ESTUDO DA COLORAÇÃO DE AÇOS INOXIDÁVEIS PELO MÉTODO DE VARREDURA TRIANGULAR DE CORRENTES
Elaine Kikuti (PG), Rosangela Conrrado (PG), Romeu C. Rocha-Filho (PQ),
Sonia R. Biaggio(PQ) & Nerilso Bocchi (PQ)
Departamento de Química, Universidade Federal de São Carlos
Palavras-Chave: processo de coloração, aços inoxidáveis, varredura triangular de correntes.
A demanda de aços inoxidáveis coloridos tem sido cada vez mais crescente, pois o filme de óxido colorido apresenta características ornamentais, além de melhorar a resistência à corrosão do aço. Existem na literatura diversos métodos de coloração de aços inoxidáveis1-6. Neste trabalho aplicou-se o método de varredura triangular de correntes proposto por Ogura et al.7, que apresenta vantagens frente aos outros métodos propostos anteriormente, pois seu controle é galvanostático e permite trabalhar à temperatura ambiente com uma solução altamente agressiva. Por este método, várias cores de filmes de óxido são produzidas sobre aço inoxidável em solução de ácido crômico e sulfúrico. A espessura dos filmes interferentes depende linearmente do tempo de eletrólise e da velocidade de varredura de correntes. Este trabalho teve como objetivo comparar propriedades dos filmes de óxidos coloridos obtidos pelos métodos de varredura triangular de correntes7 e de pulsos alternados de potencial anteriomente estudados8-9.
O material utilizado foi o aço inoxidável AISI 304 no 2B da ACESITA. Realizou-se como tratamento superficial desengraxe em acetona por 10 minutos sob agitação ultrassônica. Em seguida, as amostras foram submetidas a uma polarização catódica com densidade de corrente de 1,0 mA cm-2, por 15 minutos, em solução aquosa de HNO3 (1,0 mol L-1). Uma célula eletroquímica convencional foi usada para a coloração das amostras de aço. Utilizou-se dois contra eletrodos de platina em espiral, eletrodo de referência de Hg/Hg2SO4 e como eletrodo de trabalho uma tira de aço inoxidável 304. A temperatura da célula eletrolítica foi mantida em 25oC ± 0,5, com o auxílio de um banho termostático . A solução eletrolítica era composta de ácidos crômico (2,5 mol L-1) e sulfúrico (5,0 mol L-1). Para a coloração, a amostra foi imersa na solução eletrolítica e, em seguida, a programação de varredura triangular de correntes do potenciostato/galvanostato PARC modulo 273A era acionada para variar os valores de correntes entre Imax = 8,0 mA e Imin = -3,24 mA, a velocidade de 9,0 mA s-1.
As cores interferentes exibidas por filmes de óxidos crescidos sobre aço são resultado de diferentes espessuras destes filmes. Assim, neste trabalho obteve-se várias cores de filmes de óxidos, dependendo do tempo de eletrólise usado e do método de coloração aplicado. A Fig. 1 mostra que a espessura dos filmes de óxidos coloridos,obtidos tanto pelo método de varredura triangular como pelo método de pulsos alternados de potencial, aumenta com o tempo de eletrólise. É importante ressaltar que os valores de espessura obtidos por ambos os métodos aplicados são
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Figura 1: Espessuras dos filmes de óxidos coloridos pelos métodos (A) de varredura triangular de correntes e (B) de pulsos alternados de potencial (E2 - E1 = 0,41 V) em função do tempo de eletrólise.
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próximos daqueles obtidos anteriormente por Ogura et al.7. A reprodutibilidade na obtenção de amostras coloridas foi avaliada por inspeção visual, pelos valores de espessura e também por coordenadas cromáticas. Observou-se reprodutibilidade satisfatória para amostras coloridas pelos métodos de varredura triangular de correntes e de pulsos alternados de potencial. Entretanto, deve-se assinalar que a coloração de amostras de aço pelo método de pulsos alternados de potencial exige um controle rigoroso do potencial do eletrodo de aço. Esta exigência obriga a utilização de um eletrodo de referência muito estável, o que nem sempre é conseguido na solução eletrolítica empregada neste método. Assim, o método de varredura triangular de correntes mostrou-se muito mais prático que o de pulsos alternados de potencial. Além disso, este método é bastante eficiente e mais seguro que o convencional (oxidação química) para a coloração de amostras de aço inoxidável.
1. T. E. Evans, A. C. Hart, H. James & V. A. Smith, Trans. Inst. Met. Finish., 50, 77 (1972).
2. T. E. Evans, A. C. Hart & A. E. Skedgell, Trans. Inst. Met. Finish., 51, 108 (1973).
3. T. E. Evans, Corros. Sci., 17, 105 (1977).
4. T. E. Evans & H. James, Brit. Pat. 1 089 0496 (1991).
5. K. Ogura, M. Tsujigo, K. Sakurai & J. Yano, J. Electrochem. Soc., 140, 1311 (1993).
6. K. Ogura, K. Sakurai & S. Uehara, J. Electrochem. Soc., 141, 648 (1994).
7. K. Ogura, W. Lou & M. Nakayama, Electrochim. Acta. 41, 18 (1996).
8. R. Conrrado, R. C. Rocha Filho, & N. Bocchi, Anais do VI Seminário Brasileiro de Aço Inoxidável-INOX'99. São Paulo (SP), (1999).
9- R. Conrrado, Dissertação de Mestrado. São Carlos, PPGQ- UFSCar, (1998).
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