OXIMAS DO LAPACHOL


Maílcar Fernandes de Oliveira(PG)#,Telma Leda Gomes de Lemos(PQ)*,

Marcos Carlos de Mattos(PQ)* e **Raimundo Braz-Filho(PQ)

*Departamento de Química Orgânica e Inorgânica da Universidade Federal do Ceará, #Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central da Universidade Estadual do Ceará e **Setor de Química de Produtos Naturais-LCQUI-CCT, Universidade Estadual do Norte Fluminense


Palavras-chave: lapachol, tabebuia, oximas

INTRODUÇÃO O lapachol(I) é uma quinona encontrada em várias espécies do gênero Tabebuia (Bignoniaceae). O interesse por esse substância é devido ao fato de apresentar inúmeras atividades biológicas, que incluem atividade anti-cancerígena (carcinoma de Walker 256, carcinoma de Ehrlich, sarcoma de Yoshida, carcinoma das células da cavidade oral, adenocarcinoma hepático)1, antiinflamatória tópica2, analgésica3, antimicrobiana, além de atividade contra Schistosoma mansoni (esquistossomose)4, Plasmodium falciparum (malária)5 e Aedes aegypti ( transmissor da dengue)6.

Visando obter derivados do lapachol e os respectivos dados de atividade biológica optou-se por reações onde fossem introduzidas aminas no C-2 do lapachol. A escolha por derivados aminados foi feita baseada em trabalho da literatura7 com algumas quinonas, que revelaram a potencialidade destes derivados como agentes anticancerígenos. Em trabalho anterior relatamos a síntese de derivados onde utilizamos as aminas piperidina, pirrolidina e morfolina--, cujos resultados dos testes anticancerígenos mostraram para um dos derivados atividade dez vezes maior que o lapachol e estão sendo submetidos a publicação na revista Planta Médica. Dando continuidade à obtenção dos derivados aminados do lapachol foi feita reação com hidroxilamina tentando introduzir esse grupo no C-2 conforme resultados obtidos com as aminas anteriores.

Objetivos

Estudar a reatividade do lapachol frente a diversos compostos nitrogenados e obter dados de atividade biológica dos derivados preparados.

Metodologia

Dissolveu-se em um balão 1,71 g de cloridrato de hidroxilamina em 15mL de metanol e adicionou-se 200mg de lapachol. A mistura reacional foi mantida sob refluxo e agitação magnética durante 6 h. Ao produto bruto foram adicionados 15mL de água e 15 mL de acetato de etila ,a fase orgânica foi separada lavada com água i tratada com sulfato de sódio anidro, filtrada e evaporada obtendo-se (216mg). O produto obtido foi lavado com hexano a quente com dissolução parcial do material bruto obtendo-se 56 mg do material de partida. A parte insolúvel (160mg) foi chamada de Lapidroxi (ins.hex) .CCD das amostras mostrou que Lapidroxi (ins.hex) era constituída por algumas substâncias, sendo uma delas predominante, . Cromatografia em coluna de sílica gel de Lapidroxi (ins.hex) levou ao isolamento de 90 mg de Lapidroxi-2-1(II) e 15 mg de Lapidroxi-2-2(III).

Resultados

Obteve-se na reação do lapachol com cloridrato de hidroxilamina duas novas oximas, denominadas Lapidroxi-2-1(II) e Lapidroxi-2-2(III), resultantes do ataque do nitrogênio a um dos carbonos carbonílicos, seguido de ciclização.. Os produtos obtidos mostraram que no meio reacional houve predominância de um dos tautômeros do lapachol, conforme mostrado no equilíbrio abaixo. Lapidroxi-2-1(I) foi obtido como o produto principal da citada reação, apresentando-se como um sólido cristalino amarelo, solúvel em clorofórmio e com ponto de fusão152-1530C. O produto minoritário, denominado lapidroxi-2-2(II), apresentou-se como um sólido amarelo, solúvel em clorofórmio e com ponto de fusão 217-2180C. A determinação estrutural dos compostos foi feita através dos dados espectroscópicos de RMN1H e 13C, incluindo técnicas bidimensionais(COSY, HMBC, HMQC).





Conclusão

Os produtos obtidos mostraram que diferente dos demais compostos nitrogenados obtidos pela substituição do grupo hidroxila por amina no C-2, a reação com hidroxilamina se deu nos carbono carbonílico C-1 ,seguido de ciclização, produzindo oximas.

Referências Bibliográficas

1.Santana,C.F. et al., Rev.Inst.Antib.Recife, 1980/1,20(1/2). 2.Santos, E.R.Prista, Rev. Port.Farm.,1991,41(3),15-20. 3.Grazziotin,J.D.,Schapoval,J. Ethnopharmacol. Farm., 1992,36(3),249-251. 4.Gilbert,B.,Souza,J.P.,AnaisAcad. Bras. Ciênc., 1970, 42(Supl), 397-400. 5. Carvalho, L.H., et al., Braz. J. Med. Biol. Res., 1988, 21(3), 485-487. 6. Lemos, T.L.G., Oliveira, M.F., Santiago, G.M.P., Mattos, Resumos 22a.Reunião Anual da SBQ, 1999, QB 022. 7. Naylor, M.A., Jaffar, M., et al., J.Med.Chem., 1997, 40, 2335-2346.

CAPES/CNPq/BNB