COMPARAÇÃO DA PERSISTÊNCIA DO HERBICIDA TRIFLURALINA EM LAVOURA DE SOJA CULTIVADA PELOS SISTEMAS DE PLANTIO CONVENCIONAL E DIRETO
Mariléia Pieniz (IC) (1), Anagilda Bacarin Gobo (IC) (1), Clarice Pedrollo (IC) (1), Cláudia Carvalhinho Windmöller (PQ)(2)
(1) Departamento de Biologia e Química, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul
(2) Departamento de Química, Instituto de Ciências Exatas, Universidade Federal de Minas Gerais
palavras-chave: solo, trifluralina, agrotóxicos
A região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul possui uma economia predominantemente agrícola. Dentre os produtos cultivados a cultura da soja é a de maior relevância econômica.
A Trifluralina (a,a,a-trifluoro-2,6-dinitro-N-N-dipropyl-p-toluidina) é um herbicida pré-emergente seletivo que controla uma variedade grande de folhas largas. Com a descoberta de suas propriedades herbicidas, muitos estudos vêm sendo feitos para determinar sua persistência (1), modo de degradação no solo, adsorção, volatilização, assim como sua atuação no metabolismo das plantas. Dados de literatura citam que a volatilização de herbicidas aplicados no solo é um fator de perda significativo (2,3).
Este trabalho objetiva estudar persistência da trifluralina em solo de uma lavoura de soja típica do noroeste do Estado do Rio Grande do Sul em dois tipos de plantio, o convencional e o direto. O plantio convencional se caracteriza pela incorporação do solo após a aplicação do herbicida (dosagem aplicada de 1,1 Kg/ha). No plantio direto não é feita a incorporação do solo, o herbicida é aplicado sobre a palha seca e a dosagem de aplicação é um pouco maior (1,5 Kg/ha), para que quantidade suficiente penetre até o solo.
Com relação a metodologia, foram feitas coletas de amostras de solo da lavoura em estudo desde o dia da aplicação anual do herbicida até a aplicação seguinte. Primeiramente de nov/96 a out/97, período em que foi feito o plantio convencional. Depois de nov/97 a out/98, quando se utilizou o plantio direto. Para extração da trifluralina das amostras de solo tomamos como referência o método da Embrapa de Jaguariúna - SP o qual foi adapatado com cleanup através de coluna de florisil (2). As amostras foram analisadas através de cromatografia gasosa, utilizando-se um cromatágrafo gasoso Varian 3400 CX e detector por captura de elétrons. Também foram feitas análises de caracterização do solo em estudo (tamanho de partículas, pH e matéria orgânica) e foi medida a precipitação pluviométrica diária neste mesmo período.
A figura abaixo mostra as concentrações de trifluralina calculadas sobre a matriz de solo seco, em função do tempo, nos dois tipos de plantio.
Figura 1. Gráfico da concentração de trifluralina (µg/Kg) em solo de uma lavoura de soja cultivada pelos tipos de plantio convencional e direto.
Este gráfico mostra uma diminuição da quantidade de trifluralina no solo de Ijuí de 50% em 20 dias e em 12 dias, no casos dos plantios convencional e direto, respectivamente. A persistência no plantio convencional é comparável a alguns estudos análogos ao deste trabalho, também feitos em campo, um em terreno plano (2) e outro realizado em um solo menos argiloso e com menor conteúdo de matéria orgânica que o do nosso caso, o qual apresentou perda de 50% em 18 dias (3). Em ambos os casos o nível residual após um ano foi de cerca de 1% do valor inicial.
Podemos também observar que, apesar da quantidade inicial de trifluralina encontrada no plantio direto ser maior que a do plantio convencional, há uma queda grande desses valores e uma tendência a maiores quantidades do herbicida no solo no plantio convencional, especialmente até o 200o dia. De alguma forma as diferenças nos tipos de plantio está favorecendo uma maior retenção do herbicida no solo no caso do plantio convencional. Não houve evidência clara de correlação com precipitação pluviométrica.
1. PROBST, G. W.; GOLAB, T.; HERBERG, R. J. HOLZER, F. J.; PARKA, S. J.; VAN DER SCHANS, C.; TEPE, J. B. Fate of Trifluralin in Soils and Plants. J. Agr. Food Chem. 1967, 15, 592.
2. WHITE, A. W.; HARPER, L. A.; LEONARD, R. A.; JURNBULL, J. W. Trifluralin Volatilization Losses from a Soybean Field. J. Environ. Qual., Vol. 6 no 1, 1977. 105 -110.
SPENCER, W. F.; CLIATH, M. M. Pesticide Volatilization as Related to Water Loss From Soil. J. Environ. Qual., Vol. 2, no 2, 1973. 284 - 288.
Apoio: FAPERGS e CNPq