AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE BIOLÓGICA DE PLANTAS MEDICINAIS


Nadja Maria Fernandes Lima (PG), Aldenir Feitosa dos Santos (PQ), Maria Cristina de Omena (PG), Antônio Euzébio Goulart Sant'ana (PQ)


Laboratório de Bioensaios - Departamento de Química – Centro de Ciências Exatas e Naturais - Universidade Federal de Alagoas


palavra-chave: larvicida, moluscicida e Artemia salina.


Nos últimos anos tem-se verificado um grande avanço científico envolvendo os estudos químicos e farmacológicos de plantas medicinais que visam obter novos compostos com propriedades terapêuticas (Filho e Yunes, 1998) e embora as drogas sintéticas constituam maioria nas farmácias caseiras, os medicamentos à base de plantas, os fitoterápicos, vêm ganhando um espaço cada vez maior no combate e tratamento de diversas doenças, entre elas destacam-se as doenças tropicais como: a esquistossomose e o dengue. Os metabólitos secundários de plantas têm sido usados como fatores de interação com outros organismos, onde muito deles são de interesse biológico ou possuem atividade terapêuticas úteis ao homem (Wink, 1990). Uma forma de agilizar o isolamento e obtenção de tais compostos é pela introdução de ensaios biológicos nas pesquisa fitoquímicas. Neste trabalho foi avaliada a toxicidade de 23 extratos, provenientes de dez espécies vegetais, frente as larvas do Aedes aegypiti, do caramujo Biomphalaria glabrata e do crustáceo Artemia salina. As espécies vegetais foram selecionadas em função de seu uso etnobotânico e levantamento quimiossitemático.

Obtenção dos extratos

O material vegetal após seco ao ar livre e moído foi submetido a extração à frio com etanol 95% e concentrados em rotavapor a pressão reduzida.

Ensaios Biológicos

Atividade moluscicida - Os bioensaios para determinação da atividade moluscicida frente ao caramujo Biomphalaria glabrata foram realizados segundo a metodologia citada pela Organização Mundial da Saúde (Who, 1965), que consistiu basicamente na imersão dos caramujos adultos em uma solução aquosa com 0,1% de DMSO dos extratos testes, em concentrações que variaram de 1-100 ppm. Após 24 horas em contato com a solução teste, os moluscos foram lavados e transferidos para um recipiente com água desclorada, permanecendo em observação por mais 72 horas, com o registro e a retirada dos exemplares mortos. Duas unidades controles foram usadas visando a verificação da susceptibilidade dos caramujos, uma com carbonato cúprico a 50 ppm e, outro branco apenas com água desclorada à 0,1% de DMSO.

Atividade larvicida - Os ovos do Ae. aegypiti foram colocados em um recipiente plástico contendo água desclorada até a eclosão das larvas que foram à medida que eclodiam, imediatamente transferiadas para outro recipiente a fim de separá-las por idade. O bioensaio foi realizado com as larvas no quarto estágio jovem (L4). Os extratos vegetais foram dissolvidos em água à 1% de DMSO nas concentrações de 10-1000 ppm. O teste foi realizado em duplicata com a imersão de 10 larvas em 100mL da solução do extrato sob investigação. Após 24 horas foi feito registro e retirada das larvas mortas, os exemplares vivos permaneceram em observação por mais 24 horas. Após este período a porcentagem de mortalidade foi determinada. As larvas foram consideradas mortas observando-se os padrões da Organização Mundial da Saúde (Who, 1981). Paralelo a cada experimento foram realizados um controle branco com água destilada à 1% de DMSO.

TAS (Toxicidade frente a Artemia salina) - Neste bioensaio foram utilizadas larvas com 48 horas de eclosão. As soluções-estoque dos extratos foram preparadas à 3000 ppm utilizando água do mar à 1% de DMSO. Alíquotas foram retiradas para obtenção das concentrações de 1-1000 ppm. O teste foi realizado em duplicata, em fase preliminar, e em quadruplicata, em fase apurada. O número de artemias inseridas na placa-teste variou entre 9-11 unidades. Após 24 horas foram determinadas a quantidade de mortos e vivos. Utilizou-se um controle branco-salmoura à 1% de DMSO. Os dados obtidos à partir dos ensaios biológicos foram lançados no programa Finney para obtenção de suas respectivas dosagens letais.

Resultados

A espécie Alpinia speciosa (raiz) apresentou uma ótima atividade moluscicida, com 100% de mortalidade na concentração de 100 ppm. Seguida pela espécie Hedychium coronarium (folha) que promoveu 60% de mortalidade na mesma concentração.

No ensaio TAS destacaram-se principalmente as espécies Waltheria viscosissima (folha) – DL50 = 2,19 ppm, Alpinia speciosa (folha) – DL50 = 15,59 ppm Himathantus phagedaenica (casca da madeira) – DL50 = 41,05 ppm, Costus discolor (raíz) – DL50 = 370 ppm e Hedychium coronarium (folha) – DL50 = 654,86 ppm.

Com relação a atividade larvicida a espécie mais ativa foi Waltheria viscosissima (folha) com 100% de mortalidade na concentração de 1000 ppm. Destacaram-se também as espécies Alpinia speciosa (raiz) com 90% de mortalidade, Costus discolor (raíz) com 60% de mortalidade, Costus discolor (folha) com 50% de mortalidade, Matelia maritima (caule) com 50% de mortalidade todas avaliadas a 1000 ppm.

Referências bibliográficas

Filho, C. V. e Yunes, R. ª (1998). Estratégias para obtenção de composto farmacologicamente ativos a partir de plantas medicinais. Conceitos sobre modificação estrutural para otimização da atividade. Química Nova , 21(1): 99-105.

WHO (1965). Molluscicide screening and evaluation, Bull. World Health Organization, 33: 567-581.

Who (1981). Instruction for determining the susceptibility or resistance of mosquito larvae to insecticides. World Health Organization, WHO/VBC/81-807, 1-6.

Wink, M. (1990). Phisiology of Secundary Product Formation in Plants. In: Secondary Products from Plant Tissue Culture, ed. Charlwood, B. V. & Rhodes, M. J. C., p. 23. Clarendron Press, Oxford.

CNPq, Capes, WHO