AVALIAÇÃO DE POLUENTES QUÍMICOS E

MATERIAL PARTICULADO NO AR DE INTERIORES DE

RESIDÊNCIAS NO RIO DE JANEIRO


Sônia Maria de Almeida (PG)1,3; Andrea Rodrigues Calazans (IC)1; Leila S. da Rocha Brickus (PQ)2; Francisco Radler de Aquino Neto (PQ)1; Josino Costa Moreira (PQ)2


1- LADETEC-DQO-IQ-UFRJ / ladetec@iq.ufrj.br; 2- ENSP-CESTEH –Fiocruz;

3-Centro Federal de Educação Tecnológica em Química/Unidade RJ


Palavras-chave: Material Particulado, COV, Qualidade do ar, Ambiente fechado.


Compostos contendo carbono são os principais componentes da atmosfera de áreas industrializadas e urbanizadas. As emissões de compostos orgânicos voláteis (COV) por veículos e indústrias contribuem para a formação de “smog” fotoquímico. Os riscos à saúde associados à exposição aos compostos orgânicos voláteis podem variar desde a irritação nas vias respiratórias, fadiga, falta de ar, até o desenvolvimento de doenças graves como o câncer.

Grande parte dos trabalhos sobre COV, em atmosferas urbanas realizados inicialmente no Brasil, voltou-se para o estudo de aldeídos devido à utilização de etanol como combustível alternativo para os veículos no país. Além disso, a prática bastante difundida de empregar álcool na limpeza doméstica poderia ser causa importante de poluição interna. A carga poluente oriunda de atividades industriais não é, ainda, bem discriminada. O problema se agrava quando estes poluentes produzidos pelas fábricas são disseminados para o ar urbano afetando os trabalhadores, assim como seus familiares que, muitas vezes, vivem nas proximidades do local de trabalho.

A qualidade do ar de interiores tem recebido muita atenção no Brasil devido à descoberta de que taxas reduzidas de troca de ar nesses ambientes ocasionam um aumento considerável na concentração de poluentes químicos e biológicos (1). Há muitas fontes de COV tais como, materiais de construção, aerossóis, óleos de cozinha, produtos de limpeza, desodorizantes, tintas, corretivos, adesivos, plásticos, papéis, tecidos, colas, etc.

A baixa qualidade do ar em residências pode ter implicações muito sérias no estado de saúde da população, pois a maioria dos indivíduos passa grande parte de seu tempo em casa.

Esse trabalho teve como objetivo identificar e quantificar, em residências no Estado do Rio de Janeiro, os compostos orgânicos voláteis e material particulado (MP), assim como, avaliar o impacto de sua presença nesses sítios.

Foram efetuadas amostragens de COV com bomba de vácuo de diafragma acoplada a um cartucho de XAD-2 (SKC, Inc./226-30), em série com um cartucho de carvão ativado (SKC,Inc./226-01). A coleta foi feita por 24 horas com um fluxo de 1,00 l/min.

As amostras foram extraídas dos cartuchos com 1,00 ml de diclorometano (grau pesticida), analisadas por CG/EM para identificação dos componentes e por CG/DIC para sua quantificação, utilizando tolueno deuterado como padrão interno. Foram identificados vários indicadores de poluição tais como derivados benzênicos e hidrocarbonetos de alto peso molecular.

A amostragem de material particulado foi efetuada, por 24 horas com um fluxo de 10,0 l/min, com bomba de vácuo de diafragma acoplada a um filtro de policarbonato devidamente acondicionado em um suporte e a matéria particulada foi determinada por gravimetria. Foram escolhidos dez pontos de amostragem e foram determinadas quantidades preocupantes em alguns desses ambientes.

As concentrações de COVT nos pontos mais críticos se apresentaram em torno de 700 mg/m3. E os compostos identificados foram: acetato de etila, hexano, 3-metilhexano, octano, nonano, decano, metilciclopentano, metilciclohexano, limoneno, benzeno, tolueno, etilbenzeno, o-xileno, m-xileno, p-xileno, propilbenzeno.

O mais alto índice de material particulado (48,20 mg/m3) foi encontrado em Campos dos Goytacazes, no entanto, o valor médio obtido para as cidades amostradas se manteve num nível aceitável de acordo com o gráfico abaixo.

  1. Copacabana

  2. Tijuca

  3. Madureira

  4. Nilópolis

  5. Angra dos Reis

  6. Niterói

  7. Petrópolis

  8. Teresópolis

  9. Resende

  10. Campos dos Goytacazes

Em Campos, a população se queixa de problemas respiratórios quando da queima das plantações de cana de açúcar durante a colheita, portanto, eram esperados valores elevados de MP e COV.

Copacabana apresentou valores altos de MP, provavelmente devido ao intenso tráfego de veículos, má ventilação do ar exterior e uso de carpete. Teresópolis apresentou a menor influência do ar externo. Petrópolis e Nilópolis apresentaram os menores valores de MP. Madureira é um bairro muito populoso e tem um tráfego intenso de veículos a diesel, então, eram esperados valores altos de MP e COV.

Residências no Rio de Janeiro nunca haviam sido avaliadas em termos de qualidade do ar de interiores. Acredita-se que esse estudo, somado a outros que vêm sendo feitos na área, possa permitir às autoridades brasileiras tomar ações preventivas, corretivas e punitivas no controle da poluição atmosférica.

O Rio de Janeiro é um lugar com muita área verde, portanto, não se esperaria encontrar concentrações muito altas de poluentes. Como foram encontrados valores relativamente altos em alguns pontos pode-se imaginar qual é a situação de cidades grandes, com tráfego intenso e menor área verde.

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1. Brickus, L. S. R. e Aquino Neto, F. R. (1999). A qualidade do ar e a química. Quim.Nova. Vol. 22(1): 1-10. (CNPq, FAPERJ/FIOCRUZ e FUJB)