ESTUDO DOS ÓLEOS ESSENCIAIS DE MANJERONA E DE ORÉGANO CULTIVADOS NO RIO GRANDE DO SUL
Maria Regina Alves Rodrigues * (PG), Elina Bastos Caramão **(PQ)
e Pricila Peterlevitz Zini** (IC)
* Depto de Química Orgânica/Inst. de Química e Geociências/UFPEL
**Depto de Química Inorgânica/Inst. de Química/UFRGS
e-mail: elina@vortex.ufrgs.br
Orégano e manjerona são temperos muito utilizados na culinária e que, apesar do seu alto valor medicinal, hoje pouco tem sido empregado na medicina popular. Atualmente, seus óleos essenciais vem despertando interesse por possuírem atividade biológica (antibacteriana, antifúngica e antioxidante). Na indústria de alimentos, o óleo destilado tem larga aplicação, levando em conta sua grande estabilidade de conservação e ausência de contaminação microbiológica. O termo óleo essencial implica por definição no método de preparação, isto é, a separação das substâncias voláteis por destilação a vapor, à pressão atmosférica. Atualmente, outras técnicas de extração vem sendo utilizadas como, por exemplo, o fluido supercrítico. A identificação dos componentes dos extratos é feita por várias técnicas, tais como Cromatografia Gasosa, Cromatografia Líquida de Alta Eficiência, Infra Vermelho, Ressonância Magnética Nuclear e Cromatografia Gasosa acoplada à Espectrometria de Massas.
OBJETIVO
Realizar um estudo comparativo entre os óleos essenciais de manjerona e orégano extraídos por arraste de vapor de água, utilizando cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (GC/MS) para identificar seus componentes.
METODOLOGIA
As folhas de manjerona e de orégano foram fornecidas pela FEPAGRO (Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária), em Viamão/RS; e a manjerona e o orégano comerciais pela Litte Indústria e comércio de Alimentos Ltda, em Porto Alegre/RS. As folhas, como também a manjerona e o orégano comercial, foram submetidas a extração por arraste de vapor, utilizando aparelho de clevenger por cerca de 4h. Os óleos essenciais extraídos foram secos em sulfato de sódio anidro, concentrados sob N2. A análise cromatográfica desses óleos foi feita em um equipamento GC/MS Shimadzu QP5050 A, com a seguinte programação de temperatura: 40oC(0min)3oC/min-250°C-5°C/min-280°C(10min) e coluna capilar Simplicity 1 (polidimetil siloxano). Os compostos foram identificados com base na biblioteca Wiley/NBS do equipamento.
RESULTADOS E CONCLUSÕES
Pelos resultados (tabela 1) pode-se observar que o óleo de manjerona das folhas secas apresentou um rendimento cerca de três vezes superior em relação às folhas frescas, e que o óleo de orégano teve um rendimento muito baixo para as folhas frescas em relação as amostras comerciais.
Tabela 1 Rendimento (%) do óleo essencial obtido de amostras de manjerona e de orégano na extração com clevenger.
|
Folhas frescas |
Folhas secas |
Comercial velho* |
Comercial novo |
Manjerona |
0,5 |
1,4 |
- |
1,1 |
Orégano |
0,3 |
- |
1,1 |
1,4 |
*amostra adquirida há um ano.
A análise via GC/MS permitiu identificar cerca de 42 compostos com base na biblioteca Wiley/NBS do equipamento tanto para as amostras de manjerona como de orégano.
O rendimento do óleo essencial obtido tanto das folhas frescas de manjerona como das de orégano foi baixo, provavelmente em função da umidade, embora esses valores estejam dentro dos dados citados na literatura.
Os cromatogramas das amostras de manjerona permitiram concluir que os compostos responsáveis pelo aroma, o terpineol-4 (probabilidade de 95%), a-terpineol (probabilidade de 96%) e o cis sabineno hidratado (probabilidade de 94%) estão presentes em todas as amostras. Os cromatogramas das amostras comerciais de orégano são muito semelhantes, o que demonstra que, apesar de uma amostra ter sido adquirida há um ano, não houve modificação na sua composição química, sendo o terpineol-4 (probabilidade de 97%) o composto majoritário. Em relação às folhas frescas de orégano, o cromatograma apresenta como composto majoritário o carvacrol ou seu isômero timol (probabilidade de 95%). Esses dados estão de acordo com a literatura, onde são apresentados estudos e comparações entre amostras cultivadas na Europa e comercial.
(CAPES e FAPERGS)
BIBLIOGRAFIA
Nykänen, I. Z. Lebensm. Unters. Forsch. 183:172-176 (1986);
Fischer, N., Nitz, S. e Drawert, F. Flavour and Fragr. J. 2: 55-61 (1987);
Sarer, E., Scheffer, J. J. C. e Svendsen, A. B. Planta Méd. 46: 236-239 (1982);
Guenther, E. The Essential Oils. D. Van Nostrand Company, New York, USA, vol 1 e 3 (1949);
Fleisher, A. e Sneer, N. J. Sci. Food Agric., 33, 441-446 (1982);
Sivropoulou, A. et al. J. Sci. Food Agric., 44, 1202-1205 (1996).