COMPLEXOS MISTOS ENTRE LIGANTES FOSFATADOS, AMINOÁCIDOS E COBRE (II)
Andréa de Moraes Silva (PG)1,2 e Judith Felcman (PQ)1
1 Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - Departamento de Química
2 Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET) de Química de Nilópolis
Nilópolis - Rio de Janeiro
palavras-chave: complexos mistos, cobre (II), fosfatos
No meio biológico existem centenas de ligantes competindo, simultaneamente, por vários íons metálicos. Os equilíbrios químicos, portanto, podem levar não somente a complexos binários (um ligante e um metal) como, mais provavelmente, a complexos com mais de um ligante e a complexos polinucleares (mais de um íon metálico).1
Este trabalho tem como objetivo estudar a complexação de sistemas ternários compostos por um ligante contendo grupamento fosfato - adenosino trifosfato (ATP) ou fosfocreatina (PCr), um ligante aminoácido - serina (Ser), treonina (Thr), tirosina (Tyr) ou glicina (Gly) e o íon cobre (II). Busca, também, analisar a influência do grupamento -OH dos aminoácidos serina, treonina e tirosina na complexação. A glicina, não possuindo este grupamento mas sendo estruturalmente semelhante a estes aminoácidos, é utilizada como referência.
Foram realizadas titulações potenciométricas dos sistemas binários formados por cada ligante e o íon cobre(II) na proporção 1:1 e dos sistemas ternários contendo um ligante fosfatado, um aminoácido e o íon cobre (II) na proporção 1:1:1.
Foram determinadas as constantes de formação dos complexos no programa SUPERQUAD2 e a distribuição de espécies em função do pH utilizando-se o programa BEST3.
Os valores das constantes de formação dos complexos binários (ML) e ternários (MLaLb) são apresentados abaixo:
Tabela 1. Logaritmo das constantes de formação dos sistemas binários
Espécie (ML) |
log b |
CuPCr |
11,10 ± 0,02 |
CuATP |
6,40 ± 0,03 |
CuSer |
7,91 ± 0,02 |
CuThr |
8,13 ± 0,03 |
CuTyr |
7,54 ± 0,02 |
CuGly |
8,42 ± 0,01 |
Tabela 2. Logaritmo das constantes de formação dos sistemas ternários
Espécie (MLaLb) |
log b |
CuPCrSer |
17,13 ± 0,01 |
CuPCrThr |
17,10 ± 0,01 |
CuPCrTyr |
17,09 ± 0,03 |
CuPCrGly |
17,49 ± 0,01 |
CuATPSer |
13,15 ± 0,01 |
CuATPThr |
13,21 ± 0,01 |
CuATPTyr |
13,11 ± 0,01 |
CuATPGly |
13,30 ± 0,01 |
As curvas de distribuição de espécies em função do pH, para os sistemas ternários CuPCrSer e CuATPSer são apresentadas abaixo. Com os demais aminoácidos e o mesmo ligante fosfatado, o comportamento é similar.
|
|
Conclusões:
Considerando-se as curvas de titulação e os valores das constantes, conclui-se que todos os complexos com a PCr se comportam similarmente, o mesmo acontecendo com os do ATP. Portanto, como os complexos com a glicina têm estabilidade semelhante aos demais, a hidroxila não deve participar das reações de complexação e, por conseguinte, não deve interagir com os fosfatos, nestes casos. Este fato é confirmado pelo valor menor da constante de formação do sistema ternário quando comparado com a soma das constantes dos binários respectivos. Os valores das constantes demonstram, também, que os complexos formados com a PCr são mais estáveis do que com o ATP.
A distribuição de espécies em função do pH indica que os complexos mistos não-protonados com a PCr predominam no meio aquoso a partir do pH 7,5 e, para os complexos mistos com o ATP, acima do pH 6.
Referências bibliográficas
[1] - BURGER, K. Biocoordination Chemistry: Coordination Equilibria in Biologically Active Systems, 1990, Ellis Horwood Limited, England, 1990.
[2] - GANS,P., SABATINI, A. & VACCA, J. Chem. Soc. Dalton Trans, 1195-1200, 1985.
[3] - MARTELL, A.E. Determination Use of Stability Constants, VCH Publishers, New York, 1992.
PUC-RIO