Daniela Fernandes1 (IC), Camila Delarmelina2 (IC),Ana Luísa L. Lordello1 (PQ), Maria Élida A. Stefanello1 (PQ), Marta Cristina T. Duarte2 (PQ), e Beatriz Helena L. Noronha Sales Maia1 (PQ)
1- Depto de Química, Universidade Federal do Paraná (UFPR), e-mail: noronha@quimica.ufpr.br, 2- Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas - CPQBA/UNICAMP
palavras-chave: P. cernuum Vell., bioautografia, ativ. antimicrobiana
Introdução e Objetivos:O gênero Piper é um dos principais gêneros da família Piperaceae, e apenas 12% de suas espécies foram estudadas sob o ponto de vista químico1.Este gênero é muito conhecido pelo uso na medicina popular como analgésico, antiinflamatório, antibacteriano2.
Estudos fitoquímicos realizados para esta família apresentaram uma grande variedade de metabólitos secundários como neolignanas, alcalóides, amidas e flavonóides.
Como parte do estudo sistemático das Piperaceae de ocorrência no estado do Paraná, estamos investigando a espécie Piper cernuum, sobre a qual não existe nenhum relato de estudos químico ou farmacológico na literatura.
Apresentamos neste trabalho o estudo de atividade biológica dos extratos das folhas e caules de P. cernnum, através dos testes de bioautografia
Material e Métodos: As folhas e caules de P. cernuum foram coletados na Reserva de Sapitanduva, Município de Antonina PR, secos em estufa à 40ºC e moídos separadamente. Foram feitas extrações em hexano, seguido por etanol em Soxhlet, obtendo-se respectivamente os extratos hexânico e etanólico de folhas (EHf, EEf), hexânico e etanólico de galhos (EHg, EEg).
Os testes de bioautografia foram realizados com objetivo de verificar a atividade antimicrobiana dos extratos contra as bactérias Bacillus subtilis CCT 2576, Salmonella choterasius CCT 4296, Micrococcus luteus CCT 2692, Rhodococcus equi CCT 0541, Escherichia coli CCT 0547, Staphylococcus aureus CCT 2740, Pseudomonas aeruginosa ATCC 13388, e a levedura Candida albicans CCT 776. Os testes foram realizados utilizando placas de CCD (sílica gel 60 GF 254 - Merck) com dimensões de 3 x 6 cm (largura e comprimento). As placas foram feitas em duplicata, aplicando-se 10 mL dos extratos hexânicos (conc. 10mg/mL) e etanólicos (conc. 20mg/mL). Como padrão, foram utilizadas solução de cloranfenicol, no caso das bactérias, e de nistatina, no caso da levedura C. albicans. A concentração e volume aplicado da solução dos antibióticos variou em função do microrganismo. Os eluentes utilizados nas CCDs foram otimizados de acordo com as características das substâncias presentes nos extratos. As placas foram então imersas no meio de cultura contendo o microrganismo e o revelador cloreto de trifenil tetrazolium, seguido de incubação à 36°C para crescimento das bactérias, e 28°C para a levedura. Após nítido crescimento dos microrganismos, observou-se os halos de inibição.
Resultados e Discussão: A metodologia utilizada permitiu detectar nos extratos de P. cernuum, os componentes responsáveis pela atividade antimicrobiana. Assim, os resultados indicaram a presença de atividade nos extratos hexânicos e etanólicos das folhas e caules contra as bactérias B. subtilis, M. luteus e S. aureus, conforme Tabela 1. Foi observado ainda a presença de compostos ativos contra Salmonella no extrato etanólico das folhas (Tabela 1).
Os extratos estão sendo fracionados no momento para se determinar as substâncias responsáveis pela atividade observada.
Tabela 1: Teste de bioautografia dos extratos das folhas e caules de P. cernuum
Microorganismos |
EHf |
EEf |
EHg |
EEg |
B. subtilis CCT 2576 |
+ |
+ |
+ |
+ |
S. choterasius CCT 4296 |
- |
+ |
- |
- |
M. luteus CCT 2692 |
+ |
+ |
+ |
+ |
R. equi CCT 0541 |
- |
- |
- |
- |
E. coli CCT 0547 |
- |
- |
- |
- |
S. aureus CCT 2740 |
+ |
+ |
+ |
+ |
P. aeruginosa ATCC 13388 |
- |
- |
- |
- |
C. albicans CCT 776 |
- |
- |
- |
- |
Conclusão: Podemos observar que apesar dos 4 extratos terem praticamente a mesma atividade antimicrobiana, uma análise comparativa por CCD destes extratos mostrou diferenças nítidas na sua constituição, indicando portanto que substâncias diferentes devem ser responsáveis pela atividade detectada.
Bibliografia: 1. Parmar, V.S et al., Phytochemistry, 1997, 46, 597-673.
2. Mujundar, A.M et al., Jpn. J. Med. Sci. Biol., 1990, 43, 95-100.