FLUXO DE ÁGUA ATRAVÉS DE MEMBRANAS DE ACETATO DE CELULOSE DO BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR RECICLADO.
Ricardo Chagas da Silva (IC), Carolina Ribeiro Figueiredo (PG)a, Rosana Maria Nascimento de Assunção(PQ) , Guimes Rodrigues Filho (PQ).
Instituto de Química da UFU-Uberlândia-MG
a.Instituto de Química da USP-São Carlos-SP
palavras-chaves: reciclagem, fluxo de água, bagaço de cana.
Introdução: O bagaço de cana-de-açúcar pode ser reciclado para produzir acetato de celulose. Os acetatos são produzidos por reações homogêneas e heterogêneas1. Esses materiais podem ser utilizados como membranas em processos de separação como por exemplo na hemodiálise2. Uma característica importante para o material ser utilizado como membranas é o fluxo de água através do mesmo.
Objetivo: O objetivo do trabalho foi produzir membranas de acetato de celulose e caracterizá-las pelo fluxo de água através das mesmas.
Método: O bagaço foi purificado2 e acetilado homogeneamente3. A acetilação foi confirmada através da espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier ( FTIR), com o material na forma de pastilhas com KBr. As membranas foram produzidas de acordo com o procedimento descrito por Filho et al.4, isto é, primeiramente determinou-se a solubilidade dos acetatos produzidos em diclorometano, a seguir, preparou-se soluções 5 % p/p do polímero neste solvente e as mesmas foram espalhadas com o auxílio de um espalhador fixo sobre placas de vidro. Como as membranas não se destacavam das placas foi necessário repetir-se o processo de espalhamento várias vezes a partir da abertura nominal do espalhador. Para a escolha da espessura seca final desejada, gráficos da espessura úmida versus a espessura seca foram utilizados4. A Figura 1 mostra um gráfico típico desse tipo para uma abertura de 200 mm, ou seja, para a obtenção de uma espessura seca de 40 mm, por exemplo, foi necessário espalhar a solução 4 vezes em intervalos de 10 segundos. As membranas foram destacadas mergulhando-se as placas em água à temperatura ambiente. As membranas foram secas à temperatura ambiente e tiveram espessuras de 40 e 50 mm. O fluxo de água foi determinado pela técnica do copo de Payne4.
Resultados: A Figura 2 mostra os resultados de FTIR e de perda de massa de água em função do tempo. O FTIR confirma que o material foi acetilado (banda de carbonila em 1750 cm-1). Com as curvas de perda de massa de água o fluxo foi calculado, em regime de estado estacionário, usando a equação, J = Dm / Dt.A (1), onde Dm / Dt é a tangente das retas e A é a área da membrana. Os fluxos estão apresentados na Tabela 1. A Tabela mostra que os materiais homogêneos apresentam um maior fluxo de água do que os heterogêneos4. Isto está relacionado ao fato de que os materiais homogêneos são mais amorfos do que os heterogêneos1.
Figura 1. Espessura úmida versus espessura seca para uma abertura de 200 mm4.
Figura 2. FTIR e perda de massa de água.
Tabela 1. Fluxo de água
Material |
L[[mm] |
J [gs-1cm-2] |
Homo |
40 |
1,97.10-6 |
Hetero4 |
40 |
1,24.10-6 |
Homo |
50 |
1,42.10-6 |
Hetero4 |
50 |
9,82.10-7 |
Conclusão: Este trabalho mostrou que é possível produzir membranas de acetato de celulose a partir do bagaço reciclado empregando-se o processo homogêneo ( processo industrial).
Bibliografia:
1. J-F Sassi and H. Chanzy, Cellulose, 2, 111,1995.
2. G. Rodrigues Filho, D. A. Leal, D. S. Peres and R. Ruggiero, J. Membrane Sci., 111, 143 ,1996.
3. E. Samios , R. K. Dart and J. V. Dawkins, Polymer,35, 3045(1997).
4. G. Rodrigues Filho, S. F. da Cruz, D. A. Cerqueira, V. S. Prado and R. M. N. de Assunção, V Congresso Brasileiro de Polímeros, CBPOL124, Águas de Lindóia-SP, Novembro, 1999.
Agradecimentos:
Os autores agradecem ao Grupo de Eletroquímica e Polímeros do Departamento de Química da UFSCar.