TERPENÓIDES ISOLADOS DE VISMIA LATIFOLIA


1Marcelo Henrique dos Santos (PG), 2Tanus Jorge Nagem (PQ), 1Marilda Conceição da Silva (TC), 1Luiz Gonzaga Fonseca e Silva


1Universidade Federal de Minas Gerais – Dep.to de Química - Belo Horizonte - MG- E-mail: marceloh@dedalus.lcc.ufmg.br ; 2Universidade Federal de Ouro Preto – Dep.to de Química - Ouro Preto - MG


palavras-chave: Vismia latifolia; Clusiaceae (Guttiferae); ácido a-betulínico


O presente trabalho faz parte do estudo fitoquímico de um exemplar de Vismia latifolia Choisy [família Clusiaceae (Guttiferae), sub-família Hypericoideae] que foi coletado no estado da Bahia. Esta espécie é conhecida popularmente como pau-de-sangue, e é usada na medicina popular como tônico e febrífugo (casca)1.

Estudos anteriores revelaram diversos esqueletos orgânicos, merecendo destaque as xantonas (di, tri e tetra-oxigenadas e preniladas), flavonóides (agliconas, glicosidados – derivados da quercetina e taxifolina), compostos alifáticos (ácidos, ésteres de cadeia longa e hidrocarbonetos), antraquinonas e terpenóides2,3,4. Estes últimos compreendem os esteróides livres [b-sitosterol (1) e estigmasterol (2)] e glicosil-esteróide [b(D)-glicosil-b-sitosterol (3)]; triterpenos pentacíclicos da série friedelano [friedelina (4) e b-friedelinol (5)] e da série lupano [ácido b-betulínico (6)]. Analisando, recentemente, o extrato hexânico do caule, foram isolados mais dois triterpenos pentacíclicos da série lupano [ácido a-betulínico (7) e acetato de ácido a-betulínico (8)].

O extrato n-hexânico do caule (15,8 g) foi submetido ao processo de purificação por cromatografia (CC) em coluna de sílica gel usando-se os eluentes n-hexano:diclorometano:etanol, em ordem crescente de polaridade. Foram obtidas 92 frações. Anteriormente foram mostrados a presença neste extrato de b-sitosterol (1), friedelina (4) e b-friedelinol (5), fisciona, 1-octacosanol e ésteres de cadeia longa2. Em continuação, o grupo que compreeende as frações 74-79 (1,09 g) foi purificado por CC usando-se sílica-flash e eluente n-hexano:diclorometano obtendo-se 35 frações. As sub-frações 19-31 (0,853 g) através de sucessivas CC-flash levou ao isolamento de dois sólidos brancos que deram teste positivo Lieberman-Buchard para triterpenos pentacíclicos. Estes foram identificados através das técnicas espectroscópicas de infravermelho, RMN uni e bidimensional (1H, 13C, Dept-135, HMQC, HMBC) e EM, como sendo ácido a-betulínico [7, (2,6 mg) e acetato de ácido a-betulínico [8, (13,3 mg)].

Os dados do composto 7 foram consistentes com os mostrados pela literatura5,6. Já a dedução da estrutura de 8 se baseou na comparação com os dados espectrais de 7 e de compostos similares da literatura, bem as análises bidimensionais no mapa de contornos HMQC e HMBC. As constantes de acoplamento exibidas pelo hidrogênio H-3ax em 6 (ácido b-betulínico) são da ordem de grandeza tal que a maior delas está entorno de 10 Hz (d 3,18 dd, J=10,4; 5,9 Hz) pela posição trans-diaxial de H-3ax e H-2ax com um ângulo de 180º . Já em 7 e 8 nota-se no espectro de RMN de 1H a presença de um tripleto (d 3,39 J= 2,8 Hz )com constante de acoplamento baixa da ordem de 3 Hz, isto se deve ao fato do ângulo de 60o entre H-3eq com os hidrogênios H-2ax e H-2eq (subestrutura 8a).

Estas constatações contribuem para o maior conhecimento de Vismia uma vez que os compostos 7 e 8 foram isolados pela primeira neste gênero sendo 8 relatado pela primeira vez como produto natural isolado de planta.


Referências:


1 - CORRÊA, M. P.; Dicionário das plantas úteis do Brasil e das plantas exóticas cultivadas, Imprensa Nacional, RJ, (1926-1978).

2 – XIII Encontro Regional da SBQ – QO28 – São João Del Rei - MG - 1998.

3 – 21a Reunião Anual da SBQ - PN053 - Poços de Caldas - MG - 1998.

4 – XII Encontro Regional da SBQ –PN09 - Ouro Preto - MG - 1998.

5 – Mahato, S.B. & Kundu, A.P. Phytochemistry, 37(6), 1517-1575, 1994.

6 – Mahato, S.B. & Sen, S. Phytochemistry, 44(7), 1185-1236, 1997.


CAPES/CNPq/FAPEMIG