COMPLEXOS MISTOS DE COBRE (II) COM ADENOSINA TRIFOSFATO E AS POLIAMINAS: 1,3-DIAMINOPROPANO,

ESPERMIDINA E BIS-[(2S)-PIRROLIDINILMETIL]ETILENODIAMINA


Jacqueline Alves da Silva1 (PG), Judith Felcman1(PQ),

Rosângela S. C. Lopes 2(PQ) e Cláudio C. Lopes2 (PQ)

1Departamento de Química-Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

2Departamento de Química Analítica-Instituto de Química-Universidade Federal

do Rio de Janeiro


palavras-chave: complexos mistos, poliaminas e adenosina trifosfato


Introdução


As poliaminas naturais (PA) ou aminas biogênicas estão presentes na maioria dos organismos vivos e desempenham importantes funções em numerosos processos biológicos. Entre as poliaminas naturais, pode-se destacar: putrescina (Put - NH2(CH2)4NH2 - 1,4-butanodiamina), espermidina (Spd - NH2(CH2)3NH(CH2)4NH2 - N-(3-aminopropil)-1,4-butanodiamina) e a espermina (Spm - NH2(CH2)3NH(CH2)4NH(CH2)3NH2 - N,N’-bis(3-aminopropil)-1,4-butanodiamina).

Em meio fisiológico, pH @ 7, as PAs naturais estão na forma protonada. Por esta razão, interagem facilmente, através de pontes de hidrogênio com outras biomoléculas, entre elas, os aminoácidos e os fosfatos dos ácidos nucleicos. Portanto, os átomos doadores das PAs podem além de se coordenar com os íons metálicos, ligar-se também a grupamentos negativos das biomoléculas(1). Entretanto, a tendência destas interações não depende somente do número de aminas protonadas mas também do comprimento da cadeia metilênica da PA (2).

O presente trabalho tem como objetivo estudar, em solução aquosa, a formação de complexos mistos envolvendo o íon cobre(II) e adenosina trifosfato (ATP) (como ligante, L1) e as Pas: 1,3-diaminopropano (tn), espermidina (Spd) e bis-[(2S)-2-pirrolidinilmetil]etilenodiamina (tetra) (como ligante L2).

O íon cobre foi escolhido, por estar presente em certos nucleotídeos, atuando como cofator em várias reações enzimáticas (3).


Metodologia


As constantes de dissociação dos ligantes (ATP, tn, Spd e tetra) e as constantes de formação dos complexos binários e ternários foram determinadas potenciometricamente, em solução aquosa, dentro das mesmas condições de trabalho (250C e m=0,1M, KNO3). As titulações potenciométricas para os sistemas binários foram feitas nas proporções Cu(II):PA e Cu(II):ATP,1:1, 1:2 e 1:3 e para os sistemas ternários na proporção Cu(II):PA:ATP, 1:1:1. A partir dos dados experimentais foram determinadas as constantes de formação das espécies binárias e ternárias utilizando-se o programa SUPERQUAD e em seguida, foi feita a distribuição de espécies em função do pH, empregando-se o programa SPE.


Resultados


Tabela1- Logarítimos das constantes de formação dos sistemas binários:

Cu(II):PA e Cu(II)ATP.

Espécies

log b

Cutn

9,65 ± 0,01

CuSpd

11,34 ± 0,01

Cutetra

20,84 ± 0,01

CuATP

6,18 ± 0,01



Tabela2- Logarítimos das constantes de formação dos sistemas ternários: Cu(II):PA:ATP na proporção 1:1:1

Espécies

log b

CutnATP

24,05 ± 0,01

CuSpdATP

30,27 ± 0,01

CutetraATP

36,61 ± 0,03



Conclusões


A partir dos resultados mostrados nas tabelas 1 e 2, pode-se verificar que os valores das constantes de formação dos complexos mistos, Cu(II):PA:ATP são maiores do que a soma dos valores das constantes dos complexos binários, Cu(II):ATP e Cu(II):PA. Este comportamento sugere a ocorrência de interações intramoleculares, envolvendo os grupos aminos e os fosfatos. A intensidade destas interações, vai depender, provavelmente, do número de grupos aminos e/ou do comprimento da cadeia de carbonos entre estes grupos.



Bibliografia


1- Lomozik, L.; Gasowska, A.; Bolewski, L., Journal of Inorganic Biochemistry, 1996, 63, 191-206.

2- Lomozik, L.; Gasowska, A, Journal of Inorganic Biochemistry, 1998, 72, 37-47

3- Chaudhuri, P., Sigel, H., Journal of the American Chemical Society, 1977, 99:9, 3142-3150.


[CNPq]