Sirlei Dias Teixeira1 (PG),Ana Luísa L.Lordello1 (PQ), Maria Élida A.Stefanello1 (PQ), Sandra Mikich2 (PG) e Beatriz Helena L. Noronha Sales Maia1 (PQ)
1- Depto de Química, Universidade Federal do Paraná (UFPR)
e-mail: noronha@quimica.ufpr.br, 2-Depto de Zoologia, UFPR
palavras-chave: P. gaudichaudianum, óleo essencial, ecologia química
Introdução e Objetivos: A família Piperaceae é composta por 10 gêneros totalizando cerca de 2300 espécies. No Brasil estão identificados 5 gêneros: Piper, Peperomia, Potomorphe, Ottonia e Sarchorhachis. Espécies do gênero Piper estão distribuídas por todas as regiões tropical e subtropical do mundo. Muitas destas espécies são fontes ricas de compostos biologicamente ativos e são tradicionalmente usadas pela população na medicina1.
Com relação à ecologia química, poucos relatos são encontrados envolvendo espécies de Piperaceae. Sabe-se que morcegos da família Phyllostomidae, em particular Carollia perspicillata, demonstram distinta preferência pelos frutos de Piper. O morcego é atraído pelos frutos maduros, alimentando-se dos mesmos e eliminando em seguida as sementes através de seus excrementos. Desta maneira, estes animais atuam como principais dispersores das sementes de Piperaceae2-3.
Observando esta preferência alimentar, estamos estudando os óleos essenciais de Piper gaudichaudianum, para verificar se o odor dos frutos é um fator relevante para a aproximação de C. perspicillata, pois sabe-se que o olfato é um dos sentidos mais aguçados desta espécie.
Material e Métodos: A coleta dos frutos verdes e maduros e das folhas de P. gaudichaudianum foi realizada no Parque Estadual Vila Rica, Município de Fênix PR. A extração dos óleos essenciais de cada parte da planta foi feita por aeração, utilizando um filtro de carvão como adsorvente e hexano como solvente de lavagem. Este sistema foi montado no campo e o tempo de cada extração foi de 1h, em dois períodos diferentes (manhã e noite), totalizando 6 amostras, as quais foram congeladas logo após o término da extração.
As análises destes óleos foram feitas por CG/EM (Varian Saturn 2000), nas seguintes condições: coluna VA-1 (30x0,25x0,25), temp. inj. 250°C, rampa de aquecimento 60ºC -3ºC/min. 240ºC. A identificação dos constituintes se deu pelos índices de retenção, calculados a partir da co-injeção de uma mistura de n-alcanos, e pelos seus espectros de massas.
Resultados e Discussão: Os principais constituintes do óleo essencial dos frutos verdes coletados pela manhã são b-cariofileno (49%), a-humuleno (21%), n-pentadecano (9%), sendo este último confirmado também por co-injeção com o padrão. Na amostra coletada a noite, detectamos apenas o n-pentadecano.
As folhas coletadas pela manhã apresentaram apenas um composto identificado como g-himachaleno, enquanto que na amostra da noite não detectamos nada.
A extração realizada com os frutos maduros nos dois períodos não forneceu nenhum composto detectado por CG/EM.
As extrações dos óleos foram feitas no campo e devido a pouca disponibilidade de material vegetal, principalmente dos frutos maduros, como também pouco tempo de extração (1h) acarretou em baixa concentração de óleo essencial, tornando difícil a detecção por CG/EM.
Conclusão: O pequeno número de constituintes detectados nos frutos verdes e nas folhas e total ausência nos frutos maduros foi inesperado. É possível que a técnica utilizada para extração não tenha sido eficiente e/ou a quantidade de material vegetal utilizada insuficiente. Algumas modificações serão introduzidas para as novas extrações.
Bibliografia: (1.) Parmar, V.S et al., Phytochemistry, 1997, 46, 597-673. (2.) Restrepo C. et al., Vegetatio, 1993, 107/108, 205-216. (3.) Bizerril, M.X.A. et al., J. Tropical Ecology, 1998, 14, 109-114.