AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE MOLUSCICIDA DE COUMARINAS, QUINONAS, FENÓIS, TERPENÓIDES, CETONAS,ÁCIDOS E ALDEÍDOS BENZÓICOS


Jussara Monteiro de Carvalho (PG), Rose Paula Cavalcante Mendonça (PG), Maria Raquel Ferreira de Lima (PQ), Aldenir Feitosa dos Santos (PQ), Antônio Euzébio Goulart Sant’Ana (PQ).


Departamento de Química, Centro de Ciências Exatas e Naturais (CCEN), Universidade Federal de Alagoas (UFAL).

jmc@qui.ufal.br; rpcm@qui.ufal.br;mrfl@qui.ufal.br;afs@qui.ufal.br


palavras chaves: Moluscicida, Compostos Sintéticos, Esquistossomose


Entre as parasitoses que afetam o homem, a esquistossomose é uma das mais difundidas no mundo. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) ocupa 20 lugar depois da malária, pela sua importância e repercussão sócio-econômica (Passos, 1998).

A esquistossomose é uma endemia parasitária causada por helmintos do gênero Schistosoma que acomete 200 milhões de pessoas em mais de 70 países. No Brasil 8 milhões de pessoas estão infectados, com distribuição geográfica bem ampla, desde Belém do Pará até o norte do Paraná, sendo esta doença endêmica nas Regiões Nordeste e em Minas Gerais. No Brasil apenas uma espécie é responsável por esta parasitose, o Schistosoma mansoni tem como hospedeiro definitivo o homem e como hospedeiro intermediário o molusco do gênero Biomphalaria sendo a espécie mais difundida no Brasil o B. glabrata (Katz,1997).

Com o objetivo de avaliar a atividade moluscicida de alguns compostos sintéticos foram selecionados os compostos pertencentes as classes: coumarinas, quinonas; fenóis; terpenóides; cetonas; ácidos e aldeídos benzóicos. A seleção destes compostos deve-se a relação estrutural deles com alguns compostos de plantas que apresentaram atividade moluscicida. (Simões, 1999).

Os testes para a atividade moluscicida foram realizados de acordo com as normas da OMS (WHO, 1965). Consiste basicamente na imersão do caramujo na solução aquosa do extrato sob investigação nas concentrações de 100 a 1ppm. Onde foram testados 6 coumarinas, 3 quinonas, 21 fenóis, 14 terpenóides, 5 cetonas, 5 ácidos e 4 aldeídos benzóicos.

Os resultados obtidos no bioensaio constam na tabela abaixo. De acordo com a mesma verifica-se que só um composto da classe das coumarinas e uma da classe das quinonas apresentaram atividade. Quanto aos fenóis maior número de compostos apresentaram atividade moluscicida. Dos terpenos 3 compostos foram ativos, das cetonas 3 compostos, dos ácidos e dos aldeídos benzóicos não se obteve composto ativo. Pelos resultados (Tabela abaixo) podemos observar que os compostos que obtiveram 100% de mortalidade em menor tempo de exposição (48hs) são considerados os mais ativos, e os demais compostos são ativos num tempo de exposição maior.




Tabela - Resultados de teste biológico sobre B. glabrata (5 caramujos com 15-20mm de diâmetro, por concentração de 50ppm, com uma variação na temperatura de 24 a 25°C) no laboratório.

Compostos

Período

% de mortalidade

Coumarinas

5,7-dimetoxicumarina

96hs

60%

Quinona

Tetracloro-1,4-benzoquinona

96hs

100%


4-cloro-2-metilfenol

96hs

80%


Miricetina

96hs

60%


4-metilfenol

96hs

60%

Fenóis

Velutina

48hs


(flavonóides e

Ác. elágico

48hs

60%

outros)

Alizarina

48hs

80%


Quercetina

48hs

40%


Rutina

48hs

60%


Morina

48hs

20%


Naringerina

48hs

100%


Guajazuleno

48hs

100%

Terpenóides

Trans-cariofileno

48hs

100%


Cis-nerolidol

48hs

100%


2,4,4’-trihidroibenzoicofenona

48hs

100%

Cetonas

2-hidroxi-4-metoxibenzofenona

96hs

80%


2-bromo-2’-aceto-nafitona

48hs

100%




- Katz, N. (1997). Vacina Polivalente Anti-helmintos? Biotecnologia, Ciência e Desenvolvimento 1,(2):34-35;

- Passos, A.D.C. e col. (1998). Controle de esquistossomose: diretrizes técnicas. 2ed. Brasília. Ministério da Saúde: Fundação Nacional de Saúde, p.28;

- Simões, C.M.O. e col. 1999. Farmacognosia da planta ao medicamento. Porto Alegre- Florianópoles: Universidade-UF-RS.p.15;

- WHO, (1995). Moluscicide screening and evalution, Bull. World Health Organization, 33: 565-581.


CNPq/CAPES