FITODISPONIBILIDADE DE CHUMBO EM SOJA CULTIVADA EM SOLOS DO PARANÁ, COM APLICAÇÃO DE LODO DE ESGOTO CONTAMINADO.
Affonso C. Gonçalves Jr.1,2 (PG, PQ), Antônio C. S. Pessoa1 (PQ), Eduardo B. Luchese1 (PQ), Márcio L. Santos1 (IC), Roberto L. Cottica1 (IC), Sônia Mandotti1 (IC).
1Centro de Ciências Agrárias - Universidade Estadual do Oeste do Paraná.
2Departamento de Química - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Grupo de Pesquisa em Quitinas e Aplicações Tecnológicas - QUITECH.
Palavras-chave: chumbo, soja, lodo de esgoto.
Dentre as fontes antropogênicas de contaminação dos solos por metais pesados, destacam-se a utilização de resíduos agroindustriais, lodo de esgoto e composto de resíduo urbano. Constituintes do solo como matéria orgânica e argilo-minerais bem como pH e CTC do solo irão controlar, diminuindo ou aumentando a adsorção de chumbo aos solos, o que irá influenciar na disponibilidade do elemento para as plantas. O chumbo, apesar de ocorrer em todas as espécies vegetais, até o momento, não há confirmação alguma de que o mesmo desempenha qualquer função no metabolismo das plantas. Supõe-se que, no caso do chumbo ser essencial, um teor de 2 a 6 ppb bastaria. O presente trabalho tem como objetivo avaliar a disponibilização de chumbo do solo para as plantas de soja através da aplicação de lodo de esgoto (ETEs) contaminado, para que desta forma possamos prever o comportamento desta cultura frente a solos com elevados teores deste metal. Para avaliar a absorção de chumbo em soja (Glycine max), pela aplicação de lodo de esgoto, realizou-se em casa de vegetação, um experimento com três solos: terra roxa (TR) , latossolo roxo (LR) e podzólico vermelho escuro (PVE). O delineamento experimental constou de três doses de lodo de esgoto sem contaminação (0, 10 e 20 t ha-1), e duas doses de lodo de esgoto (10 e 20 t ha-1) com contaminação de 10.000 mg kg-1 de Pb. Após o corte, o tecido vegetal de soja foi submetido a análise de Pb por espectrometria de absorção atômica modalidade chama. A disponibilização de Pb do solo para soja, com relação aos solos utilizados, mostrou que o metal apresentou maior concentração nas plantas cultivadas no solo TR, seguido do solo LR e PVE diferenciando-se estatisticamente entre si a 5 % pelo teste de Tukey (Tabela 1). Com relação aos tratamentos, a maior disponibilização de chumbo para as plantas ocorreu com 10 e 20 t ha-1 de lodo contaminado, sendo que estes tratamentos não se diferenciaram entre si. Nos tratamentos com 0, 10 e 20 t ha-1 de lodo sem contaminação pode-se verificar que não houve diferença significativa entre as doses aplicadas, mas os próprios solos utilizados contribuiram para a disponibilização deste metal para as plantas (Tabela 2).
Tabela 1 Médias das concentrações de chumbo na parte aérea das plantas de soja cultivadas nos solos PVE, TR e LR e análise estatística com teste Tukey a 1 e 5 %.
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Solo Média (mg.kg-1) 5 % 1 %
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TR 23,400 a A
LR 22,133 b A
PVE 20,533 c B
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Médias com mesmas letras não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey.
Tabela 2 Médias das concentrações de chumbo na parte aérea das plantas de soja nos diferentes tratamentos e análise estatística com teste Tukey a 1 e 5 %.
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Tratamento Média (mg.kg-1) 5 % 1 %
(t lodo ha-1)
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0 18,000 b B
10 18,111 b B
20 17,556 b B
10* 28,889 a A
20* 27,556 a A
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* Tratamentos com lodo de esgoto contaminado (10.000 mg Pb kg-1).
Médias com mesmas letras não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey.
Gonçalves Jr., A. C.; Dissertação de Mestrado; Universidade Estadual de Maringá, Maringá-PR, 1998.
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CAPES/CNPq