ESTUDO DOS ATROPOISÔMEROS DA MnTTD2PyP(Cl)5 EM REAÇÕES DE EPOXIDAÇÃO DE CICLOEXENO POR IODOSOBENZENO.


Adriana Nascimento de Sousa (PG), Maria Eliza M. Dai de Carvalho (PQ);

Ynara Marina Idemori (PQ)


Departamento de Química - ICEx - Universidade Federal de Minas Gerais


e-mail: drisousa@dedalus.lcc.ufmg.br; ynara@apolo.qui.ufmg.br;


palavras-chave: manganês-porfirina, epoxidação de cicloexeno, atropoisômeros.


A manganês-porfirina (MnP) derivada da cloreto de meso-tetraquis(tetradecil-2-piridil)porfirina (MnTTD2PyP(Cl)5) [1,2] possui longos grupamentos alquilas nas posições orto dos anéis piridínicos, dando origem a atropoisômeros, que foram separados em frações mais polar (aaaa e aaab) e menos polar (abab e aabb). Esta MnP apresenta características estéricas e eletrônicas interessantes: o caráter apolar dos grupamentos alquilas e as cargas periféricas lhes conferem um caráter anfifílico, o que viabiliza reações em meios polares e pouco polares, distinguindo-se dos sistemas convencionais. Apesar da solubilidade da MnTTD2PyP(Cl)5 tanto em diclorometano (DCM) quanto em acetonitrila (ACN ), a eficiência catalítica desta espécie é dependente da polaridade do solvente. Pode-se atribuir esta diferença à orientação dos grupos alquilas vinculada à polaridade do solvente; em solventes com caráter apolar, semelhante ao dos grupos alquilas, deve ocorrer a aproximação das faces polares do anel porfirínico, induzindo à agregação que impede a formação da espécie ativa.

As reações de epoxidação do cicloexeno, utilizando iodosobenzeno (PhIO) como doador de oxigênio, foram realizadas em DCM ou ACN a 0oC, com agitação por ultra som por 90 minutos, em presença de oxigênio. Imidazol foi utilizado como co catalisador nas reações de epoxidação. Os produtos foram analisados por cromatografia a gás utilizando uma coluna capilar de fase estacionária de carbowax.


Tabela 1- Rendimento dos produtos de epoxidação do cicloexeno por PhIO catalisadas pelos atropoisômeros da MnTTD2PyP(Cl)5, em DCM e ACN.


Epóxido


Álcool Alílico


Cetona Alílica

MnTTD2PyP(Cl)5

DCM

ACN


DCM

ACN


DCM

ACN

Fração mais polar


3.0

38.2


11.6


18.8


13.4


25.8

Fração menos polar


62.6

60.6


24.0


53.2


18.2


124.0

condições: cicloexeno:solvente (1:2, v/v); MnP, 10-4 mol.L-1; PhIO, 10-3 mol.L-1; em presença de oxigênio.

Rendimentos baseados no PhIO de partida.


Através de uma análise comparativa da atividade catalítica da fração mais polar e da menos polar (tabela 1), concluiu-se que a fração menos polar é mais eficiente catalíticamente, tanto em DCM quanto em ACN levando a rendimentos similares para o epóxido. No entanto, em DCM, observou-se uma maior seletividade para o epóxido além de um maior controle dos produtos de oxidação alílica.

A MnTTD2PyP(Cl)5-fração mais polar mostrou-se dependente da polaridade do solvente; quando em DCM, um baixo rendimento para o epóxido foi observado (3%), associado ao controle dos produtos de oxidação alílica. Em DCM, a tendência à agregação dessas metaloporfirinas catiônicas através das faces desimpedidas parece explicar os baixos rendimentos de epóxido. Em um solvente mais polar como ACN, verificou-se uma produção de epóxido mais acentuada (38%) e baixos rendimentos para os produtos de oxidação alílica. Portanto, podemos afirmar que os solventes mais polares devem impedir a formação de agregados proporcionando uma maior disponibilidade da MnP frente à formação da espécie ativa.

Quanto à presença de um ligante nitrogenado, imidazol (Im), como co-catalisador desses sistemas, verificou-se um comportamento diferenciado entre a fração mais polar e a fração menos polar. Para a MnTTD2PyP(Cl)5-fração mais polar um estudo sistemático das relações [Im]/[MnP], em DCM, revelou uma melhora considerável no rendimento e na seletividade para o epóxido; esse comportamento foi observado na faixa de relação [Im]/[MnP] de 0.5 a 5.0, onde verificou-se um rendimento médio de epóxido de 55.0%; no entanto, para relações maiores observou-se um menor rendimento para o epóxido (R=10, 23.8%). Nesse caso, o papel do ligante nitrogenado parece ser fundamental na formação da espécie ativa, já que a introdução do ligante imidazólico deve favorecer a quebra dos agregados presentes nesses solventes pouco polares, disponibilizando a MnP para a formação da espécie ativa. As altas relações [Im]/[MnP] devem favorecer a competição entre o substrato e o ligante nitrogenado pela espécie ativa.

As reações de epoxidação catalisadas pela MnTTD2PyP(Cl)5-fração menos polar foram pouco afetadas pela presença do ligante nitrogenado (Im), tanto em relação ao epóxido quanto em relação à seletividade da reação.


[1]- Iamamoto, Y.; Serra, O.A.; Idemori, Y.M., J. Inorg. Biochem., 1994, 54, 55.

[2]- Iamamoto, Y.; Idemori, Y.M; Nakagaki, S., J. Mol. Cat., 1995, 99, 187.


[CNPq, FAPEMIG, FINEP, PADCT]