CLASSIFICAÇÃO DE RESÍDUO SÓLIDO PRODUZIDO EM INDÚSTRIA DE MÓVEIS PARA ESCRITÓRIO

Ana Paula Souto da Silva (IC); Profa. Cristina F. P Paschoalato* (PQ) e Profa. Dra. Maristela Silva Martinez** (PQ)

*Laboratório de Recursos Hídricos, Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP

**Centro Tecnológico de Desenvolvimento Agroindustrial – C.T.D.A. - UNAERP

Palavras-Chave: RESÍDUOS, SÓLIDOS, FOSFATIZAÇÃO,

A questão dos resíduos sólidos industriais é de extrema importância para a saúde pública e para o meio ambiente. Nos últimos anos esta questão vem ainda ganhando importância econômica, devido as exigências da ISO 14000. Para a empresa obter esta qualificação elas devem num primeiro momento qualificar os resíduos produzidos em seu processo, e em seguida estabelecer programas para tratamento, e posterior descarte destes resíduos. A empresa que não se adequar, e com isso não receber a ISO 14000, terá problemas para exportação de seus produtos uma vez que uma das exigências é a não existência de passivos ambientais.

Em indústrias de móveis metálicos para escritório, as peças passam por um processo de Fosfatização, onde as peças metálicas são imersas em banhos desengraxantes e de tratamentos da superfície para pintura. Estes banhos possuem várias substâncias como NaOH, Na₂SiO₃, Na₃PO₄ e Na₂CO₃., Zn, Ni, H₃PO₄, HNO₃, etc. O presente trabalho teve como objetivo caracterizar os resíduos produzidos em uma empresa deste ramo e determinar a sua classificação segundo as normas da ABNT.

Para caracterizarmos o resíduo provenientes dos banhos utilizados na empresa, realizamos medidas físico- químicas, análises de zinco, níquel, ferro, fósforo total, sódio, nitrato e nitrito em alíquotas de resíduo bruto solubilizado. As análises foram repetidas em amostras do resíduo após simulação de uma solubilização aquosa e após simulação de lixiviação.

As amostras do resíduo bruto foram digeridas em meio ácido à quente e em seguida foram realizadas as análises. A partir destes dados, quantificamos as substâncias potencialmente poluidoras que poderiam ser arrastadas para o solo num processo de solubilização e/ou lixiviação. As análises de Zn, Fe e Ni foram realizadas através da técnica de Absorção atômica, utilizando lâmpadas de cátodo oco dos respectivos metais e um Espectrofotômetro CG AA700 com queimador de acetileno. A análise de sódio foi feita por espectrofotometria de chama relizada em um equipamento Evans Electroselenium. As analises de fósforo total, nitrato e nitrito foram realizadas através de técnicas espectrofotométricas utilizando um Cary IE-Varian.

Para quantificarmos as substâncias que poderiam ser arrastadas por um processo de solubilização parcial, simulamos este processo. O método utilizado para o teste está de acordo com a Norma Brasileira de Regulamentação (NBR 10006). Um volume de água foi adicionado sobre o resíduo em estudo, permanecendo sob agitação por 7 dias. A seguir a mistura foi filtrada, e foram feitas as análises citadas no líquido sobrenadante.

Para quantificarmos as substâncias que poderiam ser arrastadas pelo processo de lixiviação, realizamos os testes segundo a NBR 10005, onde realizamos a simulação das águas de chuva e os possíveis efeitos de arrastamento de substâncias contidas no resíduo para o solo. Neste caso, adicionou-se sobre o resíduo um volume conhecido de ácido acético 0,1 mol/L controlando-se o pH em torno de 5,0. Em seguida separou-se a fase aquosa e realizou-se as análises de Zn, Fe, Ni, Na, P total, nitrato e nitrito. Os resultados obtidos estão expressos na tabela I.

VMP: Valor médio Permitido

Os resultados são referentes à média dos resultados obtidos em triplicata.

Conforme a NBR 10004, os resíduos podem ser divididos em três classes: Classe I- Resíduos Perigosos, Tóxicos; Classe II - Resíduos Não Inertes e Classe III - Resíduos Inertes, Não Perigosos.

Mediante estudo apresentado, constatamos que o resíduo sólido proveniente de um processo de fosfatização de Zinco não apresenta periculosidade (toxicidade, inflamabilidade) para ser considerado de Classe I. Por outro lado, os valores obtidos não enquadram o resíduo como Classe III, já que apresenta Sódio e Zinco em quantidade superiores aos limites permitidos pela NBR citada.

As análise de Zinco apresentaram uma concentração de 15,39 mg/L após solubilização parcial e 26,57 mg/L após lixiviação. Estes valores encontram-se muito acima da quantidade máxima permitida para considerar-se o líquido solubilizado/lixiviado como água potável (5,0 mg/L).

Com isto, o resíduo analisado se enquadra como Classe II – Resíduo Não Inerte e não pode ser descartado em Aterro Sanitário e sim em Aterro Industrial.

UNAERP