AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DO EXTRATO E FRAÇÕES DE Pseudopiptadenia contorta (LEGUMINOSAE-MIMOSOIDEAE)


Alexandre de Souza Reis1 (IC), Davyson de Lima Moreira2 (PQ), Suzana Guimarães Leitão1 (PQ) e Gilda Guimarães Leitão2 (PQ)

1- Departamento de Produtos Naturais e Alimentos, Faculdade de Farmácia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

2- Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.


Palavras-chaves: atividade antioxidante, Pseudopiptadenia contorta, 2’,4-diidroxi-4’-metoxichalcona.

Introdução

A espécie P. contorta pertence à família Leguminosae que possui distribuição geográfica ampla e é representada por 650 gêneros e cerca de 18000 espécies, distribuídas em três subfamílias: Mimosoideae, Papilionoideae e Caesalpinoideae. O estudo químico de espécies de Leguminosae tem levado ao isolamento de flavonóides, taninos e alcalóides1,2. Alguns flavonóides isolados de Leguminosae, como a rutina, são utilizados como antioxidantes e no tratamento da fragilidade capilar2. Os radicais livres são espécies reativas associadas como causa ou consequência de inúmeras doenças crônicas, entre elas artrite reumatóide e a aterosclerose. A busca por substâncias antioxidantes naturais vem aumentando nos últimos anos, especialmente após a introdução do extrato padronizado de Ginkgo biloba na terapêutica como antioxidante3. A atividade antioxidante de P. contorta foi avaliada pelo teste do DPPH (2,2-difenil-1-picril-hidrazila), um radical livre estável à temperatura ambiente, com coloração violeta característica4 em solução etanólica.

Objetivos

Esse trabalho tem por objetivo avaliar a atividade antioxidante in vitro do extrato em acetona/ água (7:3) de P. contorta e frações purificadas desse extrato por cromatografia em coluna. Esse trabalho visa também testar a atividade antioxidante de uma chalcona isolada do extrato em acetona/ água.

Métodos

Folhas de P. contorta foram coletadas na Mata Boa Vista, Levy Gasparian/ RJ. O material vegetal foi seco em estufa a 37oC, moído em moinho de facas e submetido à extração por maceração estática em acetona/ água (7:3). O extrato obtido foi concentrado em evaporador rotatório sob pressão reduzida. Uma alíquota desse extrato (500mg) foi dissolvida em EtOH 80% e apilcada numa coluna de Sephadex LH-20 preparada em EtOH 80%. A coluna foi eluída com EtOH 95% e acetona/ água (1:1), levando à separação de 5 frações. A fração eluída com acetona/ água e contendo os taninos condensados (fração 5) foi lavada com AcOEt. A fração em AcOEt foi codificada como fração 6. Todas as frações foram concentradas e quantificadas para avaliação de sua atividade antioxidante. Esta atividade foi medida em soluções com concentrações finais de 250, 125, 50, 25, 12,5, 6,25, 3,13 e 1,56 mg/ml em EtOH. A 2,5 ml das amostras, adicionou-se 1,0 ml de solução de DPPH 0,3mM em EtOH. Após 30 minutos foram feitas as leituras das absorbâncias a 518 nm. A solução de DPPH (1,0 ml; 0,3 mM) mais EtOH (2,5 ml) foi usada como controle. As CE 50% das amostras foram calculadas por regressão linear obtida da relação entre concentração da amostra e atividade antioxidante4.

Resultados e Conclusões

A cromatografia em coluna com gel de Sephadex LH-20 do extrato em acetona/ água de P. contorta levou ao isolamento de uma chalcona (2’,4-diidroxi-4’-metoxichalcona) e de uma fração rica em taninos condensados (fração 5).

Avaliação da atividade antioxidante do extrato, frações e da 2’,4-diidroxi-4’-metoxichalcona (fração 4) mostrou valores de CE50% bastante significativos (Tabela 1). O extrato em acetona/ água (7:3) apresentou valor de CE50% comparado ao da rutina, utilizada como padrão (14,40 e 12,90 mg/ml, respectivamente). A fração 5, rica em taninos condensados, mostrou um alto potencial antioxidante (CE50%= 8,74 mg/ml). A fração 6 foi avaliada por ccf e mostrou a presença de substâncias fenólicas. Essa fração foi a mais ativa das testadas, com CE50% igual a 6,3 mg/ ml. O estudo da atividade antioxidante mostrou que os taninos condensados e substâncias fenólicas de baixo peso molecular são os responsáveis pela atividade antioxidante do extrato em acetona/ água (7:3) de P. contorta.


Tabela 1- Atividade antioxidante do extrato, frações e 2’,4-diidroxi-4’-metoxichalcona (Fração 4), isolada de P. contorta:

Amostra

CE 50% (mg/ ml)

Extrato em acetona/ água (7:3)

14,40

Fração 1 (EtOH 95%)

353,49

Fração 2 (EtOH 95%)

444,87

Fração 3 (EtOH 95%)

146,76

Fração 4 (EtOH 95%)

31,35

Fração 5 (acetona/ água 1:1)

8,74

Fração 6 (AcOEt)

6,30

Rutina

12,90


Referências:

  1. Corrêa, M. P. “Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas, Vol. IV, Ministério da Agricultura, Rio de Janeiro, 1931.

  2. .Almeida, M. Z. “Etnofarmacologia comparada: metodologia da integração quimiossistemática”, Tese de Doutorado, Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais, UFRJ, 1997.

  3. Pincemail, J.; Deby, C. “Propriétés anti radicalares de l’extrait de Ginkgo biloba”, La Presse Medicále, 15(31): 1475-1479, 1986.

  4. Mensor, L. L. “Avaliação da atividade antioxidante em plantas brasileiras”, Tese de Mestrado, Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais, UFRJ, 1999.