ESTUDO INICIAL VISANDO AO CONTROLE DOS NEMATÓIDES DAS GALHAS (Meloidogyne spp.) ATRAVÉS DA UTILIZAÇÃO DOS EXTRATOS DE PLANTAS ANTAGÔNICAS A FITONEMATÓIDES


Mauro Junior Natalino da Costa (PG)a Daniel Rufino Amaral (IC)b Denilson Ferreira de Oliveira (PQ)b Vicente Paulo Campos (PQ) a Douglas Antônio de Carvalho (PQ)c


Universidade Federal de Lavras (UFLA), Departamento de Fitopatologiaa Departamento de Químicab Departamento de Biologiac


palavras-chave: Meloidogyne spp., extratos vegetais, nematicida


Os nematóides perfazem o maior número de animais multicelulares na terra. São cerca de 15.000 espécies descritas(3) e há estimativas de que o número total pode chegar a 500.000(2). O número de nematóides fitoparasitas encontrados no Brasil chega a pelo menos 238 espécies(1), sendo alguns deles largamente distribuídos por culturas de grande importância econômica. Em média os nematóides do gênero Meloidogyne são os que acarretam os problemas mais graves, o que pode ser decorrente da grande capacidade de adaptação de tais fitoparasitas aos diversos agrossistemas(3). Uma possibilidade de solução para tal problema consiste no emprego de plantas antagônicas, que podem apresentar resultados melhores, a custos mais baixos e com menor agressividade ao homem e ao meio ambiente do que a observada para os nematicidas atuais.

Considerando-se que há várias espécies de plantas com propriedades antagônicas a nematóides, o objetivo desse trabalho foi identificar através de testes in vitro aquelas cujos extratos apresentam propriedades nematicidas a Meloidogyne spp.

As espécies vegetais foram escolhidas por apresentarem propriedades antagônicas ao gênero Meloidogyne e por serem encontradas na região do Alto Rio Grande-MG, local onde se encontra a Universidade Federal de Lavras (UFLA). Parte das plantas recentemente colhidas (20 g) foram picadas e extraídas com metanol ou água. Os extratos aquosos, juntamente com os alcoólicos após concentração e redissolução em Tween 80 a 1% (v/v), foram submetidos aos testes in vitro de eclosão, mobilidade e mortalidade de juvenis do segundo estádio (J2) de Meloidogyne spp.

Como pode ser observado na tabela 1, os resultados indicam a presença de substâncias tóxicas aos nematóides nos extratos testados. Em etapas posteriores aqueles apresentando os melhores resultados serão avaliados em casa-de-vegetação e as substâncias ativas correspondentes serão purificadas e caracterizadas.




Tabela 1 - Efeito de extratos de plantas sobre a eclosão, mobilidade e mortalidade de juvenis do segundo estádio (J2) de M. exigua e M. incognita.

Meloidogyne exigua

Meloidogyne incognita




7

1a

2 b

3 c

1 a

2 b

3 c


Allium cepa

B d

AQ h

0

59

1

-

-

-



B d

ME i

0

58

1

-

-

-


Allium sativum

F e

AQ h

0

25

9

-

-

-



F e

ME i

0

51

4

-

-

-


Bacharis trimera

F e

AQ h

-

-

-

3

6

18



F e

ME i

-

-

-

4

20

70


Brachiaria decumbens

F e

AQ h

-

-

-

4

82

71



F e

ME i

-

-

-

3

60

17


Cajanus cajan

F e

AQ h

-

-

-

60

32

73



F e

ME i

-

-

-

-

-

-


Carica papaya

F e

AQ h

-

-

-

3

48

10



F e

ME i

-

-

-

2

25

6


Chaenopodium ambrosioides

F e

AQ h

-

-

-

65

7

16



F e

ME i

-

-

-

4

41

3


Coffea arabica

C f

AQ h

-

-

-

13

92

17



C f

ME i

-

-

-

6

99

9


Leucaena leucocephala

F e

AQ h

-

-

-

69

38

56



V g

AQ h

-

-

-

46

58

26


Nicotiana tabacum

F e

AQ h

-

-

-

73

21

81



F e

ME i

-

-

-

15

18

18


Punica granatum

F e

AQ h

79

15

2

-

-

-



F e

ME i

13

29

6

-

-

-


Ricinus communis

F e

AQ h

-

-

-

4

8

41



F e

ME i

-

-

-

2

84

5


Ruta graveolens

F e

AQ h

44

80

5

4

36

50



F e

ME i

29

47

3

4

74

11


Tagetes minuta

F e

AQ h

88

24

18

2

46

68


F e

ME i

83

25

50

3

14

15

Testemunha 1 (água)



90

10

62

96

6

90

Testemunha 2 (aldicarbe j)



8

73

6

8

90

22

a % de J2 móveis após 12 h; b % de J2 mortos quando em água; c % de J2 eclodidos; d bulbos; e folhas; f casca do fruto desidratado; g vagens desidratadas; h extrato aquoso; i extrato metanólico; j 50 ppm para M. incognita e 150 ppm para M. exigua.

1. Ionomoto, M. M. Tese de Doutorado, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz-USP., Piracicaba-SP, fevereiro/1995.

2. Kawazu, et al. Biosci. Biotech. Biochem. 57 (1), 98-101, 1993.

3. Zacheo, G. Khan, W. W., Editor, Chapman and Hall, Londres, 1993, pg. 1-25.


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