frio (AAS-CV), utilizando-se um monitor de mercúrio LDC analytical, modelo 1255.
As trinta e oito piranhas do rio das Tropas apresentaram média de 228,7µg/g de mercúrio, com os valores de correlação de 0,83 entre concentração e peso e 0,87 entre concentração e comprimento padrão. Para os tucunarés, embora em número menor (N=9), com média de 286,2 µg/g também houve correlação significativa com valores de 0,91 entre concentração e peso e 0,91 entre comprimento padrão e concentração.
Estes resultados de mercúrio para o rio das Tropas estão bem abaixo dos encontrados para os tucunarés e piranhas do rio Negro, com médias respectivamente de 739,0µg/g (N=43) e 775,25 µg/g (N=46), na região de Carvoeiro-AM, onde não há histórico de atividade garimpeira. No entanto, foi verificada uma baixa correlação para estes peixes do Rio Negro, entre concentração de mercúrio e peso, assim como entre concentração e comprimento.
Tucunarés Rio das Tropas (N = 9) |
||
Média |
Correlação Peso/C Hg |
Correlação CP/C Hg |
286,2 |
0,91 |
0,91 |
Piranhas Rio das Tropas (N = 38) |
||
Média |
Correlação Peso/C Hg |
Correlação CP/C Hg |
228,7 |
0,83 |
0,87 |
1 - Barbosa A. C., Garcia A. M., Souza J. R. Mercury contamination in hair of riverine population of Apiacás Reserve in the Brazilian Amazon. Water Air Soil Poll. 1997;97:1-8.
2 - Barbosa A. C, Dorea J. G. Indices of mercury contamination during breast feeding in the Amazon Basin. Environ Toxicol Pharmacol 1998;6:71-79
5- Silva-Fosberg, M.C.S., Fosberg, BB.R., Zeidemann, V.K, Mercury contamination in humans linked to river chemistry in the Amazon Basin, Ambio, no prelo
6 Souza, J. R., Barbosa. A. C., Mozeto, A. A., Fosberg, B., Barreto, F., Oliveira. G. L., Ferrari. Í., Dórea, J. G., Fadini, P. e Jardim W. F., Especiação de mercúrio no cabelo de pessoa com alto consumo de peixe, X Encontro Nacional de Química Analítica Santa Maria RS 31/08 a 03/09 de 1999.
7 Souza, J. R., Barbosa. A. C., Mozeto, A. A., Fosberg, B., Barreto, F., Oliveira. G. L., Ferrari. Í., Dórea, J. G., Fadini, P. e Jardim W. F., Sazonalidade e índice de massa corporal como condicionantes da concentração de mercúrio em espécies piscívoras da Bacia do Rio Negro, X Encontro Nacional de Química Analítica, Santa Maria RS 31/08 a 03/09 de 1999.