ESTUDO DA ATIVIDADE MOLUSCICIDA DA Annona muricata
Jussara Monteiro de Carvalho (PG), Aldenir Feitosa dos Santos (PQ), Antônio Euzébio Goulart SantAna (PQ)
Departamento de Química. Centro de Ciências Exatas e Naturais - CCEN
Universidade Federal de Alagoas - UFAL
jmc@qui.ufal.br; afs@qui.ufal.br;aegs@qui.ufal.br
palavras chaves: Bioensaio; Moluscicida; Annona. muricata
Endêmica em 11 estados brasileiros, a esquistossomose é ainda um dos graves problemas de saúde pública do país. Dados da Organização Mundial de Saúde (O.M.S) indicam que quase 30% da população estão expostos ao Schistosoma mansoni, verme causador da doença. É a segunda parasitose humana mais disseminada no mundo, atingindo outros 70 países na América do Sul, África e Ásia. (Katz, 1997)
O estudo de produtos naturais de origem vegetal, objetivando encontrar substâncias para o controle dos moluscos gastrópodes de água doce, transmissores da esquistossomose, tem aumentado muito nos últimos anos. Isso se deve principalmente à problemas envolvendo o uso de moluscicidas sintéticos, como biodegradação lenta, toxicidade para outros organismos, alto custo, necessidade de serem importados, além de outros. (Kloos & McCullough, 1991)
A Annona muricata pertence a família Annonaceae, a qual possui cerca de 125 gêneros e mais de 2.050 espécies.(Brummitt,1992) Esta espécie é rica em compostos bioativos apresentando atividade antibacterial (Sundarrao, 1993), anticancerígenos e antiviral (Kim GS, 1998), antiparasitários (de Feo, 1992), antiespasmódico (Vasquez, 1990), citotóxico (Rieser, 1996), hipotensivo e vasodilatador (Feng,1962), etc. Suas folhas são utilizadas na medicina popular por possuírem ação parasiticida, antireumática, antineufrágica, adstringente e emética. (Corrêa, 1984)
As folhas frescas da A. muricata foram trituradas e submetidas a extração com etanol 95% a frio. O extrato foi concentrado em aparelho rotatório a baixa pressão e forneceu o extrato etanólico bruto. Este extrato bruto foi submetido aos testes biológicos frente ao caramujo adulto e a desova da espécie Biomphalaria glabrata, o hospedeiro intermediário do S. mansoni. Este teste para atividade moluscicida foi realizado de acordo com as normas da O.M.S. (1965), que envolve basicamente a imersão do caramujo adulto e sua desova na solução aquosa do extrato sob investigação nas concentrações de 100 a 1 ppm. A análise indicou um resultado com atividade bastante significativa com um DL50 de 11,86 ppm no caramujo adulto e 49,62 ppm na desova. Em seguida, o extrato etanólico foi suspenso na mistura metanol/água 60% e extraído sucessivamente com hexano, clorofórmio e acetato de etila. As frações obtidas desta partição foram submetidas a teste de atividade moluscicida com o caramujo adulto. Só o extrato clorofórmico foi ativo. Este extrato submetido a filtração em sílica gel, usando-se como solventes hexano/clorofórmio (1:1), clorofórmio, clorofórmio/metanol 5% e metanol. Todas estas quatros frações foram também testadas contra o caramujo, e só a fração hexano/clorofórmio (1:1) apresentou resultado negativo. Esta fração foi submetida a sucessivas cromatografias em colunas de sílica e alumina guiada pelo bioensaio com o molusco adulto B. glabrata.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
- Brummit,R. K. Vascular Plant Families and Genera Kew: Royal Botanic Gardens. 1992;
- de Feo, V. Medicinal and magical plants in northern Peruvian Andes. Fitoterapia 63:417-440. 1992;
- Feng, P.C. et al., Pharmacological Screening of Some West Indian Medicinal Plantas. J Pharm Pharmacol 14: 556-561. 1962;
- Katz, N. Vacina Polivalente Anti-helmintos. Biotecnologia, Ciência e Desenvolvimento, 2, 34-35. 1997;
- Kim, G.S. et al. Two new mono-tetrahydrofuran ring acetogenins, annomuricin E and muricapentocin, from the leaves of Annona muricata. J Nat Prod. 61(4):432-436. 1998;
- Kloos, H.& McCulloough, F..Plant molluscicides: a review. WHO schisto: 51-59. 1981;
- Rieser, M.J. et al., Five novel mono-tetrahydrofuran ring acetogenins from the seeds of Annona muricata. J. Nat. Prod. 59(2): 100-108. 1996;
- Sundarrao, K. et.al., Preliminary Screening of Antibacterial and Antitumor Activities of Papua New Guinean Native Medicinal Plants. Int. J Pharmacog 31 1:3-6. 1993;
- Vasquez, M.R. Useful Plants of Amazonian Peru. Second Draft. Filed With USDAS National Agricultural Library. USA. 1990;
-WHO. Molluscicide screening and evaluation,Bull World Health Organization 33:567-581. 1965