VARIAÇÃO NA ATIVIDADE E COMPOSIÇÃO QUÍMICA
DOS VOLÁTEIS DO MILHO, Zea mays, NA PRESENÇA DO Sitophilus zeamais POR UM PERÍODO DE 4 E 8 DIAS
Lúcia Maria Cunha Rebouças(PQ), Adriana Araújo Rocha Silva(IC), Francisco Omena Paulino (IC), Maria da Gloria da Silva(IC), Ana Claudia Alves Lira(IC), Afrânio Luiz de Almeida Lima(IC), Antônio Euzébio Goulart Sant'Ana(PQ)
Universidade Federal de Alagoas Departamento de Química - Maceió - AL
Palavras-chaves: Sitophilus zeamais, CG/EM, feromônio de agregação
Introdução
O
Sitophilus zeamais, "gorgulho do milho", representa
a principal praga do milho estocado e em plantação.
Este inseto está distribuído em regiões
tropicais, subtropicais e temperadas. O feromônio de agregação
desta praga, o (4S,5R)-5-hidroxi-4-metil-3-heptanona,
não apresenta atividade durante toda a idade do inseto adulto.
A atração em adultos com 1 a 2 dias de idade é
maior do que em adultos mais velhos (Burkholder e Walgenbach, 1986).
As plantas no seu processo normal sem
infestação de pragas liberam compostos voláteis
derivados de ácidos graxos como os aldeídos e álcoois;
derivados do ácido mevalônico como os terpenoides e
derivados do ácido chiquímico como indol e salicilato
de metila entre outros derivados. Em resposta ao ataque dos
herbívoros a composição química destes
voláteis pode mudar radicalmente tanto do ponto de vista dos
seus constituintes como da quantidade relativa deste compostos. Os
voláteis obtidos do milho e/ou do milho infestado com S.
zeamais podem interferir na atividade do feromônio de
agregação. O objetivo deste estudo é
encontrar compostos químicos que possam auxiliar no controle
do adulto do S. zeamais em todo o seu período de vida.
(4S,5R)-5-hidroxi-4-metil-3-heptanona
Metodologia
Inseto: A criação do gorgulho foi feitos no milho e no sorgo. Em um frasco com tampa 50 fêmeas e 50 machos de S. zeamais foram colocados com 100g de sorgo ou milho e deixados no armário por 10 dias. Após 10 dias os insetos foram retirados e o milho e sorgo foram observados diariamente. Os insetos com a mesma idade foram submetidos ao bioensaio e mantidos separados no milho e sorgo. A sexagem foi feita com auxílio de um microscópio levando em consideração as características rostrais de cada sexo. Os insetos do milho e o sorgo foram fornecidos pelo CNPMS-EMBRAPA-Sete Lagoas- MG.
Extração: As extrações dos voláteis do milho e do sorgo com e sem o inseto foram feitas simultaneamente pelo processo de aeração com bomba do tipo B100 SE Charles e fluxo de ar de 1000 mL/min. Os coletores foram trocados com 8 e 4 dias. Os compostos voláteis foram adsorvidos em Porapak Q e dessorvidos com 2 x 2mL de diclorometano recém destilado.
Bioensaio: A atividade dos voláteis foi feito em olfatômetro do tipo Perttenson com quatro escolhas sendo em uma escolha a amostra teste e nas outras três o diclorometano como branco. Para cada extrato (20ml) no fluxo de 600 mL/min foi observado a atividade de uma fêmea por 30 min. Cada extrato foi testado 10 vezes. Todos os testes foram realizados no período escuro do fotoperíodo. Os resultados foram analisados estatisticamente num programa OLFA (Nazzi e Col., 1996).
Identificação: A identificação dos compostos voláteis extraídos de insetos e/ou planta (caso específico milho) foi feita através de cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa (CG/EM). A identificação também foi auxiliada por comparação com espectros já publicados e com os espectros e tempo de retenção de padrões.
Resultados
Os extratos do milho e do milho infestado com o gorgulho foram coletados a cada quatro e oito dias. O cromatograma da corrente iônica total (CIT) dos extratos do milho infestado com o S. zeamais obtidos a cada 4 e 8 dias, mostra diferença na proporção relativa dos compostos. Por outro lado, o extrato do milho sem o gorgulho não apresentou diferença na composição química no mesmo período estudado. Com base nos dados de espectro de massas e comparação com padrões foi possível identificar os principais compostos presentes nos extratos. Uma diferença significativa foi observado para a atividade do S. zeamais aos extratos e ao milho em grãos. O tempo que o inseto permanece na opção do tratamento comparado com as opções em branco é significativo para o milho em grãos. Em extratos, do milho na presença do S. zeamais, com 8 dias, o tempo de permanência no tratamento é o dobro do tempo médio das opções em branco. A atração do S. zeamais ao milho em grãos mostra que os compostos químicos voláteis do milho são reconhecidos por este inseto e que um ou mais destes compostos são responsáveis por esta atração. A criação do inseto no sorgo apresentou um tempo de incubação de 25 dias contra 35 dias com o milho. Em media 20 insetos na relação macho/fêmea de 1:1 foi observado nos primeiros 4 dias passando para 60 no quinto e sexto dias e aumentando bruscamente para 110 adultos no sétimo dia seguido de um pico máximo de 166 adultos no oitavo dia