AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE MOLUSCICIDA E NEMATICIDA DE Pithecolobium avaremotemo
Rose Paula Cavalcante Mendonça (PG), Aldenir Feitosa dos Santos (PQ), Maria Raquel Ferreira Lima (PQ), Antônio Euzébio Goulart Sant’Ana (PQ).
Departamento de Química – Centro de Ciências exatas e Naturais – Universidade Federal de Alagoas. aegs@qui.ufal.br
Em busca de novas drogas no controle dos moluscos hospedeiros intermediários da esquistossomose mansônica, as plantas são sempre lembradas como fontes alternativas. Apesar do aumento de estudo nessa área, os dados disponíveis revelam que apenas 15 a 17% das plantas foram estudadas quanto ao seu potencial medicinal (Soeyarto,1996). A esquistossomose mansônica é uma doença parasitária causada pelo Schistosoma mansoni que afeta atualmente segundo a Organização Mundial de Saúde (O.M.S.) 200 milhões de pessoas nas áreas tropicais e subtropicais ocupando segundo lugar depois da malária, pela sua importância e repercussão econômica (Passos,1998). No Brasil esta doença ocorre do nordeste ao centro sul do País e afeta cerca de 8 a 12 milhões de pessoas (Katz,1997).
Pesquisas de novos compostos moluscicidas de origem vegetal vem sendo desenvolvidas em diversos laboratórios visando um tratamento profilático desta doença. O controle da população dos moluscos hospedeiros intermediários do helminto Biomphalaria glabrata, tem sido feito com moluscicidas sintéticos que trazem danos ao ecossistema por não terem especificidade de seu alvo, atingindo não só o molusco mas também o plâncton, e animais que dependem dele, criando muitas vezes desequilíbrio na cadeia trófica. Por outro lado as drogas administradas aos pacientes até o presente momento reduzem a morbidade mas não controlam a transmissão da doença, pois não imunizam o paciente, além de provocarem na maioria das vezes reações colaterais desagradáveis.
Dentro de um programa de avaliação de atividade moluscicida, nematicida, larvicida, e toxicidade de plantas destacou-se o Pithecolobium avaremotemo (Leguminoseae) que apresentou uma forte atividade moluscicida frente ao B. glabrata ( DL50 = 44,5) e frente ao nematódeo Caenorhabditis elegans 87,5% na concentração de 125ppm. A família Leguminoseae possui aproximadamente 60 gêneros e 3200 espécies espalhadas em todo mundo nas regiões tropicais e subtropicais (Watson e Dallwitz, 1992) e já foi relatada na literatura pela atividade moluscicida das espécies Acacia nilotica, Culpurnia aurea ( Marston e Hostettann, 1985), Cassia singueana, Delonix regia, Detarium senegalense, Dialium guineense, Tamarindus indica, Dioclea reflexa, Amphimas pterocarpiodes, Eriythrina senegalesnsis, Indigofera kerstingii, I. secundiflora, I. spicata, Stylosanthes viscosa, Tephrosia vogelii, Culpurnia aurea, Dalbergia nitidula, Dichrostachys glomerata, Entada africana Acacia catechu, A. dudgeoni, A. nilotica, Albizzia adianthiofolia, A. amara, A. coriaria, A. lebbeck, A. zygia e Tetrapeura tetraptera (Singh, e col. 1996)
Os testes para atividade moluscicida foram realizados de acordo com as normas de Organização Mundial de Saúde (O.M.S.) (WHO, 1965). Consiste basicamente na imersão do caramujo na solução aquosa do extrato sob investigação nas concentrações de 100 a 1ppm.
O teste nematicida é efetuado pela colocação de solução do extrato em exame em contato com as larvas do nematódeo. A observação das larvas com contagem das espécimens mortas e vivas é efetuada a zero hora, uma hora, e após 24, 48 e 72h após a adição do extrato. O resultado é expresso em relação percentual de larvas mortas em relação às vivas.
A casca do caule do vegetal P. avaremotemo foi seca ao ar reduzida à pó, extraída com etanol 95% em um aparelho de soxhlet. A solução foi concentrada em aparelho rotatório a baixa pressão, fornecendo o extrato bruto etanólico, que em seguida foi suspenso em uma mistura metanol:água 60% e submetido a partição líquido-líquido segundo um gradiente crescente de polaridade resultando após evaporação, a baixa pressão em aparelho rotatório os respectivos extratos: hexânico, clorofórmico, acetanólico e aquoso. Estes foram submetidos a testes biológicos com o caramujo B. glabrata e com o nematódeo C. elegans.
Os extratos ativos foram submetidos separadamente à filtração em sílica gel utilizando solvente em gradiente crescente de polaridade; foram utilizados como solvente hexano, clorofórmio, metanol e misturas detes obtendo-se as frações: HEX, HEX/CHCl3 5%, HEX/CHCl3 50% CHCl3, AcOEt e MeOH para o extrato hexânico; HEX, HEX/CHCl3 50% CHCl3, AcOEt e MeOH para o extrato clorofórmico; e CHCl3, AcOEt, AcOEt/MeOH 5%, AcOEt/MeOH 50%,e MeOH, MeOH/H2O 10% e MeOH/ CH3COOH 5% para o extrato acetanólico. O processo de separação foi guiado pelo bioensaio da atividade moluscicida.
Referências bibliográficas
Katz, N. Vacina Polivalente Anti-helmintos? Biotecnologia, Ciência e Desenvolvimento, 1, (2), 34-35, 1997.
Marston, A. and Hostettann, K. Plant molluscicides, Phytochemistry, 24, 639-652, 1985.
Passos, A. D. C. Controle de esquistossomose:diretrizes técnicas. 2ed. Brasília. Ministério da Saúde: Fundação Nacional de Saúde p28, 1998.
Singh, O. K.; Misrat, T. M. and Agarwal, P.A. Moluscicides of Plant origen. Biol. Agric. Hortic. 13, 205-252, 1996.
Soejarto, D. D. Biodivesity propecting and benefit sharing: pespectives from the fiel. J. Ethnopharmacol, v.51, p.15, 1996.
Watson, L. and Dallwitz, M.J. The Families of Flowering Plants: Descriptions, Illustrations, Identification, and Information Retrieval. Version: 19th August 1999.
WHO, Moluscicide screening and evalution, Bull. World Health Organization, 33: 565-581, 1995.
Apoio: CAPES/FAPEAL