Avaliação das Características Físico-Química
do Óleo de Fevillea trilobata
Departamento de Alimentos1, Departamento de Química2- UFPB . João Pessoa - PB
Palavras-chaves: a) Fervillea trilobata b) sementes c) ácidos graxos
1. Introdução
Óleos e gorduras são importantes constituintes no preparo de uma variada gama de produtos alimentícios, tais como recheios, coberturas, produtos de panificação, sorvetes, frituras, maioneses e margarinas. É de importância fundamental o conhecimento de sua composição química e propriedades físicas, para melhor controle de processos e estabelecimento de padrões para cada uso específico [1].
O Brasil, além de ser o segundo maior produtor mundial de soja, uma das principais matéria-prima para a produção de óleo, detém um diversificado número de oleaginosas com alto potencial para agroindústria[2].
Os óleos vegetais extraídos de sementes oleaginosas - silvestres e cultivadas, são empregadas com finalidades na medicina popular para debelar diferentes males e na alimentação para frituras e culinária de um modo geral. As sementes de F. trilobata, planta da família Cucurbitacea, conhecida popularmente como Nhandiroba trata-se de uma trepadeira de grande porte, de folhas cardiforme com 3-5 lóbulos granuloso. Frutos esféricos, trilocular medindo de 11 a 15 cm de diâmetro, contendo 8 a 10 sementes em forma de disco achatado de 5 a 8 cm de diâmetro. As sementes são empregadas contra inflamação do fígado e icterícia, são também, purgativa e tônica[2].
2. Objetivo
O objetivo do nosso estudo foi o de determinar a composição centesimal e as características físicas das sementes de F. trilobata, além de extrair o óleo para avaliar suas propriedades físico-químicas e determinar a composição em ácidos graxos, estabelecendo seu uso específico para industrialização.
3. Método
Foram coletadas os frutos de F. trilobata em dez/99, na reserva florestal da UFPB. As sementes foram selecionadas limpas e secas em secador de bandejas a 60°C por 5 horas. Foram determinadas as caraterísticas físicas como; diâmetro e peso unitário. Em seguida, foram separadas em amêndoas, mesocarpo e casas, sendo trituradas em moinho mecânico, e o óleo extraído em aparelho tipo Soxhlet usando n-hexano, por 12 horas. Foram realizadas as análises químicas do óleo bruto das sementes: Índice de iodo (wijs), pelo método A.O.C.S, [6] Cd 1b-87; Índice de sabões, pelo método A.O.C.S. Ce 17- 79; Fósforo: pelo método A.O.C.S. Cd 15- 25; Índice de peróxido pelo método A.O.C.S. NP-904, Clorofila pelo método A.O.C.S Cc 13b-45; SFC pelo método A.O.C.S. Cd 16b -93, Ponto de fusão pelo método A.O.C.S. e cor pelo método A.O.C.S NP-937. Composição centesimal da amêndoa e do mesocarpo: umidade, lipídios, proteínas totais, cinzas e fibras, pelo método do Instituto Adolfo Lutz; [7]. A composição de ácidos graxos foi determinada por CG – modelo HP 5890 ; com detector de ionização de chama, Coluna HP- Innowax; Temperaturas: coluna 120oC; injetor 220oC e detector 250oC, fluxo de hélio de 1ml/min e pressão de 11,5 mTorr.
4.Resultados e Discussão
As análises físicas das sementes apresentaram 71,7% de amêndoa, 27,0% de casca e 1,3% de mesocarpo.
Os resultados encontrados para o óleo bruto extraído das amêndoas de F. trilobata foram: 0,48% de acidez; 42,0198mg/mL de fósforo; 34,22 de SFC; 21,6ºC de ponto de fusão; 71,6 índice de iodo; 8,32 índice de peróxido; 140,6mg/mL índice de sabão, coloração (1,8 red; 22,0 yellow) e odor característico. Observar-se que em termos quantitativos o teor de lipídios encontrado foi superior aos das sementes oleaginosas já comercializadas a exemplo da soja (18 - 20%) e do algodão (18 -20%). Os constituintes majoritários no mesocarpo foram os ácidos palmítico (16:0) –26,53%; ácido esteárico (18:0) - 20,47%; ácido oléico (18:1) - 10,86% e o ácido linoléico (18:2) - 7,97%. Nas amêndoas foram os ácidos palmítico (16:0) – 30,97%; ácido esteárico (18:0) –16,03%; ácido oléico (18:1) - 12,60% e o ácido linoléico (18:2) - 7,85%. O conjunto dos resultados das análises demonstraram que os óleos das sementes de F. trilobata apresentaram 48% de gordura saturada.
A composição centesimal da amêndoa foi 5,64% de umidade; 51,48% teor de lipídios; 33,1g/100g de proteínas; 1,85g de fibra; 8,1 % de amido e 0,046g de cinza, enquanto que, no mesocarpo foi encontrado 4,18% de umidade; 37,38% de teor de lipídios; 31,1g/100g de proteínas; 6,30g de fibra e 0,035g de cinza .
5.Conclusão
O conjunto dos resultados das análises demonstraram que os óleos das sementes de F. trilobata apresentam um excelente rendimento em óleo em relação a várias oleaginosas comercializadas, além de apresentar um alto teor protéico. Os óleos apresentam 48% de gordura saturada podendo ser aproveitado para produção de margarina, por não necessitar de hidrogenação e não conter concentrações significativas de ácidos trans, tornando-o mais saudável para alimentação humana.
[1]Fry, J. Brasil pode ser no Futuro o Principal Produtor Mundial de Óleo de Palma. Óleo & Grãos. Ano VII n° 47, p. 30-35, 1999.
[2]VIANNI, R.; BRAZ-FILHO, R. Ácidos Graxos Naturais: Importância e Ocorrência em Alimentos. Química Nova, v.19,nº4, p.400-4007, 1996.
[3]AOCS – Official Methods and Recommended Practces of the Americam Oil Chemists’ Society. 3rd ed., Champaing (1988).
[4]INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. Métodos Químicos e Físicos para Análise de Alimentos. Volume 1, 3a ed., São Paulo, .A.L., 1985.
CNPq, CAPES