ESTUDOS DA CITOXICIDADE EM DIFERENTES EXTRATOS DE Rubus imperialis (Rosaceae), BIOMONITORADO SOBRE Artemia salina LEACH


Rivaldo Niero (PG) 1,2, Jean Carlo Benassi (IC)1, Valdir Cechinel Filho (PQ) 2, Rozangela Curi Pedrosa ( PQ) 1 e Rosendo Augusto Yunes (PQ) 1


1Departamento de Química e Departamento de Bioquímica – CFM/CCB-UFSC

Florianópolis - SC

2Núcleo de Investigações Químico – Farmacêuticas - NIQFAR/CCS - Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) -Itajaí – SC


Palavras - chave: Rubus imperialis, toxicidade, Artemia salina


A utilização de bioensaios para o monitoramento da bioatividade de extratos, frações e compostos isolados de plantas tem sido frequentemente incorporada à pesquisa fitoquímica. Dentre estes ensaios biológicos encontra-se o ensaio de citotoxicidade com Artemia salina (BST- Brine Shrimp Test). Vários trabalhos utilizam sistematicamente o BST na avaliação prévia de extratos de plantas conhecidas como antitumorais (Siqueira, 1998). As frações ou substâncias ativas neste ensaio são posteriormente testadas em diferentes culturas de células tumorais, geralmente obtendo-se uma boa correlação.

As plantas pertencentes ao gênero Rubus são amplamente utilizadas na medicina popular para o tratamento de diversas patologias, principalmente diabetes (Flatt et al, 1990). No Brasil, R. imperialis é conhecida como “amora branca ou amora do mato” , sendo muito usada no tratamento de processos dolorosos e inflamatórios (Cirilo,1993). Estudos recentes desenvolvidos em nossos laboratórios demonstraram que esta planta, apresenta potente ação antinociceptiva, relacionada com a presença de um triterpeno glicosilado denominado Niga-ichigosideo F1 (Niero et al, 1999). O presente estudo teve por objetivo avaliar a citotoxicidade de diferentes extratos das várias partes da R. imperialis pelo teste BST, no intuito de monitorar a bioatividade dos extratos e frações desta planta. Neste contexto, a planta foi separada em raízes, caules, folhas e partes aéreas total, as quais foram trituradas, secas a temperatura ambiente e maceradas com metanol durante 8 dias. Após evaporação do solvente sob pressão reduzida, os extratos foram acondicionados em dessecador para eliminação da umidade. Os ensaios de toxicidade foram realizados conforme método de McLaughlin (1981) , onde 2 mg/ml dos extrato hexânico (EH), butanólico (EB) , acetato de etila (AE) das partes aéreas e extrato metanólico das folhas (EMF), caule (EMC) e raiz (EMR) e do controle positivo (sulfato de quinidina) preparados em solução aquosa de sal marinho sintético (38g/L) com 1% DMSO (v/v) foram incubadas em placas “multiwell” durante 48 horas com Artemia salina (n=10) a 30 0C. Após incubação foi feita contagem do numero de microcrustáceos mortos e calculada a percentagem de mortalidade . Os extratos foram considerados ativos quando BST foi menor que 1000 ppm (Meyer et al, 1982).




Os resultados obtidos são apresentados na tabela 1, onde pode-se observar um claro efeito citotóxico do extrato metanólico das raízes da R. imperialis, seguido de um efeito moderado do extrato metanólico do caule. Estudos fitoquímicos preliminares com EBM das raízes e do caule e fração acetato de etila das partes aéreas demonstraram a presença de triterpenos , particularmente Niga-ichigosideo F1.


Tabela 1. Citotoxicidade de vários extratos obtidos a partir das partes aéreas, folhas, caules e raízes da R. imperialis e sulfato de quinidina (2mg/ml) utilizando o teste BST.


Extratos

Mortalidade (%)

LC50 estimada (ppm)

EH partes aéreas

20,83

480,00

EB partes aéreas

16,36

611,20

AE partes aéreas

38,33

260,90

EMF

25,83

387,10

EMR

90,00

111,10

EMC

49,17

203,40

Sulfato de Quinidina

75,00

133,30



Considerando que Niga-ichigosideo F1 mostrou-se inativo, podemos concluir que as raízes e os caules da R. imperialis possivelmente possui outros compostos bioativos com potencial para o estudo de ação antitumoral, sendo portanto passível de passar para uma segunda fase de ‘screening” onde os extratos deverão ser testados em linhagens de células tumorais.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


Cirilo, V.K. Manual de Plantas Medicinais, 44a ed.; Assessoar, Francisco Beltrão: Paraná, Brasil, 1993.


Flatt, S. K.; Day, C.; Bailey, C. J.; Flatt, P. R. Diabetologia 1990, 33, 462.


Meyer, B. N., Ferrigini, N. R. and McLaughlin, J. L. Planta Med. 1982, 45, 31.


Niero, R., Montanari, J. L.; Cechinel-Fillho, V.; De Souza, M. M.; Delle Monache, F. and Yunes, R. A. J. Nat. Prod. 1999, 62 (8): 1145.


Siqueira, M. J., Bonm, D. M. e Pereira, N. F. G. Quim. Nova. 1998, 21 (5), 557.


Apoio : CNPq/CAPES/UNIVALI