O POTENCIAL MOLUSCICIDAS DAS ANONAS
Aldenir Feitosa dos Santos (PQ), Anny Katheryne da Rocha França (IC), Risolene Cavalcanti Dias (IC), Sivonaldo da Silva Pereira (IC) e Antônio Euzébio Goulart Sant'Ana (PQ)
Laboratório de Bioensaios- Departamento de Química - Centro de Ciência Exatas e Naturais - Universidade Federal de Alagoas - aegs@qui.ufal.br
palavra-chave: anona, moluscicida, bioensaios.
A pesquisa de compostos biologicamente ativos complementa a química tradicional orientando a busca por fitoquímicos bioativos. Atualmente uma série de ensaios biológicos tem sido utilizados com este objetivo, sendo válido ressaltar que a introdução de um programa de screening biológicos com extratos brutos forneceram resultados melhores do que screening realizado com compostos puros e, que uma ótima alternativa de descobertas de compostos naturais potencialmente ativos, consiste em pesquisar novas atividades biológicas em espécies vegetais já estudadas (Betancur-Galvis e cols., 1999).
Em continuação a nossa pesquisa com plantas muluscicidas com vista ao controle da esquistossomose, a eficácia e intensa propriedades bioativas dos extratos das diversas partes de seis espécies de anonas despertaram nossa atenção e, estão sendo avaliadas frente a Biomphalaria glabrata - hospedeiro intermediário do verme Schistosoma mansoni. As espécies selecionadas para estudo foram: Annona crassiflora M., A. glabra L., A. muricata L., A. pisonis M., A. salzmani D.C. and A. squamosa Vell.
A esquistossomose é uma doença endêmica e debilitante causada por um trematódeo do gênero Schistosoma. Esta doença é característica de regiões tropicais e é considerada a 2ª maior doença tropical em prevalência afetando mais de 200 milhões de pessoas e outras 600 milhões encontram-se em áreas de riscos de infecção em mais de 70 países tropicais (WHO, 1994). O ciclo evolutivo do S. mansoni, espécie que ocorre no Brasil, desenvolve-se em duas fases: uma no interior do caramujo e outra no organismo do homem. Atualmente as formas mais eficazes de combate a doença consistem no uso simultâneo de esquistossomicidas e moluscicidas.
Dois tipos de ensaios podem ser realizados com a B. glabrata. O ensaio biológico com a desova do caramujo e o realizado conforme as normas da Organização Mundial de Saúde (WHO, 1965) com o espécime adulto. Visando uma ampla avaliação do potencial moluscicida das espécies vegetais investigadas, realizamos os testes em ambas as fases de desenvolvimento do caramujo. A metodologia empregada foi de acordo com procedimentos pré-estabelecidos (Santos and Sant'Ana, 1999).
Através da análise dos resultados (Tabela 1) observamos que todas as espécies vegetais investigadas apresentaram uma forte atividade moluscicida, a maioria com DL90 inferior a 20ppm, que é um dos pré-requisito para um extrato vegetal alcoólico ser considerado um bom moluscicida conforme as normas da Organização Mundial de Saúde. Sendo válido ressaltar que três das seis espécies avaliadas também apresentaram toxicidade frente a desova do caramujo. Este aspecto é de primordial importância uma vez que para um futura aplicação no campo é imprescindível que o moluscicida testado atue em todas as fases de desenvolvimento do planorbídeo. O Screnning fitoqúimico realizado com estas espécies indicou a presença de taninos, compostos flavônicos, alcalóides, antraquinonas, antronas, esteróides, triterpenóides e cumarinas na maioria dos extratos ativos.
Tabela 1 - O potencial moluscicida das anonas
Anonas |
Parte testada |
B. glabrata adulto (ppm) |
B. glabrata desova (ppm) |
||||
|
|
DL10 |
DL50 |
DL90 |
DL10 |
DL50 |
DL90 |
A. crassiflora M. |
Polpa e semente |
0,21 |
1,67 |
13,21 |
I |
I |
I |
|
Caule |
0,40 |
0,97 |
2,34 |
I |
I |
I |
|
Madeira da raiz |
8,26 |
16,87 |
34,47 |
I |
I |
I |
|
Casca da raiz |
0,25 |
0,97 |
3,79 |
I |
I |
I |
A. glabra L. |
Folhas |
61,68 |
348,14 |
# |
I |
I |
I |
|
Semente |
5,01 |
9,23 |
17,02 |
I |
I |
I |
A. Muricata |
Folhas |
0,29 |
1,59 |
8,75 |
9,16 |
20,26 |
44,81 |
L. |
Casca do caule |
0,25 |
0,97 |
3,79 |
I |
I |
I |
|
Raiz |
Inativas |
|||||
|
Caule |
Inativas |
|||||
A. Pisonis M. |
Folhas |
22,59 |
62,68 |
173,90 |
61,63 |
91,62 |
136,21 |
|
Casca do caule |
|
A |
|
I |
I |
I |
|
Caule |
Inativas |
|||||
A. salzmani |
Folhas |
A |
I |
I |
I |
||
D. C. |
Madeira do caule |
Inativas |
|||||
|
Casca do fruto |
Inativas |
|||||
A. Squamosa |
Semente |
0,34 |
7,47 |
164,02 |
I |
I |
I |
Vell. |
Raiz |
1,67 |
3,78 |
8,55 |
16,84 |
28,77 |
49,15 |
|
Casca do caule |
5,75 |
14,00 |
34,40 |
26,40 |
51,73 |
101,35 |
|
Folhas |
5,40 |
44,55 |
368,00 |
I |
I |
I |
A (ativa até 6ppm); I (Inativa); # (não foi possível calcular)
Referências bibliográficas
- LA Betancur-Galvis, J Saez, H Granados, A Salazar and JE Ossa (1999) Mem, Inst, Oswaldo Cruz 94, 531,
- AF dos Santos e AEG Sant'Ana (1999) Phytomedicine, no prelo
- WHO (1965) Bull, World Health Organization 33, 567,
- WHO (1984) TDR/BCV-SCH/SIH/84,3, WHO, Geneva, p,113,
CNPq, WHO