ESTUDO DO PROCESSO DE PIRÓLISE DO LÍQUIDO DA CASTANHA DE CAJU – LCC.


Souza, João Sammy Nery de(IC) e Morais, Selene Maia de(PQ).

Departamento de Física e Química, Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual do Ceará, Av. Paranjana 1700 – Campus do Itaperí, Serrinha, Fortaleza, CE 60470 – 000, Brasil.


Palavras-chave: líquido da castanha de caju, pirólise, alquilfenol.

INTRODUÇÃO

O LCC (líquido da castanha de caju) é uma mistura de m-alquenil-fenóis diferindo no grau de insaturação da cadeia lateral. O LCC é um subproduto das indústrias de beneficiamento da castanha. Atualmente, o LCC é um produto de pouco valor comercial apesar do seu grande potencial como matéria-prima para obtenção de derivados mais importantes1. Trabalhos anteriores sobre a pirólise do LCC, em meio básico, mostram que são produzidos dois tipos de materiais, um com propriedades e usos como solvente e outro apresentando propriedade bactericida. Estudos preliminares sobre a análise destes materiais mostraram que o solvente produzido na pirólise tinha natureza de hidrocarboneto e o outro material era constituído principalmente de meta-cresol um poderoso bactericida2. Neste trabalho foi realizada a pirólise em meio alcalino, observando-se o tempo de aquecimento.

Ácido anacárdico: R1 = COOH, R2 = H

n = 0,2,4,6. Cardanol : R1 = H , R2 = H

Cardol : R1 = H , R2 = OH

-n

OBJETIVO

Estudar o processo de pirólise do líquido da castanha de caju (LCC), visando correlacionar variáveis de processo para obtenção de compostos com maior valor agregado, principalmente, aqueles que apresentam ação farmacológica relevante para a transposição em escala industrial.

METODOLOGIA

O LCC, previamente aquecido a 190 0C por três horas, foi submetido , primeiramente, a aquecimento com refluxo na presença de 40 g de hidróxido de sódio (H2SO4) por duas horas. Depois, realizou-se a destilação da mistura reacional até não mais se obter o destilado 1. Posteriormente, realizou-se uma outra experiência com os mesmos equipamentos e procedimentos anteriores para a obtenção do destilado 2, modificando apenas o tempo de aquecimento com refluxo para quatro horas. Os produtos foram analisados por cromatografia de gás acoplada ao espectrômetro de massa no Parque de Desenvolvimento Tecnológico do Ceará (PADETEC/UFC)3,4.

RESULTADOS

A análise dos destilados 1 e 2 estão dispostos na tabela 1 .

Tabela 1 – Constituintes químicos dos produtos de pirólise do LCC em meio alcalino com duas horas de aquecimento (destilado 1) e quatro horas (destilado 2).

Destilado 1 Destilado 2

CONSTITUINTES

TEOR (%)

CONSTITUINTES

TEOR (%)

1-etil-4-metil-benzeno

5.25

nonano

8.22

decano

3.36

1-etil-4-metil-benzeno

4.54

undecano

2.73

1-deceno

4.97

1-butil-4-metil-benzeno

3.06

decano

6.86

1-dodeceno

3.02

butil-benzeno

2.91

5-etil-2-metil-fenol

2.94

(E)-4-undeceno

5.95

1-trideceno

2.98

undecano

7.92

tridecano

3.15

(Z)-3-dodeceno

5.63

2-metil-5-propil-fenol

3.00

dodecano

3.64

3-butil-fenol

5.10

6-trideceno

3.17

4-n-hexil-2-metil-benzeno

4.33

1-trideceno

4.22

1,11-dodecadieno

2.62

tridecano

8.17

1,13-tetradecadieno

4.20

5-tetradeceno

7.29

1-tetradeceno

4.47

tetradecano

2.92

3-pentil-fenol

11.69

octil-benzeno

3.20

3-hexil-fenol

13.92



3-heptil-fenol

8.43



3-pentadecil-fenol

3.79



No destilado 1, obteve-se 48.87% de alquilfenóis, 39.17% de hidrocarbonetos (destes, 12.64% foram alquilbenzenos), 11.94% substâncias não identificadas.

No destilado 2 , no entanto, obteve-se 79.60% de hidrocarbonetos (destes, 10.65% foram aquilbenzenos), 20.38% de substâncias não identificadas.

CONCLUSÃO

Pela análise dos produtos obtidos nas duas pirólises, verificou-se que o tempo de aquecimento é muito importante para obtenção do tipo de produto desejado. Com duas horas, foram formados, principalmente, alquilfenóis; já com quatro horas, foram obtidos, exclusivamente, hidrocarbonetos no destilado, provenientes da quebra dos alquilfenóis.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  1. AGGARWAL, J.S. – Cashew Nut Shell Liquid: Part I – Chemistry, Chemicals and Products from it. J. Colour Soc., 14(3): 1-9, 1975.

  2. MORAIS, S.M. – Propriedades e ações farmacológicas do líquido da castanha de caju (LCC), seus constituintes e derivados, Rev. Bras. Farm., 74 (4) : 87-90, 1994.

  3. ALENCAR, J.W., CRAVEIRO, A.A., MATOS, F.J.A., Kovats indices as a preselection routine in mass spectrs library search of volatiles. J. Nat. Prod., 47, 890-892 (1984).

  4. ADAMS, R.P., Identification of Essencial Oils by Ion Trap Mass Spectroscopy, Academic Press, London (1989).

Agência financiadora do trabalho: FUNCAP/Fund. Cearense de Amparo à Pesquisa.