LIGNANAS DE Tabebuia serratifolia
Maílcar Fernandes de Oliveira(PG)#,Telma Leda Gomes de Lemos(PQ)*,
Taciana Alves Segundo(IC)* e **Raimundo Braz-Filho(PQ).
*Departamento de Química Orgânica e Inorgânica da Universidade Federal do Ceará, #Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central da Universidade Estadual do Ceará e **Setor de Química de Produtos Naturais-LCQUI-CCT, Universidade Estadual do Norte Fluminense
Palavras chave: Lignanas, Tabebuia, Bignoniaceae
Tabebuia serratifólia(Bignoniaceae), conhecida popularmente como ipê amarelo, foi estudada fitoquimicamente através do fracionamento cromatográfico do extrato etanólico do lenho, resultando no isolamento de duas lignanas: olivil(1),isolado pela primeira vez no gênero, e 8-epi-cicloolivil(2), um epímero do cicloolivil, inédita na literatura. As lignanas são substâncias com interesse biológico1, pois muitas apresentam atividade. Outras substâncias foram por isoladas desta espécie, dentre as quais a dehidro-a-lapachona, b-sitosterol, glicosídeo do b-sitosterol, ácido 4-hidroxi-3-metoxi-benzóico e lapachol.
Isolamento e elucidação estrutural dos constituintes químicos presentes no tronco de Tabebuia serratifolia, visando principalmente isolar substâncias com atividade biológica.
Tabebuia serratifolia foi coletada em Mulungu-Ceará. O tronco, seco e pulverizado (1,8Kg), foi extraído a frio com EtOH, concentrado sob pressão reduzida, rendendo 145g de extrato etanólico(IAE). IAE foi fracionado em coluna de sílica gel com n-hexano, CHCl3, EtOAc e MeOH. O eluato obtido por extração com EtOAc(15,6g) foi cromatografado em coluna com os eluentes CHCl3, EtOAc e MeOH. As frações obtidas em EtOAc foram repetidamente cromatografadas, resultando no isolamento de 1(283mg) e 2(315mg)..
A substância 1, denominada olivil, foi obtida como um sólido amarelado, solúvel em acetona, com ponto de fusão 141-1430C, e está sendo relatada pela primeira vez no gênero Tabebuia. A sua determinação estrutural foi feita com base nos dados espectroscópicos e comparação com valores citados na literatura2,3.
A lignana 2 apresentou-se como um sólido amarelado, solúvel em metanol, e com ponto de fusão 159-1620C. O espectro de massas de 2 mostrou pico do íon molecular [M]+ com m/z 376, compatível com a fórmula molecular C20H24O7. Os sinais de RMN 1H and 13C foram atribuídos com base em várias técnicas de RMN, incluindo1H-1H COSY, DEPT, HMQC, HMBC e NOESY. O espectro de RMN1H mostrou a presença de cinco hidrogênios aromáticos[d 6.73(d, J=8.0 Hz, H-5), 6.67(d, J=1.9 Hz, H-2), 6.64(dd, J=8.0, 1.9 Hz, H-6), 6.61(s, H-2) e 6.16(s, H-5)], dois grupos metoxila[d 3.78(s, OMe-3) e 3.75(s, OMe-3)], hidrogênios metínicos em d 3.99(d, J=11.6 Hz, H-7) e 2.01(ddd, J=11.6, 2.5, 3.6 Hz, H-8), hidrogênios metilênicos[d 3.19(d, J=16.5 Hz, H-7a), 2.59(d, J=16.5 Hz, H-7b), 3.80-3.70(H-9a e H-9a), 3.56(d, J=11.2 Hz, H-9b) e 3.54(dd, J=11.2 , 4.2 Hz, H-9b)], que juntamente com os dados de RMN13C sugeriram para 2 uma estrutura plana semelhante a do cicloolivil(3)3.
A configuração relativa trans entre os hidrogênios H-7e H-8 foi estabelecida pela constante de acoplamento entre eles (J=11.6Hz), compatível com uma interação do tipo axial-axial. Essa proposição foi confirmada pelo espectro NOESY, onde foram observadas interações do H-7 com H-9, e de H-8 com H-7a, H-2 e H-6. A configuração cis ou erythro entre os grupos CH2OH localizados nos C-8 e C-8 foi também determinada pelo espectro NOESY, onde foram observadas interações dos 2H-9(CH2OH axial) com H-7b(equatorial), e H-7(axial), mas não com H-7a (axial). Esses dados revelam que H-7, 2H-9 e H-7b encontram-se no mesmo lado da molécula. A ausência de interações entre H-8e 2H-9, ou do H-7a com 2H-9 confirmam a configuração erythro para o composto. Assim, a estrutura de 2, chamada de 8-epi-cicloolivil foi estabelecida como sendo um epímero 8-b-hidroxi do (+)-cicloolivil. Foi preparado o derivado tetraacetilado(2a) e os seus dados espectroscópicos confirmaram a estrutura proposta.
O estudo fitoquímico da espécie Tabebuia serratifolia levou ao isolamento substâncias 1 e 2, pertencente à classe das lignanas, que vêm se mostrando uma classe com potencial atividade biológica.
Bibliografia
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