CARACTERIZAÇÃO DA FRAÇÃO LIPÍDICA DE AMÊNDOAS DE STERCULIA STRIATA


Andréa dos Santos Barbosa (IC), Mariana Helena Chaves (PQ),

José Machado Moita Neto (PQ)

Departamento de Química - Centro de Ciências da Natureza

Universidade Federal do Piauí e-mail: mariana@ufpi.br


Palavras-chave: Sterculia striata; Sterculiaceae; ácidos graxos


Existem na flora nativa brasileira e, especialmente, no Piauí e Maranhão, espécies pouco conhecidas e estudadas que apresentam potencialidades para o mercado de nozes, em função do sabor agradável de suas amêndoas. Entre elas, destaca-se a Sterculia striata St. Hill. et Naud (Sterculiaceae), conhecida como chichá. O conteúdo de proteínas da noz de chichá situa-se na mesma faixa de valores da castanha de caju (20%), gergelim (20%) e amendoim (25%), diferenciando-se destas, por apresentar um baixo teor de gorduras (30,2%), segundo dados da Embrapa Meio-Norte - PI. O objetivo deste trabalho foi caracterizar e determinar a constituição química da fração lipídica de amêndoas desta espécie. As amêndoas de chichá foram coletadas em setembro/98 no Campus Universitário-UFPI, trituradas, extraídas com hexano em Soxhlet por 12 horas e determinado os índices de acidez, refração e saponificação para o óleo obtido1. Uma amostra de óleo (6 g) foi saponificada com 6 g de KOH em MeOH (226 mL) sob refluxo, por uma hora2. As frações correspondentes aos saponificáveis e insaponificáveis foram extraídas com éter etílico, da maneira usual2. Os insaponificáveis foram fracionados em coluna de sílica gel, eluída com hexano/AcOEt (97,5:2,5), (95:5) e (9:1) fornecendo as frações S1 (9 mg), S9 (4 mg) e S16 (14 mg), que foram analisadas por RMN 1H e 13C. Os ácidos graxos foram analisados como ésteres metílicos, obtidos conforme normas do Instituto Adolfo Lutz, por CG e CG-EM3. O teor de amido das amêndoas foi determinado por volumetria, utilizando solução de Fehling, adaptado do proposto pelo Instituto Adolfo Lutz. A amostra foi desengordurada com hexano, em Soxhlet por 3 horas e a determinação foi feita após hidrólise do amido com HCl, sob refluxo por 6 horas, seguido de neutralização com NaOH 20%4. O teor de umidade, lipídios totais, lipídios saponificáveis e insaponificáveis foram: 6,9; 25,1; 74,3 e 1,6% respectivamente. O índice de refração a 40 °C foi 1,465, o de acidez 0,8 mg KOH.g-1, o de iodo 66,3 mg iodo.g-1, o de saponificação 175 mg KOH.g-1 e o teor de amido 18,7 %. O óleo de chichá apresentou em sua composição, os ácidos: palmítico (28,5%), palmitoléico (2,9%), esteárico (3,5%), oléico (38,4%) linoléico (15,2%) e 11,14-eicosadienóico (8,1%). A fração S16, obtida dos insaponificáveis, consistiu-se da mistura dos esteróides de ocorrência freqüente em plantas: sitosterol (1) e estigmasterol (2) na proporção de 72:28, S1 de ésteres metílicos, formados provavelmente por transesterificação, durante o processo de saponificação dos óleos, e S9 corresponde ao 24-metileno-cicloartanol (3)5,6. A composição de ácidos graxos insaturados foi superior aos saturados para o óleo de chichá.
























  1. Moretto, E., Alves, R. F. Óleos e Gorduras Vegetais: Processamento e Análise. Ed. da UFSC, Florianópolis, 1986.

  2. Matos, F. J. A. Introdução à Fitoquímica Experimental, 2. ed, Fortaleza-CE, Edições UFC, 1997.

  3. Instituto Adolfo Lutz. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz: métodos químicos e físicos para análise de alimentos 3. ed. São Paulo, 1985, v. 1.

  4. Melo, M. L. P.; Maia, G.A.; Silva, A.P.V.; Oliveira, G.S.F.; Figueredo, R.W. Caracterização Físico-química da Amêndoa da Castanha de Caju (anacardium occidentale L.) Crua e Tostada. Ciência e Tecnologia de Alimentos, 1998, 18(2), 1-9.

  5. Núñez, C. V. Sesquiterpenos e Esteróides da Casca do Tronco de Guarea guidonia (L.) Sleumer (Meliaceae) Dissertação de Mestrado, IQ/USP, São Paulo-SP, 1996.

  6. Chang, C.W.J.; Flament, I.; Matson, J.A.; Nishida, T.; Ohloff, G.; Wehrli, F.H.; Weinheimer, A.J. In: Progress in the Chemistry of Organic Natural Products Springer-Verlag: New York, 1979, v 36. p. 1-229.


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