PADRONIZAÇÃO QUÍMICA CROMATOGRÁFICA (CCD)

DE EXTRATOS DE PLANTAS MEDICINAIS.

MARIA BEATRIZ DA SILVA ALMEIDA (PQ), RENATA BASTOS ARAÚJO

& BENJAMIN GILBERT (PQ)

LABORATÓRIO DE QUÍMICA DE PRODUTOS NATURAIS,

FAR-MANGUINHOS – FIOCRUZ

E-mail: mariabea@far.fiocruz.br


PALAVRAS CHAVES: padronização, cromatografia, plantas medicinais.


Através dos tempos o emprego de espécies medicinais foi evoluindo da utilização da planta sob a forma de chás, extratos, unguentos e compressas até o uso de substâncias puras dela isoladas, transformadas em comprimidos, gotas e cápsulas pela indústria farmacêutica.

Atualmente a retomada da fitoterapia deve-se principalmente a necessidade de suprir assistência social farmacêutica às comunidades carentes ou distantes dos centros urbanos. Para tanto é necessário que a matéria prima vegetal utilizada seja corretamente identificada.

Em geral a planta é recebida para análise sob a forma de pó ou em pedaços sem as flores o que impossibilita a identificação botânica. Através do desenvolvimento do cromatograma (CCD) há maior segurança na autenticidade da droga vegetal, como se tratasse de sua “impressão digital” ou seja o perfil da composição química de cada espécie selecionada para uso na medicina tradicional.

O Laboratório de Química de Produtos Naturais (Far-Manguinhos) está trabalhando com a padronização química cromatográfica (CCD) para a caracterização de extratos de espécies, cultivadas nas duas hortas existentes na FIOCRUZ e que são utilizados nas pesquisas fitoquímicas e farmacológicas desenvolvidas nesta instituição(1,2).

O objetivo deste trabalho portanto é demonstrar a aplicabilidade e eficiência da técnica cromatográfica em camada delgada para solucionar problemas como identificação e diferenciação de espécies (Phyllanthus tenellus Roxb., Phyllanthus amarus Schum., Phyllanthus urinaria L.. Phyllanthus niruri L. ); de quimiotipos (Lippia alba (Mill.) N.E.Br. L1, L2 e L3)(3); e de modificações nos constituintes da matéria prima vegetal quando submetida ao processo de secagem. (Plantago major L. )(4). As amostras foram coletadas frescas ou secas à temperatura ambiente, trituradas e extraídas com solventes orgânicos. A solução extrativa obtida foi concentrada e aplicada junto aos padrões em placa de sílica gel. As condições de análise foram:

A-Para determinação de flavonóides e ácidos fenólicos: Amostras das tinturas (95%) de P. tenellus , P. amarus , P urinaria, P. niruri secas. Padrões: rutina, isoquercitrina, quercitrina, ácido gálico, vitexina-2’’-O-ramnosídeo, orientina e vitexina . Eluente: acetato de etila, ácido fórmico, água - 8,8:0,6:0,6. Revelador: NP/PEG - observação no UV-365.



B- Para determinação de óleos essenciais: Folhas frescas de quimiotipos L1, L2, L3 de L. alba extraídos com diclorometano. Padrões: citral, carvona, linalol e terpineol. Eluente: tolueno, acetato de etila - 93:7. Revelador: vanilina/ácido sulfúrico.

C- Para determinação de princípios amargos/ iridóides: Folhas frescas e secas de P. major extraídas com metanol (600C). Padrão: aucubina. Eluente: n-propanol, tolueno, ácido acético glacial, água - 25:20:10:10. Revelador: vanilina/ácido sulfúrico.

Através dos cáculos dos Rf das manchas presentes nos perfis químicos cromatográficos resultantes, procedeu-se a caracterização dos constituintes através da comparação com os padrões de referências, demonstrando:

A- Ser possível diferenciar espécies de Phyllanthus, facilmente confundidas na natureza pela observação de rutina (Rf:0,10) em P. tenellus, P. amarus, P urinaria; rutina e isoquercitrina (Rf:0,38) em P. tenellus e P urinaria; quercitrina (Rf:0,57) em P. tenellus e P.niruri; ácido gálico (Rf:0,90) em P. tenellus e P. amarus; vitexina-2’’-O-ramnosídeo (Rf:0, 13) orientina (Rf:0,33) e vitexina(Rf:0,41) somente em P. niruri.

B- Presença dos terpenos citral (Rf:0,42), carvona (Rf:0,50) e linalol (Rf:0,38) como marcadores das variedades de L. alba L1, L2 e L3 respectivamente.

C- Presença de aucubina (Rf:0,30), um iridóide glicosídeo com atividade anti-inflamatória, nas duas amostras frescas e secas de P. major e uma mancha azul (Rf: 0,40) somente na segunda.

Podemos concluir que este procedimento fácil e de custo baixo, pode ser empregado nos laboratórios dos ervanários, farmácias, indústrias, escolas técnicas e universitárias, etc.., sendo pertinente para a padronização de extratos de plantas que são utilizadas em estudos fitoquímicos e farmacológicos, constituindo matéria prima vegetal certificada para a produção de medicamentos fitoterápicos.


1- Almeida, M.B.S.; Campos, D.L.; Araújo, R.B.; Ferreira, J.L.P. & Gilbert, B., XV Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil, Águas de Lindóia, SP, Resumo n0 08016, pg. 197(1998).


2- Almeida, M.B.S.; Araújo, R.B.; Soares, R.O.A.; Fernandez-Ferreira, E., Stutz, C.M.; Gibaldi, D.; Bozza, M. & Gilbert, B, III Reunião da Sociedade Latino-Americana de Fitoquímica, Gramado, RGS, Resumo P.183 (1999).


3- Almeida, M.B.S.; Araújo, R.B. & Gilbert, B. IV Jornada Paulista de Plantas Medicinais, Ribeirão Preto, SP, Resumo n0 7.01, pg. 71(1999).


4- Almeida, M.B.S.; Araújo, R.B.; Labate, B.A.M. & Gilbert , 2nd IUPAC Internacional Conference on Biodiversity, Belo Horizonte, MG, Resumo P.23, pg 116 (1999).