SÍNTESE DE LACTAMAS MACROCÍCLICAS DE 11 E 12 MEMBROS
André Augusto Gomes Faraco1 (PG), Maria Auxiliadôra Fontes Prado2 (PQ), Renata Fontes Prado2 (IC), Ricardo José Alves2 (PQ), Rosemeire Brondi Alves1 (PQ), José Dias de Souza Filho1 (PQ); Raquel Morais Barros de Alvarado. Águila2 (IC)
1- Departamento de Química, Instituto de Ciências Exatas, Universidade Federal de Minas Gerais, 2- Departamento de Produtos Farmacêuticos, Faculdade de Farmácia, Universidade Federal de Minas Gerais
palavras chave: lactamas, macrociclos, carbociclização endo.
INTRODUÇÃO- Os macrociclos fazem parte das estruturas de inúmeras substâncias que apresentam atividade biológica. Várias delas são produtos naturais usados como fármacos, como a anfotericina B, os macrolídeos, os glicopeptídeos, e as rifampicinas1. Devido à importância dos macrociclos, muitos métodos de síntese têm sido desenvolvidos, sendo que um dos mais utilizados envolve carbociclização radicalar1, que tem sido extensivamente estudada, não só porque constitui um método eficiente para obtenção de macrociclos2, quanto pela necessidade de se compreender como fatores estereoeletrônicos influenciam neste tipo de reação3. Além disso, embora encontrem-se descritos na literatura, inúmeros exemplos de síntese de ciclos com 5 e 6 membros, por meio de reações de carbociclização radicalar, o mesmo não é observado para ciclos maiores: poucos são os relatos de sínteses de anéis com mais de 6 membros4.
OBJETIVOS- No âmbito de um programa de síntese de lactamas macrocíclicas com potencial atividade biológica e visando verificar a influência do número de átomos da cadeia lateral e do substituinte no nitrogênio de orto-iodobenzamidas nas reações de carbociclização radicalar, foi objetivo deste trabalho a síntese das lactamas macrocíclicas A e/ou B (n = 2, 3 e 4; R = H, Bn) a partir das N-alquilaliloxi-2-iodobenzamidas 1, 2, 3, 4, 5 e 6.
MÉTODOS- As substâncias 1, 2, 3, 4, 5 e 6 foram sintetizadas conforme descrito anteriormente5. As reações de carbociclização foram desenvolvidas seguindo-se técnica descrita na literatura6, utilizando-se 1 equivalente de iodobenzamida e empregando-se AIBN (quantidade catalítica) e Bu3SnH (1,2 equivalentes) como iniciador e propagador radicalar, respectivamente, e benzeno anidro como solvente. A concentração final de Bu3SnH na solução foi de 20 mmol/L. Após o término da adição da solução benzênica de AIBN e Bu3SnH (cerca de 1 hora) sobre a solução de o-iodobenzamida, sob refluxo e atmosfera de nitrogênio, a mistura de reação foi mantida sob refluxo por 2 horas. Eliminação do solvente levou à obtenção de um resíduo, que foi submetido à CCS. As estruturas dos produtos isolados foram definidas com base nos espectros no IV, de RMN 1H e de RMN 13C.
RESULTADOS- Das reações de carbociclização radicalar desenvolvidas com os substratos 1, 2, 4 e 6 foram isolados apenas os produtos de hidrogenólise 7, 8, 10 e 12, respectivamente. Por outro lado, da reação desenvolvida com as N-(3-aliloxi-propil)-2-iodobenzamida 3 e N-(4-aliloxi-butil)-2-iodobenzamida 5, além dos produtos de hidrogenólise 9 e 11, foram isoladas as lactamas macrocíclicas de 11 e 12 membros, 13 e 14, respectivamente, resultantes das carbociclizações de modo endo.
A
identificação dos produtos de hidrogenólise e
das macrolactamas foi feita, sobretudo, com base nos espectros de
RMN. Nos espectros de RMN13C de 7, 9 e 11
observam-se 4 sinais de C aromático e nos de 8,
10 e 12 são observados 8 sinais. Além
disso, nos espectros de 7, 8, 9, 10, 11
e 12 não se observam os sinais de C ligado a
iodo, a d
próximo de 92 ppm, observados nos espectros de 1, 2,
3, 4, 5 e 6. Nos espectros dos
macrociclos 13 e 14 não se observam os sinais de
hidrogênios e carbonos referentes ao grupo vinila, observados
nos espectros
de 3 e 5. Além disso, nos espectros dos
macrociclos verificam-se os sinais dos hidrogênios e carbonos
metilênicos provenientes da redução do grupo
vinila e de 4 H e 6 C aromáticos, sendo 2 C
sp2 não hidrogenados.
CONCLUSÕES- A partir das o-iodobenzamidas 1, 2, 3, 4, 5 e 6, por meio de reações de carbociclização radicalar, foi possível obter os respectivos produtos de hidrogenólise 7, 8, 9, 10, 11 e 12. Das reações desenvolvidas com as amidas 3 e 5 foram isoladas também as macrolactamas inéditas de 11 e 12 membros 13 e 14, respectivamente, formadas por carbociclização endo. Estes resultados permitem inferir que a macrociclização radicalar de 11 e 12 membros é favorecida em relação à de 10 membros e que a substituição no nitrogênio amídico prejudica a macrociclização. Além disso, o fato de se ter isolado somente as macrolactamas provenientes da ciclização de modo endo está de acordo com o previsto: na formação de macrociclos a ciclização endo é preferencial sobre a exo1.
BIBLIOGRAFIA- 1- PORTER, N. A.; CHANG, V. H. T. J. Am. Chem. Soc. v. 109, p. 4976-81, 1987; 2- HITCHCOCK, S.; PATTENDEN, G. Tetrahedron Lett.. v. 33, n. 33, p. 4843-6, 1992.; 3- BECKWITH, A. L. J. Chem. Soc. Rev. p. 143-51, 1993; 4- GIBSON, S. E; et al. J. Chem. Commun. p. 637-8, 1997. 5- FARACO, A. A. G. et al., Livro de Resumos da 22a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, Poços de Caldas, p. QO051, 1999; 6- MARINOVIC, N. N.; RAMANATHAN, H. Tetrahedron Lett. v.24, n.18, p.1871-74, 1983.
CNPq, PRPq/UFMG